nós somos tão doces

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— E... Tcharam! — arranco o lençol que trouxe de casa e deixo à mostra a surpresa que enrolei o dia inteiro. — Gostaram?

— Você sabe que a gente já sabia que era uma scooter, né? — Soobin revira os olhos, mas não deixa de olhar a pobre coitada. — Você foi ao banheiro e nós espiamos.

— Não era pra você ter falado, Soobin — reclama Yeonjun, falsamente irritadiço com o namorado.

— Tanto faz — faço cara feia. — Gostaram? Eu gosto de branco, então achei bonita.

— É bonita — Soobin se aproxima da scooter e toca em algumas partes. — Elétrica?

— Uhum — balanço a cabeça. — Você lava, você carrega, você cuida.

— E é assim, é? — olha-me todo debochado. — Vai me pagar a mais?

— Não, faz parte do seu trabalho — dou de ombros. — Gostou, Yeonjun?

— Gostei, sim, hyung — ligeiramente sorri. — Vai facilitar o trabalho de vocês.

— Se nossas demandas aumentarem daqui a um ano, podemos até contratar alguém especialmente para as entregas — comento enquanto vejo Soobin subir na scooter e pôr as mãos no guidão.

— Não, eu quero ficar nas entregas, aí eu posso continuar vendo Yeonjun.

Viro-me para Yeonjun, que agora está cobrindo o rosto. Não sei se é por conta do sol de meio-dia (nem está tão ensolarado assim) ou se é de vergonha.

— Então você fica indo ver seu namorado ao invés de entregar os produtos? — ponho os olhos de novo em Soobin, porque não sei como ele teve coragem de me falar isso.

— Não é o que você faz também?

— Não! Eu literalmente fico o dia inteiro sem ver meu namorado enquanto você vê o seu o tempo todo? — aproximo-me de Soobin com passos pesados, tanto que ele se assusta e tenta sair da scooter o mais rápido possível. Não consegue, tomba para o lado e quase cai, se não fosse por Yeonjun segurando-o.

— Claro, né! — Soobin se equilibra outra vez. — Se eu não fizer isso, não o vejo mais. Você sabe que eu tenho cursinho depois do trabalho.

— Dá pra vê-lo depois do cursinho.

— Não dá — dessa vez, Yeonjun me responde. Ele esfrega os dedos no queixo e parece preocupado. — Meu pai me proíbe de vê-lo. Você sabe bem...

Oh, claro que eu sei bem... Os pais de Yeonjun detestam Soobin e principalmente o relacionamento deles. Fazem de tudo para impedir que eles se vejam e interajam, tanto que Soobin chegou a criar um fake num Instagram para que os pais de Yeonjun não reconhecem. São ultra intrometidos na vida de Yeonjun. E, inclusive, acham que agora Yeonjun está almoçando num restaurante chinês a duas quadras daqui. Toda vez que ele vem, precisa passar lá pra trazer algo aos pais que prove que esteve por lá. É complicado...

— São pequenas coisas — Yeonjun torna a falar. — Mas fazem diferença no nosso relacionamento. A gente sempre encontra um jeito de se ver, independente da rotina. E se não fosse pelo meu medo de decepcionar meus pais, eu sairia de madrugada para vê-lo, tipo Cinderela. Mas não posso, então conto com isso. Ah, hyung, espero que não fique bravo!

— Está tudo bem — coço a nuca. Agora vejo que não deveria ter sido tão duro. — Eu entendo como é. Mas não demorem muito nesses encontros, eu sempre preciso de Soobin aqui e também entregando as encomendas.

— Ok! — Soobin me faz um coração e eu rio da sua brincadeira. — Hyung, você tem que sorrir mais! Anda preocupado, é?

— Não, eu estou bem — relaxo os ombros, daí olho a rua ao redor. — Só ando cansado mesmo. Mas está tudo bem, faz parte.

crises et chocolat • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora