CAPÍTULO 13

147 14 22
                                    

— Deixa eu ver se entendi. Você está cansado de Miranda e quer se voltar contra ela? E como eu sou importante nisso?

A irritação cresceu dentro de Rayna, competindo com o ruído enlouquecedor das máquinas. Ela fixou o olhar em Heisenberg de costas para ela, jogando os objetos de uma caixa na mesa e vasculhando entre eles. Ela enlouquecia quando as pessoas ficavam enrolando e não davam a ela respostas exatas. Era isso o que Karl estava fazendo.

Recapitulando: aquele homem carregava um ódio enfurecedor por Miranda e planejava sim batalhar por sua liberdade, ele só precisava explicar como e porque precisava de Rayna porque ela simplesmente não entendia nada do que ele falava.

— Simples. Eu vou treinar você

A mulher quase saltou da cadeira.

— Eu espero que você não esteja falando sério

— Muito pelo contrário, eu tô muito sério

Ela saiu de seu lugar e ficou mais perto de Karl.

— Meu Deus, Heisenberg. Você controla metais a distância, e ainda diz que precisa de mim? É muito mais fácil você resolver seu problema sozinho ao invés de esperar eu ficar mais forte

— Aí é que tá. Eu ainda não posso avançar, mas o dia tá chegando, e vou precisar de alianças

"Alianças", um jeito mais bonitinho de dizer "ajuda". Heisenberg não admitia que precisava de ajuda, obviamente. Ele esperava que as pessoas buscassem seus próprios interesses que a indicassem aceitar fazer parte de sua "aliança".

Rayna se sentiu compelida a responder, mas o homem continuou a falar.

— Garota, eu vi o fogo nos seus olhos naquele dia. Aquele olhar foi o de uma mulher que lutou e sobreviveu — disse Heisenberg, seus olhos brilhando com uma intensidade perturbadora — Aquilo foi você, imagina quando estiver pronta pra acabar com qualquer obstáculo que cruzar o seu caminho?

— Você é maluco. Totalmente maluco — disse Rayna, passando as mãos no cabelo.

— Essa é a minha proposta pra você — prosseguiu ele — Você quer sua liberdade tanto quanto eu, mas não vai conseguir com a Miranda no comando. Temos que tirar ela da posição, acabar com ela, matá-la. Agora... se você ficar mais forte e me ajudar, vai ter um passe livre direto pra longe daqui

— Você está se ouvindo por acaso? Olha pra mim — Rayna apontou para o próprio corpo — Eu não tenho nada, não tenho força. Eu matei aqueles licanos sim, mas Miranda? Eu não duro 1 minuto na batalha

Pior, Rayna achava que não duraria nem trinta segundos. Tudo bem, ela até conseguiu matar os licanos. Miranda? Sem jeito. Heisenberg tinha força e poder, Rayna só teria uma determinação forçada.

— Se não treinar direito, não vai mesmo. E você não vai estar sozinha — disse — Pra você ver que eu tô falando sério, vou te mostrar uma coisa

Rayna colocou as mãos na barriga e se curvou.

— Espero que seja uma sacola. Essa conversa está me deixando enjoada

— Não vomita no meu tapete

— O que? Esse tapete imundo? Meu vômito merece coisa melhor

Heisenberg olhou para a mulher como se ela fosse um animal de circo, depois revirou os olhos e andou até a segunda porta da sala.

— Me siga, e sem piadas

Rayna resmungou e ficou reta de novo. Voltar correndo pra saída seria o ideal, mas alguma coisa dentro de sua cabeça mandou ela não fazer isso. Até que a proposta do Karl era boa, realmente, mas ele insistindo tanto para ela ajudá-lo era no mínimo suspeito.

The Lost SoulOnde histórias criam vida. Descubra agora