nós precisamos resolver isso

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— Você me transferiu onze milhões?! — Minho grita com a toalha no quadril e o rosto pingando, vindo para sala brigar comigo.

Estou com o cesto de roupas sujas entre os braços, indo para a área de serviço lavar minhas pecinhas.

— Você é muito gostoso quando sai do banho — eu comento para tentar quebrar a tensão.

— Han, é sério — ele realmente está me olhando feio. — Por que me transferiu isso tudo? É possível transferir isso tudo por aplicativo?

— Eu sei lá, na dúvida fiz de pouquinho em pouquinho — dou de ombros. — Ah, me dê suas roupas para eu lavar também!

— Como você pode estar de boa com isso?

— Eu sei lá, eu não quero seu dinheiro.

— Nós precisamos resolver isso, Jisung, eu não quero o seu dinheiro também — ele cruza os braços e fica me olhando como se esperasse minha posição.

Ué.

— Resolver o quê? — passo por ele e caminho até o banheiro em que ele tomou banho. Já que ele não quer me dar a roupa, eu mesmo pego. Ora essa...

— Jisung... — ele me segue. — Por que você me deu tanto dinheiro?

— Isso não é tanto dinheiro — dou de ombros.

Rapidamente recolho sua roupa e jogo junto com as minhas. Dou meia volta, passo por ele, indo para a área de serviço. Oh, sim, preciso tomar banho... Vou só colocar elas na máquina e me interno num banheiro logo logo.

— Para você! — ele ainda me segue.

— Minho, deixa de drama e vai se vestir, por favor? Você está pingando e molhando o chão. Se for fazer show, vai ter que enxugar depois.

— Aish... — ele sai andando para um dos quartos e me deixa em paz.

Ora essa... Eu vou fazer o que eu quiser, não vou deixar ele mandar em mim assim. Quero fazer o que brota naturalmente de mim e, se ele pôde transferir, eu também quero ser capaz de fazer o mesmo. Sinto-me meio chateado com seus comentários de não querer ou não puder ter isso ou aquilo... Eu não sei como dizer, isso me incomoda. Eu realmente admito que para mim tudo é muito fácil e, caramba, é algo tão óbvio. Eu nem me lembro da primeira vez que fui à Disneyland, de tão novo que eu era. Por acaso Minho já sonhou em ir à Orlando? Se trata disso. Embora sejamos duas pessoas criadas sob circunstâncias e valores diferentes, eu sinto que preciso fazer algo por ele. Eu quero.

Separo as roupas coloridas das brancas, organizo tudo e ponho as brancas para lavar. Ele fica fora do meu caminho, por incrível que pareça, mas quando eu passo para ir tomar banho, ele comenta que quer conversar comigo. Eu digo que tudo bem, mas a real é que vou demorar horrores para aparecer. Não quero tanto assim conversar, porque eu não quero mudar de opinião e sei que se ele chegar assim todo manhoso e de cara feia eu vou acabar caindo na dele. Eu sempre caio, não vou negar. Às vezes sinto raiva de mim mesmo. Bem, eu costumava ser mais pulso firme que isso.

Demoro no banho e também cuido da pele. Assim que apareço, encontro ele sentado no sofá, mudando de canal na televisão. Faço um gesto que vou checar as roupas e realmente vou, mas não tem nada para checar senão elas sendo lavadas. A real é que quero me sentir bem e não me estressar com essas coisas. Sei que o mundo é cheio de problemas e todo mundo é diferente de mim, mas eu queria que me entendessem um pouco. Só um pouco. Não sou monstro algum, não quero causar mau nenhum às pessoas. Quero ajudar. É um problema ajudar?

— Hm... Quer torta? Acho que tem torta na geladeira — eu falo ao me sentar ao lado dele, vestindo apenas uma calça listrada que encontrei no closet. — Acho que de limão com chocolate. Eu posso pegar, se você quiser...

crises et chocolat • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora