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Angel estava ocupado pintando os cascos de Nuggets com um tom suave de roxo quando foi surpreendido por um número desconhecido em seu telefone do inferno. Bem, na verdade não é um número, mas uma série de runas estranhas que pareciam se contorcer se ele olhasse para elas por mais de um segundo. Confuso, ele atendeu, mudando as mãos que seguravam o esmalte, a escova e o porco para poder segurar o telefone na quarta.

"Quem diabos é esse?"

"Bem, isso é uma saudação bastante rude!" Veio a resposta alegre de Alastor.

"Não sabia que você tinha telefone." Anjo bufou.

"Eu não! Estou usando meu microfone." Alastor explicou. "Estou em uma loja e pensei em comprar algo para você ajudar em suas... atividades. Eu sei que as meninas confiscaram os que você trouxe com você."

Angel tirou o telefone do ouvido e semicerrou os olhos antes de devolvê-lo. "Mentira. Você foi a uma sex shop?"

"Só porque não estou disposto a participar do ato, não significa que deva privá-lo." Alastor explicou de forma confiante, mas acrescentou de forma mais calma: "E eu não quero que você fique entediado comigo."

"Isso e doce." Anjo riu. "Então por que você está me ligando?"

"Porque depois que entrei percebi que não tenho ideia do que você gosta e, para ser franco, não tenho certeza do que é a maior parte dessas coisas." Alastor admitiu, e foi recebido com risadas altas o suficiente para gerar algum feedback do microfone. "Oh, silêncio. Eu vou eviscerar você."

"Excêntrico." Angel respondeu, quase reflexivamente. Ele se recompôs, fechando o esmalte e apertando as mãos livres para tentar redirecionar a vontade de rir. "Ok, em qual loja você está?"

"Caixa de brinquedos de Pandora." Alastor respondeu.

"Ooh, chique!" Angel disse. "Eu estou familiarizado com isso. Ok, vá para a parede dos fundos. Deve haver chicotes e açoites ali."

"OK?" Alastor foi aonde lhe foi dito, tentando ignorar o outro demônio na loja que estava olhando para ele. "Eu estou lá."

"Bom. Olhe para a esquerda." Angel continuou a dirigir. "É onde geralmente está a merda boa."

"Oh." Alastor disse ao ser recebido por um rack cheio de vários vibradores. “Por que existem tantos tipos?”

"Algumas pessoas são exigentes. Ou colecionadores. Ou colecionadores exigentes." Anjo explicou.

"Este aqui diz 'varinha mágica'." Alastor relatou, pegando uma das caixas para olhar direito. "É uma forma muito estranha."

"Um pônei truque. Coloque-o de volta." Anjo disse. "Nunca compre nada que exija um cordão."

"Tudo bem, anotado." Alastor continuou navegando, ficando cada vez mais confuso ao ler vários pacotes. "Qual é a diferença entre à prova d'água e à prova de respingos?"

"Você pega algo à prova de respingos no chuveiro e será inútil." Angel respondeu, pegando Nuggets para soprar nos cascos do porco em um esforço inútil para fazer o esmalte secar mais rápido.

"Você não toma banho. Você tem aquela coisa arenosa."

"Não tomo banho com frequência. Pelo menos não para me limpar. Às vezes gosto de água quente, só preciso tomar um banho de poeira ou vou mofar."

"Sua biologia é fascinante." Alastor disse com carinho, pegando outra caixa. "Este aqui tem uma ventosa. Isso é importante?"

"Sim, isso é muito importante." Angel disse, esforçando-se para manter um tom sério. "Algum outro detalhe que você possa me contar?"

"É meio ondulado?"

"Que cor é essa?"

"O que isso tem a ver com alguma coisa?"

"Eu quero um vermelho!" Angel respondeu, tentando e não conseguindo rir quando Alastor desligou na cara dele.

Nuggets se mexeu, irritado por não poder andar enquanto seus cascos secavam. Independentemente disso, o porco gostou da atenção extra que o transporte lhe proporcionou. Angel os virou de costas para coçar a barriga do porco, recompensado com grunhidos e oinks felizes.

O tremor de Angel ainda estava presente, e ele teve uma forte onda de náusea mais cedo naquele dia, mas estava se sentindo bem agora e o tom estranho da voz de Alastor, que ele mal conseguiu mascarar, o deixou de bom humor.

Então, Angel começou a sentir um pouco de culpa. Com Alastor cuidando dele e trazendo presentes, ele se perguntou se as coisas sempre seriam tão unilaterais. Esta não era uma situação de sugar daddy, ou pelo menos Angel não queria que fosse. Ele não tinha certeza de como chamar isso, mas sabia que queria que as coisas parecessem justas. Normalmente ele ofereceria um serviço sexual, mas isso não era uma opção com o Radio Demon. Não parecia haver nenhum problema e isso incomodou Angel. Sempre havia um problema.

"O que você acha que Smiles gosta?" Angel perguntou a Nuggets.

Nuggets, numa demonstração de sabedoria muito sábia, apenas bufou.

"Sim, foi isso que pensei que você diria." Angel ficou inexpressivo. "Não que eu possa ir a algum lugar para conseguir alguma coisa para ele. Eu poderia fazer alguma coisa, mas..." Angel refletiu em voz alta, depois deu um tapa na própria testa. "Eu posso fazer alguma coisa!"

Nuggets gritou alegremente, chutando os cascos no ar enquanto Angel os segurava mais alto. Angel os abaixou novamente para beijar seus focinhos e depois os colocou no chão. O fato de o porco deixar pegadas roxas no tapete estava longe de sua mente quando ele vestiu a jaqueta e saiu correndo pela porta, subindo as escadas para o saguão, de dois em dois.

"Charlie! Preciso usar a cozinha!" Anjo ligou. "Que tipo de queijo nós temos?"

Você chama isso de cura? (RadioDust) - | TRADUÇÕES |Onde histórias criam vida. Descubra agora