Scars | Wenclair

Bônus | como o mar ama a lua.

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Dez anos depois.
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- Sophia! Já não conversamos sobre tocar essa guitarra a essa hora? - falo abrindo a porta de seu quarto. Meus olhos se deparam com a garota de pé, a alça da guitarra por seu corpo, enquanto os dedos paravam de tocar o intrumento no exato segundo.

Sophia sorri, de uma forma totalmente irônica, e tira a alça por sua cabeça, deixando a guitarra sobre o surporte. Seu corpo cai para trás, se jogando em um lado do colchão, olhando para o teto. Resmunga baixo, mas consigo escutar de onde estou. Olho para o corredor para ver se havia sinal de alguém ali, e depois de me certificar de que Wednesday continuava na cozinha, entro no quarto e fecho a porta atrás de mim. Caminho em sua direção, me sentando ao seu lado no colchão, podendo ver nitidamente o seu rosto.

- o que está acontecendo, hum? Conta pra mim. - quase sussurro. A vejo se arrastar pela cama e deitar a cabeça em minhas pernas, deixando o olhar cair sobre suas mãos. Levo minha mão para os seus cabelos escuros e deslizo os dedos por entre as mechas, fazendo uma carícia confortante, que sabia que gostava.

- eu... e-u... - ela tropeça nas próprias palavras. Levo a mão que estava livre ao seu rosto, deslizando o polegar por sua bochecha, sentindo as lágrimas na ponta dos dedos segundos depois. Sinto o coração apertar ao ver a cena, mas me mantenho quieta, continuando a tentar fazê-la sentir que estava segura, dando-lhe seu próprio tempo.

- pode me contar. Você sabe que pode me contar o que quiser. Estou aqui com você, Sofi. Me fale o que está te deixando tão tristinha' e estressada nos últimos dias. Sua mãe e eu já percebemos que não está bem. - olhei em seus olhos castanhos, percebendo a profundidade que eles carregavam naquele instante. E de alguma forma, senti que sabia o que estava por vir. Já desconfiava.

Estava preparada?
Estava pronta?
Provavelmente uma mãe nunca estivesse o suficiente.

- mãe... eu estou a fim de uma garota... - ela disse baixo, como se sentisse vergonha do que dizia. Lágrimas caiam de seus olhos, e fiz questão de limpar todas elas enquanto procurava as palavras certas pra dizer.

- e o que tem de errado nisso, meu amor? - deslizei os dedos livres por seus fios, ainda olhando-a nos olhos. Me certificando que permanecesse segura o suficiente para que conversasse comigo. Tinha certeza que ela sabia que eu a entenderia e a apoiaria, mas havia algo mais naquela história.

- é a Hope, mãe. Eu estou gostando da minha melhor amiga. - Sophia levou aos mãos para seu próprio rosto e o cobriu, se entregando a um choro baixo, porém desesperado. Senti meu coração quebrar em mil pedaços. Doía vê-la daquela maneira, de uma forma que nem eu mesma pudesse explicar.

Eu me sentia vulnerável, perdida, meio incerta sobre quais eram as palavras certas para aquele momento. Tinha medo de que falasse besteiras, ou até mesmo decepcionasse Sophia. Sentia falta de Wednesday naquela conversa, muita falta. Ela saberia o que fazer, as palavras certas para serem ditas. Mas estou aqui, e irei dar o meu melhor para que me filha se sinta amada, ouvida e protegida.

- Sofi, olhe para mim um instante. - tentei soar o mais firme que conseguia. Depois de alguns segundos, ela tirou as mãos que cobriam o seu rosto, me dando a visão de olhos totalmente inundados de lágrimas e vermelhos. Seu nariz já havia adquirido um tom rosado, assim como suas bochechas. Sentia que tinha algo a dizer antes, então esperei.