— Muito bem, Adrian. Parece que já estamos no final da nossa sessão
O garoto enrolou os fios de seu cabelo cor de mel.
— Ah, sério? Nem vi o tempo passar
Adrian Vlad. Treze anos. Olhos inquietos, como se não soubessem exatamente em que ponto olhar na sala. O jovem tem participado de sessões há mais ou menos duas semanas. Durante esse tempo, Rayna percebeu que o garoto se mostrou bastante reservado e relutante em abrir-se completamente, provavelmente ainda tentando recolher seus fragmentos destruídos pelos conflitos em seu laço familiar.
A complexidade dos conflitos familiares... Rayna refletia em como eles podem afetar a autoestima de um jovem. Adrian pensa que as brigas de seus pais estão acontecendo por causa dele. Uma forma tão melancólica de se pensar... Achar que não é o suficiente para seus cuidadores. A mulher ficava com peso no coração a cada palavra dita pelo garoto.
Rayna riu — Eu também não, acredite. Mas não se preocupe, estarei aqui na próxima semana para continuar nossa conversa
Ela se inclinou na mesa e deu um sorriso caloroso.
— Antes de ir, Adrian, como você se sente agora?
— Acho... Acho que me sinto um pouco melhor? — respondeu ele, relutante.
— Você parece um pouco incerto, Adrian. Isso é totalmente normal. Mudar não acontece da noite para o dia — Rayna deu um sorriso caloroso — Saiba que estarei aqui para apoiá-lo durante todo o processo
— É, acho que sim
Rayna se levanta e acompanha o garoto até a porta.
— Até a próxima sessão, Adrian. Mais uma vez, estou aqui por você. Lembre-se de sempre confiar em si mesmo, certo? Você é um garoto forte
— Obrigado, senhora
A mulher contorceu o rosto, fingindo estar ofendida — Já conversamos sobre isso. Pode me chamar de Rayna. Posso não ser tão jovem tanto você, mas não sou uma velha rabugenta
Bem, rabugenta talvez. Mas velha não
O garoto deu um sorriso sincero, acenou e passou pela porta. A mulher acenou de volta e a fechou. Retornou a sua mesa, onde segundos depois seu celular apitou. Ao desbloqueá-lo, ela vê uma mensagem na barra de notificação, mas logo seu celular recebe uma ligação.
Ela revirou os olhos e sorriu ao notar o nome "Sam" na tela.
— Finalmente, ein? Quase achei que tinha se esquecido de mim — A voz da mulher surgiu na linha.
— Sam, querida. Você sabe que até as seis horas da noite, das segundas a sextas, eu sempre me esqueço da sua existência
— Rayna, Rayna. Sempre uma mulher certinha
— É pra combinar com a sua personalidade festeira e totalmente insana
Rayna ouviu um baque do outro lado da linha e um "ai" sair da boca de Sam. Ela sentiu o coração pulsar.
— Você tá bem? O que houve?
— Eu tô bem, só bati o pé. Pedra idiota — resmungou Sam — Enfim! Adivinha quem vai comigo badalar hoje?
— Por favor, que você tenha uma outra amiga dentro do seu armário
— Tá falando isso porque não conseguiu sair do seu?
Rayna sentiu o rosto ruborizar.
— Sam!
— Você que começou — rebateu — Agora saia logo dessa sala. Eu tô bem na frente do hospital e espero pelo menos ver a sua cara tapada
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The Lost Soul
Fanfiction"A mulher olhou para frente de boca aberta. O castelo pairava atrás do vilarejo, em meio às neblinas. Poucas pessoas circulavam entre as casas de madeira, alienadas com a visita inesperada. Lá de cima, parecia um vilarejo qualquer, mas ela se sentiu...