21 - Passado

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Alec saiu alguns minutos adiantado para a reunião com a Inquisidora, esperando também voltar pra casa mais cedo e encontrar Magnus o mais rápido possível; o feiticeiro deveria ser avisado de imediato sobre a conversa que Alec teve com a Inquisidora e também sobre as investigações. Deveria dizer a ele que haviam encontrado sabotagem no motor do carro. Através das portas abertas no salão de banquetes do Instituto, Alec via algumas pessoas que já estavam comendo, embora não houvesse nenhum conhecido. Ele se encaminhou para uma das salas vazias e elegantemente decoradas para conferir as mensagens em seu celular enquanto esperava.

Quando Magnus chegou inesperadamente, bastou um olhar para que tudo escorresse da mente de Alec feito água.

- Magnus? - Alec abaixou o celular, fazendo a tela apagar. A cadeira onde ele estava sentado deslizou para trás quando ele se atrapalhou para ficar de pé, tropeçando. - Aconteceu alguma... o que houve?

Magnus não respondeu. Ele estava parado na entrada, para que a porta não se fechasse.

- Você está doente? - Alec deu um passo à frente. As linhas nas feições de Magnus estavam tensas. - Eu vou... vou chamar alguém. - Sente-se, ele queria dizer, mas a expressão de Magnus o impediu.

Magnus tentou falar, mas pigarreou.

- Eu... Alec, Precisamos conversar. Sobre... - Ele parou.

Alec congelou enquanto sua mente se enchia de todas as coisas que ele deveria ter contado para Magnus mas não contou. Alguma transgressão pequena, alguém com quem ele conversou ou o jeito como envergonhou os dois.

Não, não poderia ser isso. Ele se esforçou para lembrar que Magnus não ligava para aquelas coisas.

- Sobre o quê?

Magnus deu um passo e a porta se fechou atrás dele.

- Você e o Raphael.

Alec nunca escutou a voz de Magnus daquele jeito antes. Ainda poderia ser qualquer coisa, ele disse a si mesmo. O ar ao seu redor parecia pegajoso. A frequência com que sempre voltava para a mesma defesa de sempre era assustadora - eu não quero falar sobre isso -, mas ele começou a elaborá-la mesmo assim.

- Eu...

- Eu descobri como era o relacionamento de vocês.

Não. As palavras seguintes morreram na língua de Alec. Sua boca se encheu de uma vergonha enjoativa, no fundo da garganta; ele se sentia grudado ao chão.

- Alec?

"Não é verdade", ele queria dizer. Desviar do assunto era seu primeiro impulso sempre. Mas se Magnus tinha descoberto, então não adiantaria negar. Isso só faria Magnus enxergá-lo como um mentiroso.

E Raphael nem merecia ser defendido.

Ele não queria defender Raphael, mas deve ter falado seus pensamentos em voz alta, já que Magnus parecia muito chateado.

- O que não é verdade? - perguntou Magnus. Houve uma pausa, como se, no fluxo natural da conversa, ele esperasse que Alec respondesse. - Alec, eu vi! - Ele deve ter percebido a pontada de pânico em Alec, porque franziu o cenho e continuou. - Vocês estavam... brigando. Era uma câmera de segurança. - Era óbvio que ele não queria dizer a próxima parte, mas Magnus nunca aprendeu a segurar as palavras. - Ele te empurrou contra a parede.

Não é o que você está pensando. Só aconteceu algumas vezes. Aquilo soava tão patético que Alec descartou a resposta. Ele balançou a cabeça, lutando contra uma onda de náusea.

- Alec, por favor! - Magnus tinha erguido a voz, ou Alec estava imaginando coisas? Ele não sabia dizer; seus ouvidos estavam zumbindo. - Acredito que tenha sido Raphael quem restringiu seus contatos - Alec não esboçou nenhuma reação - Viu só? Você nem está surpreso. Você sabia que... ah, puta merda! Barnabas Hale sabia! Os amigos de Raphael sabiam como ele te tratava. Estava debaixo do meu nariz esse tempo todo. Merda!

Falling - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora