Capítulo 52

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Fernando: Escute bem, e olhe pra mim quando eu falar com você —para bem na minha frente e eu o encaro a contragosto —A partir de hoje, é de casa pro colégio e do colégio pra casa, chega de saídas, também está proibida de receber seus amigos —fico tensa ouvindo cada palavra, vejo ele olhar pros lados como se quisesse se lembrar de algo —Ah... —se lembra e volta a me encarar —O celular... —estende a mão e eu apenas observo —Vamos entregue o celular —me apressa e eu o entrego tremendo —Também vai ficar sem, e é bom que me obedeça, se não o castigo vai durar mais tempo. —olho pra baixo derrotada.

Blanca: Filha, fica calma esta bem? —se aproxima de mim.

Fernando: Blanca! —repreende —Deixe, ela tem que lidar com as consequências. —ao ouvir aquilo me subiu uma raiva que sai correndo e fui pro meu quarto.

      Bati a porta e a tranquei tremendo mais que tudo, que ódio, meu pai não me escuta, não acredita em mim e eu nem sequer tive a chance de me explicar, isso me dói muito, esse sentimento de impotência e de desconfiança estava me desesperando. Escondi o caso da festa justamente pra que não acontecesse isso e me aparece essas benditas fotos. Bufo de raiva e taco meus livros da prateleira no chão pra tentar amenizar todo esse sentimento ruim, mas nada adiantava. Como que isso chegou aqui? Quem as tirou? Por que fizeram isso?

      Várias lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, eu não estava entendendo nada, paro ao lado da minha escrivaninha pra me apoiar respirando fundo enquanto coloquei uma mão no peito tentando me acalmar, o que foi em vão, meus soluços do choro apenas aumentava, eu só precisava falar com alguém que me entendesse, mas seria impossível sem meu celular.

Que droga! Ódioooo! Vontade de arrebentar tudo o que está na minha frente!

       Sento na minha cama tentando me tranquilizar, estava difícil, nunca senti tanta raiva do meu pai, meu Deus eu realmente não queria sentir isso. Ponho as mãos na minha cabeça bagunçando meu cabelo de raiva, por dentro eu estava surtando, tinha que acontecer isso? Jura?

        Começo a chorar de novo, o nó que se formou na minha garganta me sufocava, estava me sentindo tão fraca por não conseguir me defender, sou uma idiota mesmo, incapaz de se fazer escutar.

-

      Acordei com minha mãe batendo na porta, olhei em volta, os livros no chão, minha roupa que usava ontem... É não foi apenas um pesadelo, foi real mesmo. Suspiro e me levanto, estava inconformada e desolada, olho meu reflexo no espelho e vejo meus olhos inchados. Vou direto pro banho e me arrumo pro colégio.

       Não queria descer pro café, não queria ter que ver o meu pai, além de eu estar com raiva dele, estava me culpando por sentir esse ódio por ele. Tive que descer, assim que entrei na cozinha o vi, sentei na mesa nem sequer o olhei, muito menos o dirigi a palavra.

Blanca: Minha filha como você está? —se senta a minha frente e a respondo dando de ombros.

Fernando: Responde sua mãe direito! —ordena, senti vontade de falar um palavrão mas o ignorei. —Só pra te avisar, vou te levar pra escola todos os dias e no horário próximo de tocar o sinal, vamos sair mais precisamente com dez minutos de antecedência do horario que fecham os portões, assim você não vai mais chegar cedo pra ter tempo de ficar de papo com seus amigos. —reviro os olhos.

      É sério isso que ouvi? Não vou nem mais ter vida social? Cara não da pra acreditar! Termino meu café e vou direto pro carro esperar meu pai, nunca vi ele desse jeito, estava insuportável.

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     Cheguei na escola e me apressei pra encontrar os meus amigos, precisava falar com eles, mas não tinha muito tempo até o sinal tocar. Andava apressada pelo corredor até que vi Mai e Anny sentadas embaixo da escada do pátio central e fui correndo até elas.

Anny: Caramba Dulce —fala assim que me aproximo delas —O que aconteceu com você, mandei um monte de mensagens no nosso grupo —aponta pra mim e Mai —Pra contar o que aconteceu ontem quando fui embora com o Poncho depois de deixar a Mai na casa dela —paro ao lado delas.

Dulce: Ai meninas vocês nem sabem o que aconteceu —elas me olham e sinto um nó na minha garganta se formar novamente.

Mai: Meu Deus Dul, que cara é essa? —me puxa pra sentar ao lado dela —O que houve? —uma lágrima escorre pelo meu rosto.

Dulce: Não sei como, mas além da bronca que levei da minha mãe por chegar tarde ontem, meu pai recebeu umas fotos —meu corpo fica tenso lembrando da cena de ontem.

Anny: Fotos? Mas que fotos são essas amiga?

Dulce: Da festa do Tomás, eu bêbada, outra dançando agarrada com um garoto e outra com uma garrafa de bebida na boca. —enxugo minhas lágrimas que insistiam em sair.

      O sinal toca e eu me levanto.

Dulce: Vamos pra sala meninas, é melhor, depois conto o resto —ajeito meu uniforme pra esconder minha cara de choro e elas me abraçam me consolando.

      Esse afeto fez todas as minhas lágrimas escaparem, me permiti chorar tudo o que estava entalado, o abraço delas me davam o apoio que me faltou ontem. Depois de me acalmar um pouco fui rapidamente ao banheiro lavar o rosto e em seguida fomos pra sala de aula.

     Entrei na sala e meus olhos rapidamente se voltaram ao Ucker que também retribuiu o olhar, vi no seu rosto uma expressão preocupada ao me ver, ele já tinha notado que algo tinha acontecido. Fui pro meu lugar e não pude conversar com ele porque a professora chegou bem depois da gente.

     A aula corria como sempre, mas minha cabeça não parava de pensar no jeito que meu pai me tratou ontem com tanta frieza e desprezo, em como ele não acreditava em mim. Eu estava incomodada dentro dessa sala, me sentia sufocada, queria correr dali e ficar um pouco sozinha. Apoiei minha cabeça e uma de minhas mãos e comecei a olhar pela janela pra tentar me distrair.

Meu Primeiro AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora