14 - Não tão desajeitados

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Eles chegaram a Idris na manhã do dia seguinte, completamente exaustos, mas havia uma energia a mais nos olhos de Alexander. Talvez fossem fruto das manobras arriscadas no gelo - coisa que ele não faria de forma alguma em outra situação, mas que para ver o brilho dos olhos de Alexander, valeria muito a pena - ou pelo ar de Idris, estar em sua terra natal e poder reencontrar os amigos que tinha deixado para trás. 

— Espero ter acertado — Ele murmurou um tanto sem jeito quando entraram em uma vilazinha afastada da capital Alicante. Fez questão de ligar pessoalmente para Isabelle para perguntar como poderia alugar uma casa para eles pelos próximos dias. Ela os ofereceu a residência dos Lightwood, que estava vazia naquele período, mas ele queria algo diferente. Algo não tão próximo da cidade e que não os pressionasse tanto a parecerem um casal 24 horas por dias. O objetivo era que pudessem se desligar dos problemas, assassinatos, acordos e investigações, mesmo que para Alexander isso fosse muito difícil. Alec tinha um ar cansado que o deixava inquieto. Sabia que ele não havia dormido direito desde o casamento. 

Isabelle então o conseguiu o contato de um cavaleiro fada que tinha uma casa nas proximidades de Alicante, era afastada o suficiente das outras cabanas e aquela região era habitada em sua maioria por fadas. 

Ali, ao menos, ninguém notaria se dormissem em quartos separados.

Ele estacionou o carro na frente da casa.

Era um lugar pequeno e aconchegante, com uma varanda bem cuidada e cheia de pequenas e delicadas flores em tons de azul, violeta e amarelo. Com certeza eram mantidas por magia das fadas naquele inverno.

Alec não emitiu nenhum som, apenas as bochechas rosadas de frio não eram um indicativo de que ele havia gostado ou não.

— Hm. Podemos desfazer as malas agora ou mais tarde. O que você quiser. Imagino que tenha amigos que quer rever.

Ele lembrou da amiga de Alec quando ela o ligou furiosa, e agora que finalmente sabia o motivo dela ter agido daquela forma, sentia a culpa por não ter tentado entender melhor ou perguntar diretamente a Alexander.

— Eu — Alec hesitou, olhando entre a porta e a estrada que os levaria até Alicante em poucos minutos — Estou cansado agora. Prefiro dormir um pouco, se você não se importar.

— Claro. Podemos ir mais tarde se você quiser. Ou… você pode ir sozinho para ter um pouco mais de privacidade.

Alec o olhou como se ele tivesse falado algo absurdo.

— Sozinho…

— Só se você quiser. É um direito seu.

Esperou por alguns segundos. Alec piscou.

— Eu… prefiro assim, se não houver problema.

— Mas é claro que não, Alexander. Nós podemos ser amigos. Não sou o Conselho Espiral e não vou seguir seus passos por aí como se estivesse tramando alguma coisa — apesar das palavras e de se irritar sempre que lembrava das restrições que o Conselho Espiral impôs a Alec, ele tentou soar um pouco melhor humorado. O sono e os músculos doloridos também não ajudavam muito. A expressão de Alec abriu um pouco mais, apenas um leve erguer no canto dos lábios — vem. Você precisa descansar. Tem 2 anos de conversa para colocar em dia com seus amigos e eu não quero que Lydia me bata por te deixar mais um dia longe dela.

Eles entraram juntos, cada um carregando a maior parte de suas bagagens, mas elas logo foram abandonadas na sala de estar que estava perfeitamente aquecida e era adorável com suas cores claras, mas não completamente neutras e impessoais. Talvez devesse reformar o apartamento deles para deixá-lo um pouco mais aconchegante assim — e caminharam pelo corredor. Haviam dois quartos. Magnus havia se certificado. 

Falling - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora