CAPÍTULO 04

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— Eu não acredito, você realmente tá aqui! — exclamou — Mexa essas pernas, minha madame quer te ver

Rayna se levantou, colocando a mochila atrás das costas. A garota aparentava ter uns 15 anos. Era baixa, tinha cabelos escuros e curtos, embora desordenados nas pontas. Suas roupas eram de empregada. A mulher supôs que, por causa da largura do tecido, se arrastava no chão com facilidade, e por isso tinha algumas manchas nas bordas do vestido.

A garota abriu a cela. Ao sair da prisão, apontou para onde a forasteira deveria ir e começou a andar. Mesmo vendo-a com a mochila, ela não verificou se a prisioneira portava qualquer tipo de arma, muito menos prendeu os seus braços.

Ela parece… normal

— Rayna, é? Eu sou Dália

Não obtendo resposta, ela fez beicinho.

— Oh, não seja tímida. Faz tempo que não tenho uma boa companhia — insistiu.

— Só estou surpresa por encontrar alguém normal nesse lugar — explicou Rayna.

Dália levantou as sobrancelhas.

— O que seria “normal” pra você?

— Não sei, alguém da minha altura

A garota gargalhou.

— Se assustou com ela, foi? Minha madame impressiona todo mundo

Ali estava uma afirmação que Rayna tinha que concordar. Já havia lido sobre aquilo na faculdade. Quando as pessoas têm o GH — o hormônio do crescimento — em excesso no organismo, adquirem um quadro de crescimento exagerado. Ainda assim, nada poderia explicar a altura anormal daquela mulher.

— Fiquei surpresa quando me informaram de você, geralmente os nossos hóspedes nem passam da porta de entrada — continuou Dália.

Meu Deus

— Tô brincando — assegurou, saltando em uma poça d'água. Algumas gotas respingaram nas botas de Rayna.

— Você não está aqui a passeio, com certeza. Por que veio para esse inferno?

— Por que acha que eu deveria te contar?

— Blé, não vou dedurar você pra gigante, eu também tenho os meus segredos

A situação era bastante estranha. Rayna não imaginava que conversaria normalmente com um de seus raptores. Olhando por outro lado, a garota mal carregava aquele título, já que liderava o caminho como uma criança de onze anos.

— Certo, vamos supor que eu acredite em você — disse — Pode me dizer aonde está me levando? Devo me preparar para uma morte rápida ou agonizante?

Dália riu.

— Nossa! Você é bem direta — disse — Mas vamos por partes, afinal, você não irá a lugar algum até decidirem o que vão fazer com o seu rostinho bonito

— O que você quer dizer?

Dália deu tapas nos ombros da mulher — Espere e verá, Ray Ray

— Não me chame assim

— Uh? Só Ray está bom?

— Que tal “encoste em mim de novo e eu te faço beber dessa poça de lama?”

— Péssima piada, péssima — disse Dália — Mas vou relevar porque te achei bonitinha

Durante o trajeto, a garota ia até os cantos da masmorra e dava batidas na parede. Rayna estranhou, mas não perguntou. Atravessando as portas, as duas se depararam com dois corredores opostos. Onde a forasteira olhava, encontrava ouro em abundância. Ela não pôde deixar de imaginar a fortuna que custava aquele castelo.

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