nós merecemos isso

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minho

O sol está forte, mas estou coberto pelo pergolado que Han pôs no terraço. Eu não me lembro quando foi que viemos parar nessa parte do terraço, mas fico feliz por acordar sem receber um tapa de sol na cara. Me sinto meio tonto e uma dorzinha no braço direito me incomoda. Acho que fiquei muito tempo numa mesma posição, porque está meio dormente. E a claridade da manhã é violentamente intimidadora. Sabe, minha vontade é me proteger num lugar escuro e não encarar ela nunca. Ainda assim, olho ao redor atrás de Jisung, porque estou sozinho no colchão. Eu o vejo perto do peitoril bebendo água mineral olhando a rua e vestido com minha cueca. Então eu percebo que eu estou com sua cueca. Não me lembro de nada disso.

— Ji... — resmungo, me espreguiçando lentamente. Solto um bocejo ao vê-lo virar-se na minha direção.

— Oi — vem caminhando até mim e se joga no colchão ao meu lado, após deixar a garrafinha no chão. — Dormiu bem?

— Como não? — cubro meu rosto com o lençol que Jisung pegou ontem, após tomarmos banho.

— Que foi?

— Eu tô com cara de sono, não quero que me veja.

Ele solta um suspiro.

— Toda vez que você faz isso, Minho, me dá um ódio seu. Para com isso! — ele puxa o lençol do meu rosto. — Não tem nada de errado com seu rosto ou com você. Eu vou te bater e dessa vez tô falando sério.

— Nossa, Jisung — cruzo os braços.

— Beba água — ele pega a garrafinha e me entrega.

Enquanto bebo, ele tira o celular do travesseiro e começa a mexer em alguma coisa. Quero saber que horas são... Ele responde que são oito e vinte.

— Porra, isso tudo? — me engasgo com água. — A gente deveria estar bem longe daqui!

— Mas nós merecemos isso, não? — até o próprio Han boceja também, então estica as pernas no colchão de ar. — Tô cansado pra cacete.

— Eu preciso mandar mensagem para a minha psicóloga — levanto-me rapidamente e desço as escadas até parar no quarto de Jisung.

Assim que pego meu celular, aviso que não vou poder ir hoje, acabei me atrasando e agora não dá mais tempo. Por incrível que pareça, ela entende ao invés de me dar um sermão por isso. Acho que está tudo bem. Aproveito que estou aqui e escovo os dentes, assim como também lavo o rosto. Quando estou subindo, Jisung passa direto por mim e vai até o térreo. Fico sem saber para onde ir, por isso volto ao quarto e dou uma olhada nas notificações. Acabo me distraindo real por alguns minutos.

— Docinho — do nada, Han surge na porta, vestindo uma calça jeans preta e somente. — Venha tomar café. Vou levar as coisas lá pra cima, a gente come lá. O que tá fazendo?

— Nada — me espreguiço na cama.

— Quer sair um dia desses comigo?

Sorrio. Normalmente eu que convido ele e agora é Hannie que me convida.

— Onde?

— Tô querendo fazer compras — ele abraça a porta do quarto.

— É uma boa.

crises et chocolat • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora