11. Criatura

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Uma noite de lua cheia, uma viatura policial com a sirene desligada para em frente a uma casa antiga onde funciona uma funerária de família, o rosto do xerife, traz uma confusão sinistra.

— Não sei explicar o que eu vi — ele diz ao ser atendido.

História de terror típica.

Sempre achei normal crescer nessa casa. Como assim nem todo mundo tem corpos sendo cremados no porão?

E eu gostava, os sons dos ossos sendo torrados, estalos que embalavam meu sono.

Depois, festas quando meus pais saiam de casa, com tábua ouija manipulada e cerveja contrabandeada.

Ainda hoje, esse é meu refúgio. Assumi o negócio da família.

Nesse momento, enquanto o xerife está parado na minha porta, tentando encontraras palavras, há um funeral acontecendo na minha sala de estar e dois corpos esperando maquiagem no porão.

— Foi um acidente ou...

— Não — ele balança a cabeça, fixando os olhos no chapéu em sua mão — eu atirei nele... nela. Eu não sei o que é.

— O que quer dizer com isso xerife?

Ele puxa a porta da minha casa, onde alguns curiosos desviam o olhar do caixão para nossa conversa.

— É melhor eu mostrar.

O xerife faz um sinal para que eu o acompanhe através do caminho de rosas brancas do meu quintal até a viatura apagada, ele caminha para a parte de trás e levanta o porta-malas.

Agora entendo o que ele quer dizer. Como todos esperam, me mantenho calma diante do que vejo.

É um homem, definitivamente e está nu, sua pele cinza terminando em longos cabelos negros e chifres torcidos, nos pés, cascos de animal.

Não há um ponto de cor nele, como um filme antigo.

O xerife passa a lanterna na criatura, mostrando tudo com mais exatidão.

— Tem alguma ideia do que é isso?

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— Tem alguma ideia do que é isso?

— Nunca vi uma coisa assim — respondo com total sinceridade — onde achou isso?

— Na fazenda dos Kellers, ligaram porque tinha algo atacando o galinheiro, quando cheguei, não tinha sobrado nada além de penas e sangue. Eu segui o rastro e o encontrei se lavando no riacho.

— Atirou nele?

O xerife suspira, então vira o corpo com a lanterna, uma das pernas caí para fora do porta-malas, e posso ver o ferimento a em sua costela, nem mesmo o sangue tem cor. Um líquido negro escorre do buraco.

— Ilumina para mim.

Busco algo nos bolsos, me aproximo mais um pouco e usando o único material que tenho, as chaves do porão, aperto o local da ferida, um suspiro saí da boca da criatura, me afasto com o susto.

O Jogo Dos 23 MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora