A Princesa Sirena

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O café estava farto como sempre, a princesa logo desceu acompanhada de seu filho, usava um vestido simples e os cabelos escuros presos em uma fita dourada.
Ela sentou-se ao lado do marido e todos começaram a conversar... Após a refeiçao, Sirena sugeriu que as mulheres fossem dar uma volta no jardim, já que o clima estava agradável.

Poe se dirigiu a Ranpo.

-Podemos dar uma Volta? - perguntou.

-Claro. - Ranpo respondeu distraidamente, sua cabeça parecia divagar por outros lugares.

Os dois caminharam em direção a biblioteca, o tempo estava estranhamente bom. E quando eles adentraram no recinto, não haviam outras pessoas além deles
-E então?
Poe deslizou suas mãos pela cintura do outro e puxou -o para mais perto de si.
-Shhh. -Sussurrou. - Me deixe tê-lo um pouco antes de voltar para os diálogos tediosos e premeditados daquelas pessoas que foram treinadas para agradar a alta sociedade.

Ele derrubou violentamente os livros que estavam sobre a escrivaninha e repousou gentilmente o corpo de Ranpo ali.

-Ele beijou o pescoço do outro, sentindo seu gosto doce e com a lingua traçou movimentos gentis em seu maxilar até encontrar seus lábios e se entregar deliciosamente.

-Tudo aqui é tão tedioso... Se não fosse por você, temo que eu teria enlouquecido...

Ranpo não conseguiu responder, pois seu lábios foram tomados novamente e ele sufocou um gemido.

As mãos hábeis do escritor deslizaram por sua pele até encontrar os botões de sua roupa...

-Como pode? Sinto que eu poderia escrever mil linhas sobre você... E ainda assim... -Ele murmurou - ainda assim... Não seria o suficiente... Nunca.

Seus corpos estavam completamente unidos quando ele murmurou essas palavras...

-Nenhum dos fantasmas na minha cabeça me assombra tanto quanto este sentimento.

Ele gemeu...

-Você... É... meu... -As palavras se perderam quando os dois chegaram ao clímax.

Ranpo sorriu.

Entendo. Ele pensou.

Se você quer jogar este jogo...

***
Alguns minutos depois a princesa adentrou a biblioteca e sentou-se diante da escrivaninha onde Ranpo e Poe organizavam alguns livros.

-Senhores... O estilo da organização os incomoda? -perguntou inocente.

-Na verdade, não. Nós estavamos apenas conferindo se havia alguns título de nosso interesse.

-Ah. Entendo. Eu particularmente gosto dos livros de filosofia. Embora o senhor meu esposo não me encoraje... Ele diz que não é certo. Que fico com a cabeça cheia de pensamentos.

- Bom. Acho que a senhora é inteligente o suficiente para perceber que isto não a impede de ler o que quiser. Não é mesmo? -Ranpo perguntou com um sorrisinho. E Poe assentiu silencioso.

-Com sua licença, devo me retirar. Alteza. Senhor Ranpo... Seus olhos se demoraram a encarar o outro e ele partiu.

-Sente-se detetive. Tem avançado nas investigações? - Sirena perguntou pegando um dos livros de Platão, o volume estava bem surrado.

Ranpo sentou-se na poltrona diante da escrivaninha e refletiu antes de responder.

-Digamos que me faltam uma ou duas peças... Afinal não aconteceu mais nada com o seu marido...

-Está certo, Detetive. Porém ele ainda parece agitado, nos melhores dias. E nos piores, ele fica completamente retraído e distante. Mesmo nosso filho não consegue alegrá-lo...

-O problema senhora, é que não acontecer nada o perturba... Acho que seu querido esposo teme pela própria morte... - a mulher estremeu um pouco.

-Eu... Eu acho que já meio que esperava... O problema é descobrir quem poderia desejar a sua morte?

Quem poderia não desejar? Ranpo se indagou em seus pensamentos.

-Mas não fique assustada, apenas mantenha seus olhos abertos... E trate de cuidar de si mesma e do seu filho. -Orientou.

-sim, milorde.

-pode me dizer há quanto tempo conhece sua alteza?

A mulher franziu o cenho.

-Pouco mais de 7 anos. Foi um casamento arranjado... Ele precisava de uma esposa com um bom dote e meu pai de alguém que resgatasse o nome de sua família da lama.

-Relações da alta sociedade nunca me convenceram.

-Mas ele não é um marido ruim... - Explicou-se.

-Eu não disse isso. -Ranpo permaneceu com a expressão neutra.

-Veja! Que horas são! Preciso ir ver Ollie. -A Princesa se ergueu e curvou-se rapidamente, e em um gesto saiu graciosamente agitando as saias do vestido.

Ranpo se ergueu e segurou o livro que estava com ela nas mãos...

No título estava escrito Platão, mas por dentro havia uma série de rituais esquisitos, envolvendo sacrificios, sexo entre dois parceiros e tortura, além de simbolos que ele não fazia ideia do que significara... Parecia coisa de outro mundo...
Ele continuou a folhear... Até que um risada escapou de sua boca...

-que mulher...

No meio de tudo havia uma página.
Uma única página...
Que continha um série de misturas
Todos envolvendo um ingrediente principal.

Essência de beladona.

Ele fechou o livro e posicionou-o.

Uma mulher que lê é uma criatura perigosa... Ele pensou.

Assustador.

Precisava confirmar uma coisa.

Depois de se retirar da biblioteca e seguir para os jardins que estavam silenciosos, a não ser pelo zumbido de algumas abelhas, ele caminhou entre as plantas por alguns momentos até encontrar o que queria. Um flor roxa e bonita, com folhas pequenas e verdes...

Que tipo de pessoa cultivaria beladona daquela forma?

Certamente os outros pensariam que seria uma planta insignificante...

Ranpo ouviu uma movimentação entre os arbustos mais frondosos e distantes, caminhou silencioso pela grama, até escutar um pequeno grunhido...

Alguém estava sendo terrivelmente machucado.

Ranpo Correu entre as plantas antes de finalmente ver o que estava acontecendo.

Felizmente ele conseguiu parar a tempo e silenciosamente antes de atrapalhar as duas mulheres que estavam ali.

Caroline e Sirena.

Ranpo moveu-se silencioso e voltou para a parte mais clara do jardim e sentou-se no banco sentindo -se confuso... Não esperava que a princesa tivesse um amante.
E de fato ela não tinha.
Era uma mulher, por quem estava envolvida. Que coisa.
Ele sentiu um vontade estranha de rir e foi para dentro do casarão onde o príncipe jogava cartas com o sr Murray.
E o mordomo Charles trazia um bandeja com sanduiches, biscoitos e um bule fumegante de chá... Ele sentiu seu estômago roncar baixinho... Então aproximou-se.
-Como vai, Sebastian? -O homem permaneceu com a expressão impassível.

-Estava muito bem até dois segundos atrás, Sr. Ranpo.

Ébano notou o detetive e chamou-o.

-Junte-se a nós para o chá Senhor. Estamos terminando está partida, quem sabe o senhor possa se juntar a nós e tornar as coisas um pouco mais desafiadoras.

Desafiadoras para quem? Ele pensou, mas sentou-se ao lado dos dois e decidiu jogar.

A Máscara da Morte VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora