○ CAPÍTULO 43○

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- Bom pessoal, no dia 19 de agosto de 1692, em uma pequena cidade do Massachusetts, nos Estados Unidos, acontecia o famoso julgamento das Bruxas de Salém, onde cerca de 200 pessoas foram presas ou acusadas de bruxaria e 20 foram condenadas à morte, sendo que cinco delas foram executadas naquele dia. Sim, uma verdadeira crueldade com mulheres inocentes. - A mulher de óculos e cabelos presos, falava enquanto o grupo em que Wanda estava, seguiam ela. - Em 1992, por ocasião do 300º aniversário dos julgamentos em memória das vítimas, foi inaugurado um parque em Salém e um memorial em Danvers. Em novembro de 2001, uma lei aprovada pela legislatura de Massachusetts exonerou cinco pessoas, enquanto outra, aprovada em 1957, tinha anteriormente exonerado seis outras vítimas. Em 2004, ainda falava-se em exonerar todas as vítimas, embora alguns pensem que isso aconteceu no século XIX, quando foi pedido à legislatura colonial de Massachusetts que revertesse os objectivos de "George Burroughs e outros". Em janeiro de 2016, a Universidade da Virgínia anunciou que sua equipe do Gallows Hill Project havia determinado o local de execução em Salem, onde as 19 "bruxas" haviam sido enforcadas. A cidade dedicou o Proctor's Ledge Memorial às vítimas em 2017. E vocês, estão pisando exatamente onde há décadas passadas elas foram enforcadas. Alguns moradores dizem que o local recebe visitas em todo dia das Bruxas. Suas almas vagam por esse parque querendo justiça por suas mortes! - a mulher sorriu e parou bem em frente a um chafariz. - O ônibus sai às 18:00. Aproveitem o passeio e não esqueçam de visitar as lojas e levar uma lembrança desse adorável lugar.

Wanda esperou a multidão se dispersar e se aproximou da guia.

- Com licença. Talvez você possa me ajudar.

- Diga querida, o que foi?

- Preciso encontrar alguém. Uma bruxa, de verdade. - ela sussurrou para a mulher que a olhou por alguns segundos e caiu na risada. - O nome dela é Agatha.

- Oh, sim. A maluca com a loja de ervas. - a mulher começou a esticar a mão, lhe mostrando o caminho. - Você segue até o final dessa rua, vira em direção à igreja. Vai passar por uma loja de fantasias e ao lado é a loja dela. Não tem erro.

- Entendi. Obrigada, pela ajuda.

Wanda seguiu o caminho como foi orientada. Hoje em dia a Cidade era repleta de lojas e as casas eram ainda antigas mas bem conservadas e coloridas, o que dava um toque de modernidade aquele lugar tão diferente. Assim que empurrou a porta, e o sino tocou, sentiu uma sensação passar por todo seu corpo. Era como se tivesse algum tipo de domo invisível que ela acabava de passar. Deu alguns passos e notou várias prateleiras com folhas em vidro e um cheiro delicioso de erva doce com velas aromatizantes, que tomavam conta do lugar. O cheiro era tão doce, que até lhe enjoou o estômago. Ela respirou fundo e se aproximou do balcão, tocando no sininho. Logo viu a mulher dos seus sonhos sair de trás de uma cortina vermelha.

- Wanda! Finalmente você chegou, querida. - ela deu a volta no balcão e a agarrou pelos ombros antes de lhe dar um abraço apertado. - Estava ansiosa por sua chegada. Eu e o senhor Fofy.

- Quem é esse?- ela perguntou quando a mulher a soltou e segurou seu braço, a puxando para trás do balcão.

- Meu gato. Não é alérgica a gatos, né? Eles são ótimos! São uma ótima companhia. Você tem um? Deveria ter um! Eu posso lhe arrumar. Senhor Fofy conhece todos os gatos daqui. Oh, estou te sufocando não é? Então vamos entrar e tomar um chá. Imagino que foi uma viagem longa e que está cansada. Principalmente depois de ouvir a Cora tagarelar sobre as mortes daqui, em parte é quase tudo mentira, mas os tolos acreditam. Estou igual a ela? Não paro de falar! Mas tem tanto tempo que não saiu daqui,que ter alguém pra conversar é algo incrível. Prefere mel ou açúcar?

Wanda estava tonta com a velocidade que Agatha falava as coisas. Ainda estava na parte de ter um gato, quando ouviu sobre o mel ou açúcar.

- Para o que?

- Nosso chá, querida. - Agatha sorriu lhe colocando sentada em um sofá de camurça vermelha. - Ou prefere outra bebida? Tenho leite, vinho, rum... é só escolher!

- Eu bebo puro, por favor.

{...}

- Tem certeza que não quer uns biscoitos?

- Tenho sim. Olha não quero ser sem educação nem grosseira, mas a ajuda que me ofereceu? Não vem de chás milagrosos não é? Não tenho tempo pra isso.

- Querida, sou uma bruxa, não curandeira. Sabe eu te observo há tanto tempo, nunca percebeu uma borboleta, um corvo, uma mosca ou um gato atrás de você? Eram meus olhos em você. Sempre cuidei de você de longe. Suas missões, México, Escócia, Noruega... Paris, eu sempre estava lá. - ele deu um gole no chá e cruzou as pernas. - Um feitiço de observação muito difícil, mas que quando você pega a prática... Uau! Faz num passe de mágica. Literalmente.

- O que queria comigo esse tempo todo?

- Deixe eu contar um pouco da minha história e você entenderá. - ela repousou a xícara na mesa de centro e se ajeitou na cadeira. - Séculos atrás, minha mãe era a bruxa suprema do nosso clã. Minhas irmãs e eu tínhamos habilidades diferentes. Clarice era uma dominadora das águas, Flay manipulava o fogo, Rosaly era a preferida da mamãe. Conseguia curar qualquer coisa, até mesmo a morte. Mas eu? Meus poderes demoraram aparecer, mas quando apareceram todos tiveram medo de mim. Inveja provavelmente, porquê eu era a mais poderosa de todas elas. Então, em uma noite de lua cheia, elas me amarraram contra uma árvore e tentaram me matar.

- A sua própria família?- perguntou com espanto, dando um gole no chá.

- Dizem que parente não se escolhe, não é mesmo?- ela riu de forma amarga. - Mas eu consegui me salvar e matei elas, mas infelizmente antes disso, a bruxa suprema me amaldiçoou e me trancou aqui em Salém, nessa loja. Por séculos estou presa aqui, procurando uma forma de sair. Há algum tempo encontrei um livro, o livro dos condenados. Nele tem um capítulo inteiro sobre você, seu poder é tão extraordinário,Wanda. - Agatha se levanta e caminha até ela. - Mas você não sabe usá-lo. Por isso eu vou tirar ele de você, e vou conseguir sair daqui. O mundo me temia, espero ainda causar isso nele. Então querida, sinto muito em ter te enganado. Mas quando passou por aquela porta mostrou ser mais forte do que a própria bruxa suprema. O feitiço teria te impedido de entrar, mas cá estamos nós duas.

- Você nunca quis me ajudar! - Wanda se levanta rapidamente, mas sente sua cabeça girar.

Agatha a segura pela cintura e a coloca sentada novamente.

- Admiro você confiar em alguém que nem conhece, aceitar uma bebida de uma estranha? Tão errado isso. Eu sabia que conseguiria trazer você até mim, só precisava de um motivo. O seu amor por aquele homem, a esperança de salvá-lo, te fez ficar ingênua e fraca. - ela retirou uma mecha do cabelo do rosto de Wanda e sorriu. - Vou sair daqui, acabar com a maldição. Tudo graças a você, querida.

Wanda se sentia fraca e tonta, a última coisa que viu antes de apagar foi o sorriso de Agatha.

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