○CAPÍTULO 32○

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Bucky mentiu ao dizer que conseguiria dormir sem a morena.
Passava das três da manhã e ele acabava de despertar de mais um pesadelo. Isso já era quase que normal.
Pensou em ligar pra ela, já que seriam 7 horas em Londres. Mas dizer o que?

" Oi, tive um pesadelo e não consegui dormir"

Parecia uma criança pedindo pra ir pra cama dos pais.
Ligou o celular e viu na discagem rápida o número dela. Antes mesmo de ligar, ela que ligou pra ele.

- Não sabia que conseguia ler minha mente de tão longe.

- O que? Não, eu não consigo. - ela riu. - Mas imaginei que estaria acordado essa hora. Pesadelos?

- Não. - decidiu mentir. - Só a falta de sono.

- Ou a falta que você está sentindo de mim na sua cama.

- Pode ser também. Conseguiram algo do agente?

- Estamos indo pra Cleveland. Tem um Coronel aposentando que trabalhava no projeto dos soldados. Devemos chegar só amanhã lá, então terá que passar outra noite sem mim.

- Vou tentar sobreviver.

- James, está tudo bem mesmo? Se quiser conversar...

- Eu estou bem. Vou tomar um chá de camomila e voltar pra cama.

- Tudo bem. Mas preciso te perguntar... você se lembra de alguma missão feita em dezembro de 1991?

- Acho que não. Por que?

- Porque esse relatório sumiu das coisas da Hidra. Tem um vídeo que mostra alguém vestido como faxineiro deixando a sala de arquivos. Natasha acha que tem algo importante nesse relatório já que roubaram ele.

- Se eu me lembrar de algo te aviso.

- Tudo bem. Agora volte a dormir. Você fica péssimo com olheiras.

- E você é um porre.

- Não fala assim, vai magoar meus sentimentos.

Ela ri e abaixa o tom de voz.

- Quando eu voltar, quero ver dizer que sou um porre.

- E por quê eu não diria?

- Por que vou te deixar com a boca bem ocupada. Boa noite, James.

- Não vejo a hora. Boa noite, Wanda.

Quando desligou o telefone tentou se lembrar de alguma coisa. Mas como lembraria? Por anos sua memória foi apagada. Embora recuperou muitas memórias, outras ele acreditava que nunca iria recuperar.
Sua infância, por exemplo, não lembrava muito. Além do cheiro de bolo de milho que sua mãe fazia, de como ela o chamava carinhosamente de James, coisa que ele adorava quando Wanda fazia. Depois existe um branco enorme até a época em que servia no exército e era amigo de Steve. Outro branco e ele estava em uma maca, vendo seu braço ser substituído por outro. Então as milhares de missões que fez esses anos todos, as execuções, os inocentes que matou por apenas estarem no lugar errado e na hora errada. Tudo isso o atormentava. Mas uma missão em específico não era tão fácil assim se lembrar.
Decidiu voltar pro quarto. Guardou o celular no bolso da calça de moletom e se levantou indo em direção às escadas.
Antes de alcançar a porta do quarto, seu celular tocou novamente. Ele nem olhou quem era, imaginou ser Wanda.

- O que foi? Ligou pra verificar se eu fui dormir?

- Fico feliz que esteja acordado, soldado. - Uma voz masculina disse do outro lado da linha. - Não foi fácil te encontrar, mas depois de um trabalho bem feito consegui o seu número.

- Quem é você? O que você quer?

- Preciso dos seus serviços, soldado. Saudade, Enferrujado, Dezessete, Aurora, Forno, Nove, Benigno, Volta para casa, Um e Vagão de carga.

Bucky ficou em silêncio. Tentava desligar o celular a cada palavra que o homem falava, mas era impossível.

- Soldado?

- Pronto pra obedecer.

- Ótimo. Preciso que pare o que está fazendo e venha até mim, temos um trabalho pra fazer.

{...}

Cleveland.

- Meu Deus! Será que ninguém pensou em limpar isso aqui não? Ele é aposentado! Tem dinheiro pra contratar uma faxineira. - Natasha exclamou tentando andar entre as coisas caída no chão da sala. Livros, cadeiras e até um abajur.

- Alguém esteve aqui antes de nós. - Wanda disse observando a mesa de jantar de pernas pra cima.

Conforme caminhava mais para dentro da casa um cheiro horrível impregnou seu nariz. O que a fez levar a mão até o nariz e boca, assim como Natasha também o fez. Entraram na copa e viram a porta do porão aberta.

- Você vai na frente. - Natasha levemente a empurrou pras escadas.

Wanda revirou os olhos e desceu os degraus velhos de madeira. A cada degrau que descia o cheiro ficava mais insuportável. A água escorrendo alcançou a ponta da sua bota, quando levantou os olhos, encontrou um corpo inchado pendurado de cabeça pra baixo.

- Acho que ele não vai poder ajudar a gente. - Natasha fala desanimada. - Chegamos até aqui pra nada.

- Temos que encontrar o relatório da missão de 1991.

- Vou ligar pra relatar o corpo. Vou lá fora atrás de sinal. Aconselho não ficar aqui com esse cheiro horrível.

- Só vou ver se acho alguma coisa.

Natasha concordou e foi discando um número enquanto saia do porão.

Wanda viu uma parede quebrada, onde tinha alguns papéis que saiam dela. Os segurou, olhando um por um, até encontrar um envelope com algo dentro. Abriu e encontrou um pen-drive com uma etiqueta que tinha escrito os números. 16121991.

- É uma data, não números aleatórios. 16 de dezembro de 1991. - disse, colocando o pen-drive no bolso da calça e saindo, onde encontrou Natasha com uma cara de poucos amigos.

- A equipe daqui é tão lenta. Querem que fiquemos até virem pegar o corpo.

- Tá brincando, né?

- A gente não vai ficar. Vamos embora, eles que se virem. -a ruiva deu de ombros e a olhou. - Encontrou alguma coisa?

- Um pen-drive com a data de 1991. Quem levou os arquivos não procurou direito aqui.

- Acha que é a mesma pessoa?

- Sim, acho que é a mesma que matou na base de Amsterdam também.

- Vamos ver isso no quinjet. Tô com fome e preciso comer.

- Como você tem estômago pra comer depois do que viu lá embaixo?

- Garota, eu já vi coisas bem piores no meu tempo de espiã. Te conto tudo no caminho pra casa.

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