14. Amira

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Amira conseguiu chegar na sala de jantar sem se perder, o que era uma enorme vitória. Tendo conseguido sair daquele lugar por uma noite, o que era melhor ainda. A fila estava grande, e sem Cassiopeia ao seu lado para passar na frente de todos, ela teria que esperar como todo mundo.

Ela estava ganhando a confiança da garota, o que era bom. Ela conhecia o lugar e suas histórias, e com a amizade dela era apenas uma questão de tempo até ela aprender tudo sobre tudo e todos naquele lugar. E era sempre bom ter alguém para conversar também.

Independentemente do motivo, as duas estavam ficando próximas, e Cassiopeia iria ter que lidar com isso, querendo ou não.

Ela se sentou em uma mesa com outros três alunos de sua sala, que pararam de conversar para cumprimentá-la.

— Amira, não é? Como está indo? Conseguindo se adaptar bem? - uma das garotas perguntou.

— Eu até consegui chegar até aqui dessa vez! Vocês se incomodam se eu sentar com vocês?

— De jeito nenhum! - a outra garota, que era extremamente magra falou, apontando para a cadeira vazia ao lado dela. Com a outra mão, ela estava segurando um círculo de madeira, com um tecido branco dentro, no qual ela estava desenhando pequenas flores com uma linha e um pedaço fino de metal- Você gostou? - ela perguntou, quando percebeu que Amira estava encarando- É bordado, faço desde pequena. Me ajuda a controlar minha força.

— Força?

— É minha especialidade.

— Desculpa, eu não lembro dos nomes de vocês...

— Eu sou Valasca, mas pode me chamar de Val, enquanto puder- disse a menina do bordado- aquela é Agnes e o garoto deprê é o Aviro.

O garoto parecia que ia contestar, mas parou quando Agnes estendeu a mão.

— É um prazer poder falar com você direito.

Amira a apertou, mas quando soltou a menina parecia olhar para ela de uma maneira diferente, embora ela não soubesse dizer o porquê.

— O que você pode fazer? - Val perguntou.

— Eu... consigo curar as pessoas.

A garota a olhou com esperança.

— De qualquer coisa?

— Não exatamente. Tem limites.

A garota colocou com cuidado seu bordado em cima da mesa e mostrou suas mãos.

Elas estavam repletas de cicatrizes pequenas, que continuavam até um pouco abaixo de seus pulsos.

— Isso é o que acontece quando se dá copos de vidro para uma criança que não conseguia controlar sua especialidade direito- ela disse com uma risada fraca- Você consegue fazer elas sumirem? Eu não quero parecer uma inútil que não sabe se controlar quando os nobres chegarem.

— Se eu estivesse aqui antes dos machucados se curarem sim, mas eles já estão fechados agora. Não há nada que eu possa fazer.

— Uma pena...

— Eu não me sentiria muito mal sobre as cicatrizes- disse Amira- elas contam uma história sobre você.

Val riu.

— A história é péssima.

— Claro que não! Todas elas estão perfeitamente fechadas. Mostram que você mudou.

A garota sorriu.

— Isso na verdade foi bem legal. Obrigada.

   Amira tinha segurado a pergunta até então, mas sua curiosidade foi mais forte.

Sangue e SeivaOnde histórias criam vida. Descubra agora