20. Sacrifício

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Antes

Eu me lembro de tudo como se fosse hoje.

As tochas vermelhas de fogo quebrando a escuridão daquela noite de inverno, a pequena vila seguindo em procissão para o topo da montanha rochosa, todos usando túnicas longas e capuzes, se protegendo dos olhares dos deuses, tanto quanto se protegiam do frio.

O cântico ininterrupto que eles entoavam sendo ouvido como um lamurio, uma base para meus gritos de desespero.

Vestida apenas com uma túnica curta que mal cobria metade das minhas coxas, amarrada em um ponto em cada ombro, que deixava meus ombros, braços e busto descobertos. As mãos amarradas juntas a frente do meu corpo, enquanto eu era arrastada contra a minha vontade.

Meus pés se cortaram e sangraram ao longo do caminho, meu cabelo se soltou e caiu sobre meus ombros e desgrenhar ao redor do meu rosto.

Eu implorei, gritei, ameacei. Fiz promessas que nunca seria capaz de cumprir, mas nada adiantou.

O Vulcão estava prestes a entrar em erupção, era possível a luz vermelha que vinha do fundo e até o solo estava mais quente que o ar.

Eles chegaram ao topo do vulcão, amarraram a corda que prendiam meu corpo em um mecanismo de madeira e assim que os homens mais fortes começaram a rodar a roldana, eu fui içada, meu corpo acabou pendurado acima da abertura do vulcão.

"Seu sacrifício vai salvar todos nós", eles disseram.

O calor do vulcão aqueceu meu corpo enquanto o representante da vila declarava o sacrifício e pedia a misericórdia dos deuses.

A corda foi rompida e eu caí, tão rápido que não tive tempo para pensar na dor.

Fechei os olhos com a certeza de que sentiria a lava envolvendo meu corpo em pouco tempo.

Mas isso não aconteceu.

Eu bati em pedra quando cheguei ao fundo, quadril, coxa e ombro.

A dor não condizia com a altura da queda.

Abri os olhos e olhei em volta, tudo estava escuro, exceto pela iluminação acima. No teto do que parecia uma ampla caverna, havia um enorme círculo de lava que permanecia como um lago com leves ondas que batiam ao redor.

Me sentei, confusa com o que estava acontecendo. Quando ouvi um rosnado baixo e longo que vinha da minha direita. Assustada, tentei ver algo na escuridão, meus olhos se acostumaram o suficiente para que eu visse os contornos de metal de uma porta imensa.

O rosnado ficou mais alto e algo subiu, cobrindo quase toda a porta e seis pares de olhos brilharam na escuridão.

Aqueles segundos pareceram uma eternidade.

Mas só durou até a porta se abrir, lentamente, revelando um interior iluminado e acolhedor, a criatura se afastou e atrás dela apareceu um homem.

Bem, eu sabia que não era um homem, era ele. O senhor do submundo: Hades.

 O senhor do submundo: Hades

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