Rayna se afastou da janela como se a última estivesse pegando fogo. Quando escutou a porta de baixo se abrir, seu cérebro a mandou fazer uma única coisa: correr.
A casa de Luiza não tinha dois andares, mas três, e a escada de encosto, no mesmo corredor em que a forasteira estava escondida, levava ao último piso. Ela subiu com rapidez, sentindo as suas mãos quase escorregarem na madeira devido ao suor.
Chegando no último andar, fechou a pequena porta que a isolava da perseguição lá embaixo. Ela tirou esse tempo para fazer exercícios de respiração. Se exagerasse, iria desmaiar, e então seria encontrada. Olhou em volta do sótão. Era grande. Caberia facilmente o seu apartamento inteiro. Nos cantos havia uma prateleira com sacos de pano amarrados. A mulher correu até lá, tentando ignorar os passos pesados que ressoavam no andar de baixo.
Enlatados. Remédios. Ferramentas de jardinagem. Rayna não entendia o porquê daquelas coisas estarem escondidas em um local quase inacessível, mas jogou um pedaço de corda na mochila e o seu canivete dentro das botas, ocupando as suas mãos com uma tesoura para poda. Ela deu uma olhada em volta do sótão. Uma abertura parecia fazer o papel de uma janela. Mesmo que fosse rápida, descer daquele andar pela corda levaria tempo demais.Relutante, abriu a portinha novamente e inclinou a cabeça. Não havia nenhum movimento lá embaixo, o que significava que os seus perseguidores ainda se encontravam no primeiro andar.
Eu não posso continuar nessa casa. Preciso correr para algum lugar menos previsível
Rayna desceu as escadas com cuidado. Andou até o cômodo mais próximo em passos curtos. As vozes lá fora cessaram, deixando a forasteira na companhia de sua própria voz pesada, do seu próprio medo. Ela girou a maçaneta da porta e a fechou devagar. trancada A janela entre a cama de solteiro e a cabeceira em segundos se tornou o seu ponto de fuga. Ela teve uma ideia.
Suas mãos ágeis prenderam a corda na cabeceira da cama, e então jogou a outra ponta pela janela. Se estivesse certa, a cama conseguiria se manter firme na parede, mesmo com o peso de seu corpo. Enquanto descia, encarava os arredores para verificar se não havia companhia.
As pernas da mulher foram postas para trabalhar assim que alcançou o chão. O ar ficou mais frio, e cada respiração parecia uma luta. Agora, ela só se importava em correr para fora do vilarejo e não olhar para trás.
Quando passou por uma barraca, escutou algo bater contra uma árvore, obrigando-a a correr para dentro da igreja.
— Merda, merda — repetia Rayna. Usou a bombinha de asma e tirou da mochila a tesoura de poda. O chão rangeu com o peso de passos fortes. Pareciam botas de cano baixo.
Abruptamente, a forasteira sentiu o seu corpo ser levado contra a parede, e inúmeras ferramentas prenderam o seu corpo com uma força inestimável. Ela segurou um grito.
— Olha só quem eu encontrei, a fugitiva estrangeira
O homem deixou o martelo no chão, e se aproximou.
— Eu não imaginei que você fosse tão longe. Devo te parabenizar por isso
— Fique longe de mim!
Rayna afastou o rosto das mãos do homem. Uma arrancou a tesoura das mãos da mulher, a outra a mochila, na qual teve todo o seu conteúdo jogado no chão. A forasteira olhou o mapa se misturar com as roupas, e então para o homem.
— Qual é o seu problema?! Não passa pela sua cabeça que pode danificar alguma coisa importante?!
— Como esse spray de pimenta? Muito astuto, para uma garotinha de quinze anos
— Eu não dou a mínima para o que você pensa!
O homem levou a mão aos lábios.
— Shhh, seja boazinha
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The Lost Soul
Fanfiction"A mulher olhou para frente de boca aberta. O castelo pairava atrás do vilarejo, em meio às neblinas. Poucas pessoas circulavam entre as casas de madeira, alienadas com a visita inesperada. Lá de cima, parecia um vilarejo qualquer, mas ela se sentiu...