— Me deixa, me deixa... — resmungo. — Por que você está fazendo isso?
— Mandei você ficar no quarto — sua mão está bem forte ao redor do meu pulso, mostrando para mim a raiva que ele deve estar sentindo por eu ter saído sem sua permissão.
— Porra, você está me machucando — eu falo, porque é verdade. Realmente está me incomodando muito e temo que fique vermelho quando ele soltar. — É sério.
Jisung me larga no meio do caminho, agora um pouco mais distante de onde eu estava. Eu estou muito puto agora. Ele literalmente me arrancou de lá me puxando e essa é a coisa mais ridícula e infantil que já me aconteceu. Na frente do moço ainda que, embora estivesse falando umas merdas, eu não queria ter passado vergonha. Qual o problema de Jisung, afinal?
— Você poderia, por favor, fazer o que te peço? — ele está gesticulando bastante com as mãos. Bem bravo, está bem bravo.
— Não vou fazer porra nenhuma — reclamo. — Você está me deixando...
— Minho! — ele me interrompe. — Eu vou te deixar no seu quarto, ok?
Ele segura no meu pulso outra vez e me puxa na direção onde é meu quarto. Eu me deixo ir, eu não sei mais como dizer para ele o que quero dizer. Eu sinto que não sou exatamente nada nessa relação. Meu Deus, eu não sou nada nessa relação. Olha como ele me puxa e me leva de volta ao quarto como se fosse meu pai e eu apenas uma criança estúpida fazendo birra? Daqui a alguns anos faço 30 e estamos nesse rolo ainda? Essa mesma dinâmica?
— Han, eu estou bem infeliz com suas atitudes — eu falo, assim que chegamos na porta do quarto.
— Também sinto o mesmo em relação a você — ele abre a porta e, pela primeira vez, não me empurra nem nada. Eu entro por livre e espontânea vontade, porque sei que se eu sair correndo e fugir, ele é capaz de me caçar no inferno.
— A gente deveria conversar sobre isso — cruzo os braços, parado no meio do quarto.
— Amanhã.
— Hoje.
— Amanhã.
— Agora.
— Puta merda... — ele revira os olhos e fecha a porta. — Eu estou extremamente estressado, tem como você me dar uma folga hoje?
— Caralho, me desculpa se sou um peso de estresse na sua vida, Jisung — abano as mãos no ar, mesmo que eu saiba que é bem dramático.
— Ah, pronto, começou... — Han caminha até a cama e senta-se cruzando as pernas. — Pronto, faça seu show.
— Você acha que estou brincando?
— Eu não vou te levar a sério senão vou levar para o coração.
— Desculpa, Han... Quantos anos você tem mesmo?
— Fale o que quer falar, já que você quer conversar.
— Bem, você me trancou aqui e eu não gostei nem um pouco. Não me sinto confortável, você nem fala comigo, você fica frio do nada, criou umas regras sem sentido, você literalmente sumiu o dia inteiro, não me deixa fazer exatamente nada... E, além disso, eu estou com uma puta dúvida se somos namorados ou não, porque minha vontade é de te assumir, mas está na cara que você não quer. E às vezes eu fico nervoso, porque você fica frio do nada e às vezes parece que nem vai mais falar comigo ou ficar comigo. E quando digo ficar, eu quero dizer ficar no sentido romântico. E... Porra, Jisung, tem como você falar alguma coisa?
— Você disse que queria falar hoje... Eu quero falar só amanhã.
— Porra, isso é uma conversa! — passo a mão no cabelo, porque está cobrindo meus olhos e eu quero bem olhar a cara de Jisung. Caralho, caralho...
— Tá, suas primeiras reclamações serão discutidas amanhã... Já a segunda... Minho, nós não somos o que você pensa que somos. Olha... Sério... Vamos resolver essas coisas depois...
— Depois uma pinóia! Vai ser agora... Sério...
Ele para por uns segundo e fica olhando para o meu rosto, depois levanta-se e olha melhor. Abana a cabeça na negativa, senta-se de novo na cama, dessa vez batendo um pouco o sapato no chão. Está nervoso.
— Você bebeu, né? — fala. — Está na cara que você bebeu. É melhor deixar isso para depois. Eu estou estressado com outras coisas e você está bêbado, é melhor conversarmos outra hora...
— Eu não estou bêbado — me defendo, afinal eu realmente não estou bêbado. Eu super sei quando estou bêbado e agora não estou bêbado. É sério. — Para e me escuta, por favor?
— Estou escutando.
— Vai namorar comigo ou não?
— Não acho que devemos resolver isso agora.
— Você tem vergonha de mim, é isso? — fico caminhando de um lado para o outro, inquieto. — Pode falar.
— Meu Deus, você deve ter bebido algo forte... — ele coça a nuca. — É preciso muita paciência para lidar contigo.
— Me responde!
— Isso importa de quê? Você literalmente está me jogando contra a parede... Não é assim, Minho... Não é assim — escuto um longo suspiro vindo dele.
Porra. Não aguento mais ele ficar adiando, adiando, que nem da outra vez. Não vai ser que nem da outra vez. Ou ele vai me ter todo, ou não vai ter nada. Estou cansado de tudo pela metade e depois eu me foder sozinho e ficar triste que nem eu miserável por conta de alguém que só está comigo para passar o tempo. Por mais que ele diga que me ame, não significa que vai ficar comigo. Eu estou aprendendo isso da pior forma.
— Que tal isso: você começa a me namorar sério hoje ou a gente não fica mais — proponho, Han parece surpreso com as palavras.
— Espera... Você está dando um ultimato? — Jisung se levanta da cama. — Você está falando sério mesmo? Está falando sério mesmo?
— É sério mesmo — asseguro.
— Eu odeio todo e qualquer ultimato, Minho — sua resposta parece bem mais brava que eu, parece que ele voltou a estar com raiva como estava lá fora. — Para com isso agora.
— Você não para quando eu peço...
— Porra... Tem como você me dar tempo? Eu já falei que agora não estou com cabeça para lidar com isso...
— Não, Han. Você teve todo o tempo do mundo para pensar no assunto. Se você quer, você vai aceitar.
— Não é assim...
Eu engulo em seco e fico olhando as cortinas chacoalhando com o vento que invade o quarto. Eu não quero mais saber de nada, se ele não liga para mim. Se ele não liga para mim, eu não quero ligar para ele. Eu não vou ligar para ele.
— Uma hora você vai ter que decidir, então tem que ser agora — eu me sento na cama, eu estou com tanta raiva agora... Minha vontade é de chorar, eu detesto tudo isso. — Qual sua resposta?
— Tem como mandar você tomar no cu numa das opções? — ele faz com que vai sair, mas para no meio do caminho e volta. — Eu realmente perdi minha paciência com você agora. Sério, eu não posso mais ficar aqui olhando sua cara.
— Ótimo! Eu também não quero olhar a sua mesmo nunca mais! — eu puxo as pernas sobre a cama e cruzo os braços.
Jisung fica me olhando por alguns segundos, mas perde a paciência mesmo.
— Ok, você não vai ter que se preocupar com isso mais — do nada ele abre a porta e vai embora, deixando-me aqui sozinho.
Queria que ele tivesse ficado, só para eu dizer mais coisas que preciso dizer. Minha raiva é que ele nem conversou. Ele só reclamou e reclamou e enrolou mais do que outra coisa. Mas está tudo bem. Não vou mais falar com ele.
Mas, no minuto seguinte, recebo a notificação de um novo tweet dele:
@hanjisung: hoje eu fiz o favor de brigar com todo mundo que amo 🤩🤩
Porra. Que porra. Eu odeio minha vida.
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crises et chocolat • minsung
Fanfic❝Minho prefere chocolates, ainda que venda flores. Han carrega suas crises, ainda que lhe tragam dores.❞ #3 LIVRO Continuação de café et cigarettes e thé et fleurs adaptação autorizada