3. Guardião Em Ruina

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— Você é nosso guardião, tem que proteger o castelo, salvar aquelas pessoas.

Ele olha na direção do reino, inexpressivo, com olhos vazios e escuros. Agora que a primeira impressão passou, não tenho mais medo de seus dentes pontudos, nem de seu tamanho descomunal.

Acho que é assim que um guardião deve ser, assustador.

Zadock mais parece um lagarto que cresceu demais do que um monstro, alguns metros a menos e eu o pegaria na mão para assustar as mulheres do castelo.

Zadock mais parece um lagarto que cresceu demais do que um monstro, alguns metros a menos e eu o pegaria na mão para assustar as mulheres do castelo

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— Eu não sou mais o guardião de Tauren, princesa Nyla. Porque Tauren não existe mais.

— Isso não é verdade — respondo indignada com a audácia dele — se o reino estivesse acabado, não estaríamos sendo atacados.

Zadock desliza pelo rio e apoia os dois cotovelos atrás dele, na margem.

— Já viu como sou grande, alteza? — ele não quer uma resposta, então fico em silêncio e espero — houve um tempo em que até eu podia nadar em volta do castelo, o rio seguia por quilômetros e eu era necessário, lutei com tantos monstros que seria impossível contar, naquela época, eu era Zadock, o guardião de Tauren. Agora — ele bufa pelo nariz — olhe para mim, recluso em um pântano escuro e minúsculo.

— Não é culpa do rei que o rio secou — eu defendo, sem ao menos saber o porquê, meu pai nunca fez nada por mim ou pelo reino.

— Eu e você, assim como Tauren, somos vítimas de um reinado ruim. Não estou dizendo que é culpa de alguém, só não sou mais guardião do reino, porque ele não existe mais.

— Mas, todas aquelas pessoas vão morrer — Me aproximo mais, com cuidado para não encher meu vestido de terra — Zadock, por favor — eu suplico ao colocar a mão em suas escamas frias.

Ele olha para mim, dessa vez, posso ver pena em seu olhar amarelo.

— Levou três dias até que você chegasse aqui, Nyla. Não há mais ninguém para ser salvo. Quem tinha que morrer, já foi enterrado e quem devia servir aos novos senhores, já tem sua sina selada.

Sem pensar, começo a esmurrar seu braço, não faz a mínima diferença, eu sei, mas a culpa é dele por não estar por perto quando mais precisamos.

— Nyla, pare — ele se vira para mim calmamente e apoia a mão atrás dos meus joelhos para que eu me sente nela. Eu estou exausta, então aceito — é o ciclo da vida, Tauren nasceu, prosperou e murchou. Uma nova sociedade nascerá e um dia morrerá também, de alguma forma. Exceto eu, nada é imortal.

— Então é isso? — lágrimas enchem meus olhos — acabou?

— Para Tauren, acabou. No entanto, você está aqui.

Rio fraco da sua colocação sem sentido.

— Eu nem poderia sobreviver aqui fora, não tenho ligações políticas nem aliados, não seria recebida nem na casa de um camponês, ainda mais com as roupas nesse estado.

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