Falling - Malec

23 - Consequências

A linha entre a consciência e o sono era muito tênue, e Magnus não sabia se havia cruzado esse limite quando abriu os olhos. A visão estava embaçada. Ele sentiu amarras em volta dos pulsos e um apoio sob as costas.

O mais aterrorizante foi que a tontura não passou quando ele acordou. Qualquer movimento leve da cabeça o deixava esgotado e enjoado. Ele se forçou a olhar em volta.

A princípio, acreditou estar em uma das instalações para prisioneiros do labirinto espiral. Embora a maior parte dele estivesse escura, Magnus percebia que era pequeno, úmido e tinha cheiro de mofo. A única fonte de iluminação vinha de um holofote que formava uma piscina de luz em volta da figura sentada sobre uma caixa ao seu lado, trabalhando em um computador.

Barnabas.

Magnus soltou um ruído abafado antes que pudesse pensar. Onde estava Alec?!  Não estava ali em lugar algum. Então pensou que isso era uma coisa boa. Barnabas poderia simplesmente ter pensado que Alec era inofensivo demais até para ser preso. Ou…

Alec tinha sido atingido pela magia dele. Alec estava desmaiado da última vez que o viu.

Seu corpo gelou. Esperava que Alec estivesse bem.

— Mas já? Que inferno! — disse Barnabas. Ele desligou a tela com um gesto distraído. — Ainda nem terminei de resolver essa bagunça. Você tem a resistência de uma porra dum elefante, já te disseram isso?

Magnus ainda lutava contra o enjoo e não conseguiu responder de imediato. Respirou fundo para combater a tontura e se concentrou.

— Porque está fazendo isso agora? — disse ele. — Você era amante de Raphael, não era? Não estava acusando Alec pensando que ele poderia ter descoberto e matado Raphael para se vingar? Porque não deixar que Malcolm seja punido pelo crime que cometeu? Ou está com medo que descubram o caso de vocês?

Barnabas puxou as pernas e cruzou-as sobre a caixa, equilibrando-se bem na ponta.

— Malcolm é um coitado — Disse ele — e eu facilmente poderia ter deixado isso acontecer se a maldita Inquisidora não tivesse interditado todo o sistema. Droga!

Magnus percebeu que Barnabas ainda estava tentando acessar o sistema do Labirinto através de um computador pessoal. Porque ele faria Isso? O que mais tinha para esconder?

— Bom, é o seguinte — Barnabas continuou reclamando. — Quando você envia um pedido de reunião para a Inquisidora e menciona a porra do Conselho, a primeira coisa que eles fazem é entrar em contato com o comando para entender o que está acontecendo. E eu sou a porra do comando! Eles estão tentando acessar minha maldita conta. Tudo está caindo sobre mim. Então, obrigado por isso! Foi o ponto alto do meu dia. Eu sabia o que Raphael estava fazendo. Sim, muito bem, parabéns por ter finalmente entendido agora. Todos aqueles anos com Raphael fritaram mesmo o cérebro do parceiro miserável dele, né? Tudo bem, eu também sentia meu Qi diminuindo quando me sentava para jantar com ele; era um completo imbecil, aquele Raphael. — Barnabas se moveu novamente, balançando as pernas para fora da caixa. 

Magnus tentou se sentar. Foi quando percebeu que as algemas eram totalmente desnecessárias; ele mal conseguia fazer os músculos reconhecerem seus comandos, que dirá obedecê-los. Ele se deitou de novo.

— Quem o matou? — Magnus perguntou, Barnabas ergueu a sobrancelha — Não foi o Malcolm?

Barnabas quebrou o silêncio com uma risada abrupta.

— Malcolm é um coitado, eu já disse. Tão idiota quanto Raphael e seu amado Alexander. Malcolm também não sabe ainda quem matou o Raphael. Mas Malcolm o idolatrava. Queria ser igual a Raphael um dia. Era Malcolm quem queria se vingar pela morte do Ídolo dele. Dei a ele alguns suspeitos perfeitos e ele fez sua parte do trabalho de incriminar Alexander. Infelizmente ninguém mais vai cair nessa história por sua culpa. Você estragou tudo levando aquelas malditas coisas para a Inquisidora.