○ CAPÍTULO 4 ○

105 13 4
                                    

Los Angeles, 2013

O homem tinha suas mãos amarradas para trás da cadeira. Foi tão fácil de pegá-lo . Tinha sempre os mesmos horários e costumes. Pegá-lo na volta da lavanderia foi o de menos.
Agora sentado naquele galpão gelado e com cheiro de lixo, ele se perguntava se seu trabalho na Shield valia a pena. Sua família sentiria sua falta, eles precisavam dele.

- Não vou dar nenhuma informação. Terão que me matar!- ele cuspiu as palavras olhando os dois guardas mascarados.

- Não é isso que queremos.

O barulho dos saltos de Wanda logo chamaram a atenção do homem. Ela parou perto de um dos guardas. Usava uma calça e jaqueta de couro preta e os cabelos soltos, caídos em cima dos ombros. Nos lábios um leve tom avermelhados e os olhos com o contorno preto de sempre. Essa era sua roupa padrão para as missões.

- A menina dos olhos do Barão, seu braço direito. Ouvi falar sobre você! Não terá nada de mim sua vadia!

- Não vamos matá-lo. Temos uma oportunidade de emprego por assim dizer e eu não aceito um não como resposta. - ela sorriu sinicamente e sentou no colo do homem, de frente para ele. Levando suas mãos até o rosto dele. - Nem mesmo preciso que abra a boca pra eu ter o que preciso.- Ela ergueu seu rosto. Fazendo ele a olhar nos olhos. -Você tem uma linda família e quero te devolver pra ela. Então, que tal aceitar o acordo? Não queremos as armas que você fabrica, queremos que as faça com falhas. Sei de um carregamento que a Shield vai receber em breve, preciso que as armas que eles usem estejam com defeito. Agora, com a sua licença. Vou deixar isso na sua mente.

O homem estava coberto por medo quando viu os olhos dela ficarem vermelhos. Ela se concentrou e invadiu a mente dele, vasculhando cada detalhe da sua vida até aquele momento. Ele fechou os olhos por alguns segundos e quando abriu, a encontrou se levantando do seu colo.

-Está feito! Ele não vai lembrar de nada disso. Só sabe que tem que fazer armas defeituosas. - Wanda olhou pra um guarda. - Devolvam ele pra onde o tiraram. Agora!

Ela caminhou se afastando do local onde eles estavam e pegou o telefone, discando logo o número.

- Missão cumprida. A primeira etapa foi feita.

- Não esperava menos da minha menina. - Barão parecia feliz. - Essa carga que vai chegar é importante para nós. Nosso plano.

- Seu plano. Só limpo o lugar pra você.

- Como está o clima em Los Angeles? Quente?

- Está frio. - ela foi curta. - Vamos nos preparar e voltaremos logo.

- Preciso que faça uma parada antes de voltar.

- O que quer?

- O soldado está em uma missão em Paris. Está sem se comunicar há dois dias. Preciso que verifique.

- Não sou sua babá.

- Não, mas é obediente e segue minhas ordens.

- Vou avisar a equipe.

- Você vai sozinha. Mas não se alegre, um passo para fora da linha...

- Eu sei.

Ela disse e desligou o telefone.

{...}

Suas lembranças com aquele soldado não eram boas. Cada roxo, fratura e hematoma que ele deixou em seu corpo durante os treinamentos a lembravam do monstro que ele era.
Sempre parecia que ele não se lembrava dela. Seu olhar continuava frio e suas ações como a de um boneco de ventrículo, comandado pelo Barão.
Mas não seria isso o que ela também se tornou? Apenas uma boneca nas mãos da Hidra. Nesse um ano foram tantas missões, tantos medos implantados na mente das pessoas e tantos deixado em estado de insanidade. O que havia feito hoje com aquele homem chegou ser piedade, já que precisavam dele.

Observou a maçaneta girar e logo ele entrou no quarto de hotel, onde tudo estava apagado. Menos a luz do abajur ao lado da poltrona.
Ele vestia roupas normais. Calça preta, blusa branca com um casaco por cima e um boné. Assim que virou e a viu, sacou a arma da cintura e mirou em sua direção. Aquilo a fez revirar os olhos. Com um simples gesto da sua mão, a arma grudou no teto. O fazendo ficar com cara de bobo.

- Relatório da missão, soldado.

- Já foi concluído. - ele disse de forma cortante e ascendeu as luzes.

Ela respirou fundo e se levantou caminhando até ele. Ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

- E por quê não voltou? O que está escondendo? - ela fez menção de encostar a mão em sua testa, mas ele a segurou. A olhando com raiva. - Posso fazer isso do modo fácil ou difícil, você que escolhe.

Ele relutou a encarando e soltou sua mão, dando alguns passos pra trás. Se aproximou do criado mudo e pegou um papel na gaveta, a entregando.

Capitão América lutou bravamente ao lado de seu amigo James Buchanan Barnes. Morto em combate.
Venha conhecer a história por trás das listras e estrelas.

Quando terminou de ler, levantou seu olhar pra ele.

- O que isso significa?

- Fui até o museu. É o meu retrato que está lá. - ele parecia confuso. Retirou o papel da mão dela e o guardou no bolso do casaco. - Tenho que verificar essa informação. Ver se é real. Não me lembro nada do meu passado.

- Não se lembra porquê não é importante. - ela disse de modo frio. Só precisava tirá-lo dali. Era sua missão. - Você vem comigo, agora!

- Maximoff, isso não é da sua conta. Pode me deixar ir!

- Te deixar ir? Como eu uma vez pedi e você não deixou? - Bucky parecia não se lembrar do que ela falava. Mas também, com o cérebro sendo torrado durante o ano todo, seria estranho se ele lembra-se de algo.
Pela primeira vez sentiu empatia por ele. Mesmo sendo errado sentir aquilo. Ela movimentou seus dedos e fez uma névoa escarlate o paralisar.

- O que estou fazendo por você é mais do que você merece. - ela aproximou seus lábios do ouvido dele e sussurrou.- É até um ato de misericórdia. - ela afastou seu rosto para olhá-lo e tocou seu rosto. Fechou os olhos e começou a invadir sua mente.

Não havia muita coisa ali. Gritos de suas vítimas, pedidos de socorro. Até encontrar sua ida ao museu. Ele realmente era amigo de um vingador. Sua história descrita em paredes de vidro e uma foto sua ao lado do Capitão.
Sua volta para o hotel e até aquele momento. Tudo foi manipulado.
Quando abriu novamente os olhos, o encontrou com uma afeição séria.

- Relatório da missão, soldado.

- Alvo neutralizado há dois dias.

- Sem testemunhas?

- Eliminei todas.

Wanda deu um pequeno sorriso e desfez a névoa que o envolvia.

- Vamos voltar pra base.

ghostsOnde histórias criam vida. Descubra agora