○ CAPÍTULO 7○

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Um ano trabalhando pra Hidra. 145 missões, todas concluídas. 120 pessoas que ela deixou em estado de loucura. Presos em lembranças dolorosas ou vendo seus piores medos.
Empatia era algo que não poderia ter naquele lugar. Fosse mulher, homem ou adolescente. Nunca, nunca demonstrar misericórdia. Até o dia em que ela demostrou.

Suíça. 28 de março de 2013

Mais uma vez trabalhava ao lado de Bucky.
Paul Cálize havia descumprido uma ordem da Hidra, o que resultou em sua execução.
Seu cadáver agora estava jogado nas escadas, ensanguentado e com marcas de tiros no rosto. A esposa foi eliminada assim que abriu a porta.
A casa de dois andares branca, agora tinha marcas de sangue por todo lado. Wanda entrou no escritório, encontrou o notebook e colocou a senha que havia retirado de Paul. Ela acessava os documentos e os copiava para um pen-drive, quando escutou o barulho de uma arma sendo gatilhada. Desviou seu olhar para frente, onde encontrou um menino de aproximadamente 12 anos segurando a arma. Ele tinha lágrimas no rosto e sua mão tremia, enquanto apontava a arma pra ela.
Cuidadosamente retirou o pen-drive e o guardou no bolso da jaqueta. Levantou as mãos e saiu de trás da mesa. Não queria machucar o menino, era apenas uma criança.

- Eu não vim te machucar. - sua voz era gentil. - Por que não me passa a arma e se esconde?

Ela deu mais alguns passos na direção do menino que parecia paralisado com tudo aquilo.
A porta se abriu e Bucky vinha pronto pra atirar no menino.

- Nao!

O menino se virou e no susto disparou a arma contra Bucky. O soldado disparou contra ele mas foi impedido pelo bloqueio que Wanda criou. Ele deu passos pesados na direção deles e já ia tentar atirar de novo, quando ela entrou na frente do menino.

- Ele é só uma criança! - ela implorou. Sabia que seu lado soldado estava ativo e nada o faria parar. - Eu cuido dele!

- Saia da minha frente ou eu tiro você!- seu tom foi frio.

Era uma criança. Não poderia permitir isso.

- Eu cuido disso, me deixa cuidar disso! - ela desfez o bloqueio e tocou no seu braço com a arma. - Me espere lá fora.

Ele observou os olhos verdes dela ficarem num tom vermelho. Sua mente parecia ouvir o que ela dizia. Concordou com a cabeça e saiu da sala.

Mais uma vez havia mexido com a mente dele.

Se virou para o menino que tentou dar alguns passos pra trás mas caiu. Ela se ajoelhou em frente à ele e lhe estendeu a mão.

- Eu vou te ajudar, prometo. - ela segurou a mão dele e deixou sua magia o envolver. - Você vai correr até a casa do vizinho mais próximo. Vai contar que alguém invadiu a casa, você não viu quem foi, nem quantos eram. Depois que contar isso pra eles, nunca mais vai se lembrar desse dia. - ela soltou a mão dele e lhe deu um pequeno sorriso. - Agora corre!

Ainda com o olhar assustado ele saiu correndo e saiu pela porta lateral do escritório.

Não podia deixar um menino inocente morrer, não era certo. Sabia a dor de perder os pai, todo o luto que ele teria que enfrentar, por isso o ajudou a esquecer. Quem dera se ela tivesse o dom de esquecer as coisas também.

Quando se encaminhou para fora do escritório, só sentiu ser erguida pelo pescoço e encostada na parede. Sentia o ar sair de seus pulmões, enquanto Bucky a encarava com ódio.

- Sem testemunhas!- ele disse firme. Apertando mais seus dedos em volta do pescoço dela.

- Ele era só uma criança!- ela disse com dificuldade, tentando tirar a mão dele de seu pescoço.

Ele a soltou. Fazendo a cair no chão, enquanto tossia para tentar recuperar o ar. Wanda se levantou e olhou para o ombro dele.

- Você... está sangrando! Ele te atingiu.

Bucky olhou para seu uniforme onde viu um buraco que saia sangue. Deu de ombros, colocou a arma na cintura e foi descendo as escadas.

Não que salvar aquele menino ia tirar a culpa de todas as outras vidas que ela não salvou. Mas poderia pelo menos sentir que algo ela fez.
Já passava das duas da manhã quando entraram no jatinho. Resolveram mais algumas coisas e agora iam de volta para Sokovia.

Bucky retirou seu uniforme da parte de cima. Pegou uma garrafa de gim e jogou o líquido na ferida. Havia uma caixa de primeiros socorros ali, ele mesmo ia se virar. Wanda o observou pegar uma pinça e tentar enfiar no buraco da bala, mas pela sua expressão de dor, não estava conseguindo.
Ela retirou suas pernas da outra poltrona e se levantou caminhando até ele, que a olhou por um segundo e voltou sua atenção para o ombro.

- Você está fazendo errado. Deixa que eu cuido.- ela puxou a pinça da mão dele, que não reclamou. Apenas apoiou a cabeça na poltrona, a observando apoiar uma mão sob seu peito e a outra segurar a pinça.

- Como cuidou do menino?

Ela ignorou a pergunta e conseguiu puxar a bala, a colocando dentro da garrafa que tinha gim.

Se afastou e pegou uma agulha e linha, deu um nó e se inclinou sobre ele. Bateu seu joelho no dele, para que afastasse as pernas, e assim ele fez. Era o melhor jeito para fazer aquilo naquela poltrona. Ela ficou entre as pernas dele, e enfiou lentamente a agulha na sua pele. Como que em um movimento involuntário ele segurou sua mão e a impediu de fazer aquilo novamente.

- Tenho que costurar tudo. Não queremos que você sangre até morrer.- ela o olhou atentamente. Ele naquela posição nem parecia o grande soldado que era.

- Isso não vai me matar.- disse soltando a sua mão.

- Eu sei que não. - ela deu de ombros e continuou a costurar a ferida.

Quando deu o último nó na linha, pegou uma gases e colocou em cima da ferida, a colando com um esparadrapo.

- Prontinho. Novo em folha.

Ela ia se afastar, mas ele a segurou pelo braço.

- Por que me chamou de James no outro dia? - ele não apertava seu braço, apenas a impedia de sair. - Sempre me olha como se soubesse quem eu sou, Maximoff.

- E você sabe quem eu sou? Só me chama de Maximoff, nunca pelo primeiro nome.

- Não sei o seu nome. - ele pontuou.

Wanda sabia o quanto aquilo era arriscado. Mais uma vez sentia empatia. Ela soltou seu braço dele e levemente levou seus dedos até a testa dele, entrando mais uma vez em sua mente.

1940. Ele estava em uma festa. Música tocava ao fundo e casais rodavam pela pista de dança. Suas roupas do exército o deixavam com um ar tão mistérioso. Uma mulher loira se aproximou o puxando pelo braço.

- Vem, James. Vamos dançar.

Quando Wanda afastou sua mão dele. Seus olhos estavam confusos. Ele deu um leve sorriso. Coisa que ele nunca havia feito antes.

- Meu nome é James.

- Se alguém souber disso não será bom. Se a Hidra apagou isso deve haver um motivo. - ela sussurrou pra ele. - E meu nome é Wanda.

- Obrigado,Wanda.

Ela saiu do meio das pernas dele e voltou para o seu lugar.
Queria trazer todas as lembrança dele, mas mexer tanto com a mente dele poderia não ser bom.

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