9 - Bela bagunça

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-O que está fazendo aí, seu grande idiota?! - Magnus ouviu o som da voz estridente poucos segundos antes de levar uma travesseirada na cara. 

Ele tinha passado a noite inteira no sofá e agora seu pescoço parecia que partiria ao meio, assim como sua cabeça. 

Levantou com um único impulso agitado pelo susto.

-Lily - Ele balbuciou, grogue enquanto se movia. Esfregou o rosto para clarear as ideias, mas tudo ainda estava meio turvo pelo sono - Que horas são? O que faz aqui?

-Você me chamou ontem, não lembra? E eu pensei que você e seu marido gostariam de privacidade na lua de mel e aqui está você. Vai dizer que brigaram…

Ah, é verdade. Lily não sabia que o casamento era fachada. 

-Ah… Não brigamos. 

Ela esperou que ele terminasse a frase e lhe desse uma explicação. Quando não o fez, Lily bufou com sua irritabilidade costumeira. Ele já estava mais do que acostumado. Mas Alec não.

-Lily, por favor, seja gentil com Alexander. 

Ela cerrou os olhos e cruzou os braços, desconfiada.

-Óbvio que vou ser gentil com ele. Mas e você - Apontou um dedo comprido em sua direção acusadoramente - O que aprontou? 

-Porque acha que eu aprontei alguma coisa?

-Porque todos sabem que Alexander é um doce, sempre educado e você é… você.

Magnus revirou os olhos.

-Desculpa - disse, e pegou a xícara de café que Lily deixou em cima da mesinha no centro da sala - por não ser tão perfeito quanto Alexander. Me esforçarei da próxima vez para ficar à altura dele - Suspirou, sentindo o calor e a cafeína finalmente despertando seu organismo. A luz matinal atravessava a janela, iluminando o lençol dobrado no encosto do sofá com mais clareza do que ele gostaria. A porta do quarto ainda estava fechada. Ele presumiu que Alec estivesse dormindo.

-O que preciso fazer agora? - Perguntou.

Lily pegou uma lista com todas as suas obrigações. Agora era oficialmente marido de Alexander, diplomata e representante dos Feiticeiros nos acordos. Só era uma pena qur não houvesse ninguém para instruí-lo além de Ragnor, e ele não queria encontrar Ragnor agora. Então leu cada item da lista onde era convidado a participar de eventos beneficentes, inaugurações, palestras e toda a bagunça a que tinha direito. Mal tinha terminado de escolher de quais participaria quando as ligações de felicitações pelo casamento começaram a chegar. Lily o deixou sozinho para lidar com aquilo, o que o deixou cada vez mais desnorteado.

A maioria das ligações vinha de pessoas que ele mal conhecia. Os indivíduos que se importavam com a aliança costumavam estar a um mundo de distância da vida dele até aquele momento: pessoas importantes, feiticeiros poderosos, lobisomens e até outros caçadores ligaram. O representante dos lobisomens ligou.  A rainha das fadas também. Magnus atendeu as chamadas, apoiado em seu sofá já com os membros dormentes. Seus pés formigavam desconfortavelmente toda vez que a imagem de uma nova pessoa aparecia à sua frente. Ragnor, para seu desespero, ligou do meio de uma reunião, e Magnus pensou que Catarina tivesse falado sbre como ele se comportou com Alexander e Ragnor fosse xingá-lo, mas era apenas uma ligação de cortesia. Sua amiga, Tessa, também ligou e todos o parabenizaram, um de cada vez, com uma sinceridade deprimente. Ele até tentou se livrar das ligações, mas no meio da ligação com o cônsul, deu-se conta de que dizer “Estamos muito felizes” não era apropriado, já que Alec quase certamente não estava.

Lá pela décima segunda ligação ele estava tão desesperado que recusou a chamada seguinte e cutucou a máquina para fazê-la servir o café mais forte possível. Pegou um café para Lily também e balançou o copo em direção a ela assim que a assistente voltou.

Falling - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora