13 - Imprudentes

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Ao terminarem de preparar tudo, Magnus já estava se coçando para sair de casa. Nunca foi muito bom em ficar sentado esperando que algo acontecesse. Foi bom que ele e Alec tivessem tomado uma atitude antes que a situação com o labirinto se tornasse irremediável, e agora era bom que se afastassem disso tudo um pouco .

Eles cruzaram um portal para Paris, e de lá partiriam de carro até chegarem em Idris. Esperava que isso desse a ele e a Alec um pouco de tempo e familiaridade um com o outro, e assim não fossem tão estranhos e desajeitados e se parecessem mais como um casal no meio de outras pessoas. 

A ansiedade para seguir com o plano era tanta que suas malas já estavam feitas e dentro do carro dez minutos antes do horário combinado com Alec. Ele se recostou na lateral do carro e passou um tempo conferindo suas bagagens. Não era fácil se concentrar.

— Pronto pras férias? — Lily apareceu carregando um tipo de caixa e a guardou no porta malas antes de fechá-lo.

— Estou levando protetor solar e tudo — disse ele. Ela revirou os olhos. Era inverno e até nevava.

— Já pegou tudo de que precisa? Me avise se quiser que eu envie alguma coisa. Você tem meu contato.

— Lily, é óbvio que eu tenho seu contato — disse Magnus. — Você é minha assistente. Nós trocamos dezenas de mensagens por dia durante o último ano.

— Certo — continuou Lily. — Só checando. Pegou tudo de que precisa?

Magnus olhou para ela mais de perto e não disse “Você já perguntou isso”. Era uma pergunta automática, embora ela nunca se distraísse daquele jeito. Ela já havia trocado o peso do corpo entre um pé e outro algumas vezes.

— Aconteceu alguma coisa?

Lily olhou para à volta deles e fez uma careta.

— Mais ou menos — disse. — Acabei de descobrir que tenho uma amiga que está doente.

— Ai, merda, desculpa! — exclamou Magnus. Até onde ele sabia, toda a família e amigos dela morava em Hong Kong, o que já exigiria algum tempo de viagem, sem contar o tempo que ela ficaria lá. — Você vai querer tirar uma licença, certo?

— Então, eu ia pedir… — começou Lily, mas parou ao ouvir o que ele tinha dito. Entretanto, aquilo não facilitava muito as coisas; ela contorceu a boca. — Ainda não — disse ela. — Mas talvez eu precise de uma licença urgente mais pra frente. Só estou avisando, se for o caso.

— Tire a licença agora — disse Magnus. — Você devia ir pra casa. Não espere.

— Pare de dificultar as coisas — rebateu a feiticeira rispidamente. — Você precisa de alguém pra fazer esse trabalho.

Magnus ergueu a mão num pedido de desculpas, mas não recuou.

— Sim, mas posso arrumar uma pessoa temporária em algum lugar. Ninguém será tão bom quanto você, mas isso é meio que importante!

Lily cutucou os fios bordados da manga da camisa com a unha, coisa que Magnus só a viu fazer às três da manhã no meio de uma emergência.

— Ela não está em risco imediato — explicou Lily — Pode ser que não aconteça nada por meses.

— Então fique lá por meses.

— Eu aviso quando for preciso — disse ela, virando-se em direção ao elevador que se abria para Alec. Ao dar um passo atrás, algo na posição dos seus ombros demonstrava um certo alívio pelo fim daquela conversa.

Os olhos de Alec foram direto para ela enquanto se aproximava. Ele era observador o bastante para perceber quando algo estava minimamente errado —, e sua mão segurou a mala com um pouco mais de força.

Falling - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora