ghosts

○ CAPÍTULO 44 ○

Algumas horas depois, quando despertou, Wanda se viu levitando no meio de uma sala, enquanto Agatha recitava algumas palavras de um livro que ela lia.
Wanda tentou mover seus dedos para usar sua magia, mas não conseguiu. Estava presa no ar com uma névoa roxa em sua volta.

- Não se canse tentando se soltar ou usar seus poderes. Quando uma bruxa usa runas, somente quem traçou consegue usar seus poderes. - um sorriso vitorioso surgiu em seus lábios, ela ergueu a mão e puxava a magia de Wanda para si, enquanto a morena gritava tentando se soltar. - Vai ser rápido, eu prometo.

Wanda sentia a fraqueza tomar conta do seu corpo, enquanto sua magia era sugada por aquela bruxa. Se sentiu uma idiota em ter ido até lá. Acreditava tanto em conseguir ajudar James e tê-lo de volta que nem pensou em si mesma. Olhou para suas mãos, onde a pele começava a tomar um tom acinzentado. De repente, quando pensou ser seu fim, sentiu ser atingida com toda sua magia de volta, o que a fez cair no chão.

- Mas como você fez isso?- Agatha correu até ela e se abaixou a olhando com atenção. - Não, isso não veio de você. - Desceu os olhos até o ventre dela e inclinou sua mão na direção. - Você carrega magia pura dentro de você. Um bebê que foi capaz de te proteger mesmo sendo do tamanho de uma semente de chia.

Wanda se levantou e ergueu as mãos na direção dela, formando esferas escarlates.

- Se der mais um passo eu mato você!

- Querida, você não está me ouvindo? Não posso tocá-la, ele está te protegendo! Provavelmente será mais forte do que você e eu juntas. - Agatha da um passo em sua direção e Wanda lhe ataca, mas a bruxa consegue se desviar. - Não vou lhe fazer mal.

- Você é louca! Não tem bebê nenhum! - sua frase saiu com um pouco de incerteza. Não era impossível, mas ela teria percebido se estivesse mesmo grávida. Ela caminhou até o sofá e pegou sua mochila, a jogando nos ombros. - Eu vou sair daqui e me lembrar que você nunca poderá dar um passo para fora! - se virou e caminhou até a saída.

- Wanda, me escute. Você nem mesmo sabe lidar com os seus poderes, como vai ensinar ele a usar os dele? - aquilo fez Wanda parar no lugar. - Me deixe te ensinar, cuidar de você, pobre menina.

- Você acabou de tentar me matar. Acha que sou louca em confiar em você? Por que eu faria isso?

- Porquê não quer que ele sinta a culpa que você sente. - ela se aproximou e ficou de frente para ela. - Sei sobre como seus poderes matou pessoas inocentes no começo. Consigo sentir toda a culpa que você carrega. E eu não menti sobre você ser capaz de tirar James da posição em que está. Posso mesmo fazer isso.

- Como sabe que estou mesmo grávida? Nem eu mesma sabia.

- Eu sinto a magia dele, é diferente da sua, um pouco mais forte. Aceite minha ajuda, Wanda. Eu sou a única que posso lhe ensinar sobre quem você realmente é. Eu não queria ficar aqui para sempre, o que eu queria era sair daqui. Nunca foi pessoal. Podemos fazer um acordo...

- Você quer o que?

- Me deixe te ensinar, ser sua mentora. E em troca, você quebra a maldição e me tira daqui. Eu prometo, não vou lhe fazer dano algum. Nunca mais. Podemos selar um pacto de sangue.

- Não!- Wanda faz uma careta. - Por algum motivo, eu acredito em você. Mas me escute, de agora em diante, nada de chás, ou qualquer coisa feita por você. Só vai me ensinar magia e eu vou embora. Estamos entendidas?

- Como você quiser. - a mulher sorriu e com um simples movimento, trocou seu vestido por uma blusa roxa e calças escuras. - Pra tirar toda essa vibe de" Vou te matar". Temos muito a aprender aqui... por onde quer começar? Posso te ensinar a usar seus poderes para voar, quer dizer, levitar. Ah! É a mesma coisa! Ou podemos começar por usar seus poderes de mudar a realidade. Você pode começar transformando o sofá em pó, ou fogo... podemos ler alguns livros que tenho comigo também. Feitiços de localização, perda de memória, azar eterno. São tantos! Entrar em sonhos? É o mais fácil de ensinar e aprender. Transformar-se em um animal. Nunca tentei mas deve ser bem interessante...

- Aí meu Deus!- Wanda balançou a cabeça. - Pode dar uma pausa? E por quê você fala tanto e tão rápido? Se for me ensinar assim não vou entender nada. - ela suspirou e pegou o celular do bolso da jaqueta. - Eu tenho que fazer uma ligação.

- Quer privacidade, né? Tem um quarto no andar de cima, vai ter que dividir ele com o gato, o meu fica aqui em baixo. Só uma pergunta, querida... pra quem vai ligar?

- Isso não importa pra você. - ela deu as costas e foi em direção às escadas.

- Que grossa! Só estava curiosa.

{...}

- E como ele está?

- Está melhorando cada dia mais. Os avanços que estamos fazendo são ótimos. - Shuri disse confiante. - E você? Achou as respostas que procurava?

- Encontrei mais dúvidas isso sim. Eu volto em breve. Mas vou te ligar pra saber do James.

- Tudo bem. Até logo, Wanda.

A ideia de estar grávida a fazia querer contar pra alguém. Mas quem?

Shuri e ela não eram exatamente amigas. Viram alguns filmes juntas e trocaram conversas, mas nada nunca pessoal. Pensou no melhor amigo de James, com quem tinha tido um pouco mais de contato. Mas o que diria?

" Oi Steve, tô grávida. Enquanto seu amigo está em coma. A segunda parte você já sabia mas a primeira é novidade. "

Não. Com certeza não.

Nunca havia se sentido tão sozinha como agora. Em sua vida nunca criou laços de verdade. O mais perto que tinha de uma amiga seria Natasha, mas também como iria dizer? E explicar que estava ficando com uma bruxa que tentou matá-la mas no fim decidiu ajudá-la?

Duas chamadas depois, Nath atendeu.

- Olha só quem lembrou de mim! Eu te mandei e-mails, por quê não respondeu?

- Eu não tenho email.

- Bom, então não sei pra quem mandei mensagem. Minha lista de contatos é grande e estranha. Igual o Banner. Wanda, eu adoraria conversar com você agora mas estou pilotando o quinjet e atirando numa outra nave. Podemos nos falar depois?

- É claro. Depois eu te ligo.

Wanda bufou em frustração e se sentou na cama. O quarto era pequeno e o gato estava deitado no batente da janela dormindo, parecia que realmente ia ter que dividir o quarto com ele. Observou uma prateleira de livros no canto, alguns com símbolos em dourados, símbolos que ela nunca havia visto antes.

- Licença. Olha se não vai comer nada do que eu fizer, terá que pedir comida. - Agatha entrou no quarto e se aproximou lhe entregando um caderno. - Embora seja uma Cidade meio morta, a culinária é ótima. Veja o que seu bebê tem vontade de comer.

- Obrigada!- ela pegou o caderno e o colocou em cima da cama.

- Eu sei como está se sentindo. Não a gravidez, mas não ter ninguém pra contar sobre isso. Todo esse tempo só pude falar algumas palavras com os turistas que vinham até a loja ou os poucos vizinhos que compram ervas para o chá. Mas se precisar conversar com alguém, eu estou aqui e o senhor Fofy também, ele é ótimo em escutar. - a mulher deu um pequeno sorriso e voltou para a porta. - Mais uma coisa, eu nem sempre fui ruim. Eu só fui deixada de lado, assim como você também está sendo. Os livros são sobre feitiços, pode começar a ler, aprenderemos na prática amanhã. Boa noite, querida.

Ela saiu fechando a porta, o que fez o gato acordar, se esticar e pular na cama. Se aproximou de Wanda e sem esperar, pulou e se deitou no colo dela, enquanto ronronava.

- É, acho que vou ser sua colega de quarto por um tempo.