Estou cansado, e olha que acabei de acordar. Me sinto bem limitado e fraco, não sei bem o porquê. Às vezes sinto que sou um fracasso, mas qual vitória estive almejando para pensar desse jeito? Não entendo. Não me entendo. Eu visto-me bem, uso uma colônia comprada na Grécia e dou uma ajeitada no cabelo. Jisung aparece para me levar à sala de jantar, só que nem fala nada que não seja um "vamos comer" antes de sairmos. Ele também está andando um pouco longe de mim. Pronto, voltamos para dois anos atrás. Só falta agora me chamar de "cara".
O café da manhã de uma família burguesa tailandesa é um tanto curioso. Eles conversam, mas não entendo. E a comida é gostosa e tão diversa que fico me questionando a todo momento como seria viver aqui todo dia e me empanturrar de coisas. Ademais, ainda tem meus pensamentos políticos e sociais ao ver tamanha fartura, mas me abstenho de comentários. Como Jisung não conversa comigo, apenas troco palavras com Tern, a irmã dele, e o namorado inglês dela, Ethan. Eles falam sobre irem nadar no lago hoje, me perguntam se eu quero ir.
— Se o Han for... — eu explico, porque não me sinto muito confortável em ficar num lugar longe de Han. Suas regras foram claras sobre eu ficar com ele o tempo todo.
— Han, você vai ao lago nadar com a gente? — ela pergunta para ele, que está de frente para nós, do outro lado da mesa. — O Minho vai...
— Ah, ele vai? — Jisung olha para mim. Pronto, fodeu, eu conheço esse olhar. — Eu concordei com isso?
— Nossa... Minho, se você estiver num relacionamento tóxico, é só você me dizer que eu te salvo, ok? — a irmã dele vira-se para mim repentinamente.
— Nem estamos num relacionamento, idiota — Han fala antes mesmo de eu falar alguma coisa. — E você sabe o porquê de eu não querer deixá-lo só.
— Você é paranóico — a garota responde, então entendo que não é mais uma brincadeira. — Esqueça isso. Eu vou ficar com Minho, então está tudo bem.
Han responde em tailandês, atitude essa que me deixa subentender que ele não quer que eu saiba do que estão falando. Eles parecem discutir um pouco, até porque Ji deixa de comer e passa a argumentar com ela. Como nem todo mundo da família está aqui — está faltando uns dois tiozinhos que vi ontem e alguns prováveis primos —, a mesa está mais vazia e o avô deles escuta a discussão. O que sucede é apenas um bate boca que não faço a mínima ideia do que seja, apenas que seu avô tem uma autoridade extremamente grande. Tão grande que, pela primeira vez na vida, vejo Jisung calar a boca mesmo, claramente, querendo falar mais para defender sua posição. E vem silêncio sobre a mesa.
— Foda-se essa merda — ele resmunga em inglês e sai da mesa, indo para outro cômodo com uma rapidez exorbitante.
O que foi que aconteceu aqui?
Se eu fizesse um negócio desse na minha casa meu pai iria pegar o primeiro objeto pontiagudo e jogar em mim enquanto eu saísse. Espia só.
— Desculpa por isso — Tern olha pra mim com uma certa doçura no olhar. — Vamos ao lago mesmo assim. Se quiser ___, poder vir conosco — deixando aqui um underline a cada palavra que não sei o que é, tampouco sei a escrita.
— Claro, eu vou — concordo porque eu não tenho a mínima ideia do que está acontecendo.
Após o café, ficamos sentados sob o pergolado de mogno no meio do jardim, onde há algumas poltronas para descansarmos. Não falamos nada, só ficamos no celular e vez ou outra mostramos memes uns para os outros. Eu pergunto a Tern onde está Han e ela me responde que ele ficou puto e deve estar isolado no quarto ou em algum lugar aleatório. Ele nem responde minhas mensagens no Kakao tampouco no Instagram. Deixa estar. Deixa pra lá.
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crises et chocolat • minsung
Fanfiction❝Minho prefere chocolates, ainda que venda flores. Han carrega suas crises, ainda que lhe tragam dores.❞ #3 LIVRO Continuação de café et cigarettes e thé et fleurs adaptação autorizada