nós vamos morrer e ir direto pro inferno

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— Por que estamos escutando uma música sobre vagina, Minho? — eu questiono, porque depois de escutar metade da música, já é a segunda vez que a cantora diz que o órgão genital feminino é deus.

— É uma das músicas de King Princess, eu vou fazer o quê? — ele reclama e olha no retrovisor se algum veículo está próximo, para que possa mudar de faixa. — E deixa de frescura, ela só disse "Your pussy is god". Isso não é nada.

— Como isso não é nada? — eu questiono. — Isso diz muita coisa!

Faz alguns minutos que Minho colocou música pra tocar através do bluetooth do celular dele e escolheu a artista recomendada pelo amigo Juyeon chato que ri de tudo panaca idiota abestado.

— Acabou com a frescura, Jisung? Tem dez anos, é?

— Tá falando assim comigo por que, bestão? — eu jogo o resto dos guardanapos do Subway nele e Min acaba rindo.

— Você é besta? Se isso parasse na minha cara, já era eu e você! Eu bato o carro e depois disso fudeu.

— Gay dramática — eu faço uma careta e ele me olha rapidamente com uma falsa expressão de raiva.

A velocidade com que Minho tira a mão da marcha e bate na minha perna e depois volta pôr a mão no mesmo lugar de antes é surreal. Eu acabo rindo da sua palhaçada e esqueço de me vingar do tapa. Encosto a cabeça na janela e vejo que já estamos chegando, e provavelmente teríamos chegado antes, se não fosse o tempo que gastamos entrando no supermercado correndo, porque Minho experimentou meu sanduíche e estava tão apimentado que tivemos que comprar um copão de refrigerante de laranja e esperar ele se recompor.

Nem faço a mínima ideia de que horas são, mas o sol ainda está morninho e dourado, então podemos aproveitar antes de escurecer. O estacionamento vira nosso ambiente atual e eu puxo um boné do além para cobrir um pouco meu rosto, caso alguém me reconheça ou venha tirar foto sem minha permissão. Assim que ponho o boné na cabeça, Minho sai comigo do carro e vamos caminhando pé ante pé para dentro do parque. Ele diz que vai pagar tudo e não me deixa argumentar, então os ingressos ficam por sua conta. Também, eu não ia dizer nada, já que ele está enchendo o meu saco com esse assunto. Porém, eu aviso de antemão que quero comer algum docinho e vamos juntos arranjar algum algodão doce ou balas.

Eu não conheço muito de brinquedos, ainda mais porque tem uns bem assustadores, porém minha obsessão pela juventude me faz arriscar. Só que antes de eu sugerir alguma coisa legal, Minho me empurra o saco de algodão doce dele e diz que quer ir ao carrossel de cavalinho.

— Mas você não pode subir no cavalinho — o moço da entrada diz, assim que Min já está entrando.

— Não? — Min para no meio do caminho, com a metade do pé para dentro.

— Esse daqui tem limite de altura... Você é maior do que o indicado — o senhor aponta para a placa que mede a altura, bem ao lado do brinquedo. — Então entrar você pode, mas ficar em cima do cavalinho durante o período da brincadeira não é muito recomendado.

Eu olho para Minho, percebo como sua expressão se torna mais fosca, as sobrancelhas descem e ele pisca vezes demais por pouco tempo. Põe o outro pé dentro do brinquedo e depois aquiesce.

— Tá bom, então — ele diz, antes de caminhar em direção aos cavalinhos e ficar ali de pé, ao lado de um deles, segurando a barra de metal.

Eu fico olhando como ele acena para mim e faz um sinal para que eu tire foto. Gosto de vê-lo animado e não dá para ocultar o fato de que ele não está com o mesmo gás de outrora. Bem, não é algo que ele pode controlar e eu posso compreender disso. Eu abaixo o olhar e vou tirar meu celular do bolso, mas tiro minha carteira junto. Foda-se, eu sou corrupto mesmo...

crises et chocolat • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora