Capítulo oito

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Alguns dias se passaram, desde que transei com Tom em cima da porra do piano. Ele ficou distante, falava apenas o necessário, não fiquei surpresa com a situação, era de se imaginar. Eu até insisti para que a gente conversasse, mas depois de algumas rejeições, simplesmente parei de tentar.

Hoje era o dia da posse do meu pai. Estava me preparando, coloco o vestido verde elegante que realça minha beleza natural. Meus cabelos são cuidadosamente arrumados em um penteado sofisticado, destacando minha feminilidade com um toque de graciosidade. Aplico uma maquiagem sutil, realçando meus traços delicados, enquanto coloco acessórios que complementam o conjunto.

No espelho, eu observo atentamente cada detalhe, buscando um equilíbrio entre a imagem de "filha orgulhosa" e a necessidade de expressar minha individualidade. A escolha meticulosa do vestido, reflete não apenas uma presença elegante, mas também um desejo de me destacar em um evento tão significativo para meu pai.

Ao me dirigir ao encontro de meu pai, percebo que ele já havia saído mais cedo. Surpreendentemente, eu encontro Tom na sala, me esperando, vestindo um terno preto, com uma gravata verde que contrasta quase que com o mesmo tom de verde do meu vestido.

Se quisesse que a gente fosse de casal, era só ter falado. Eu teria pensando no seu caso. — Debocho, ele me olha com uma feição séria e ignora completamente meu comentário.

Vamos logo, está atrasada. — Dessa vez, um carro nos levaria até lá. Estava tudo sendo feito de maneira cautelosa, havia mais uns cinco carros nos escoltando a caminho do local da posse. O trajeto é marcado pelo protocolo rígido e pela segurança rigorosa.

Assim que chegamos, a imprensa se aglomera ao meu redor, ansiosos por registrar cada movimento. Os flashes das câmeras e as perguntas rápidas criam um ambiente frenético enquanto eu tento navegar por entre os jornalistas. Tom, sempre atento, mantém-se próximo, agindo como uma barreira protetora.

Não encoste nela, porra! — Ouço Tom gritar para um dos jornalistas que na intenção de chamar minha atenção, tocou em meus ombros.

Ao adentrarmos ao palácio presidencial, Tom repentinamente demonstra uma urgência.

Com licença, preciso usar o banheiro. Volto em um minuto. Não saia daqui! — Assinto e o vejo se afastando apressadamente, me deixando momentaneamente sozinha em meio ao cenário imponente do palácio, observo ao redor, absorvendo a grandiosidade do momento e a complexidade da minha nova realidade.

Os minutos passam, e vejo meu pai se preparando para dar seu discurso ao povo. De repente, o ambiente solene do palácio é abruptamente interrompido pelo som de tiros, mergulhando todos em pânico e caos. O meu pai teve que interromper seu discurso, que nem havia começado, enquanto a segurança tenta reagir rapidamente.

Eu estava ansiosa e preocupada com Tom que ainda não voltou, tento entender o que está acontecendo, enquanto todo o palácio é envolvido por um clima de incerteza e tensão.

Com o tiroteio causando tumulto, estava assustada e sem saber exatamente o que estava acontecendo, procuro desesperadamente um local para me esconder. Eu me movo o rapidamente, perdendo meu pai de vista, procuro refúgio em uma área segura enquanto o caos se desenrola ao meu redor. A preocupação com Tom, ainda ausente, aumenta, enquanto tento manter a calma diante da situação caótica.

Em meio à confusão do tiroteio, sou subitamente surpreendida por alguém que me aborda por trás e me veda. O medo se intensifica enquanto sou sequestrada em meio ao caos, sou incapaz de identificar meu captor ou compreender os motivos por trás desse ato. A situação se torna mais obscura, deixando-me completamente vulnerável.

Por favor, não façam nada comigo! Me deixem ir. — Imploro, já me encontrava chorando como um bebê.

Quietinha, senhorita Finkler, não vou te machucar. — Vendada e sem poder resistir, sou conduzida para dentro de um carro. A sensação de movimento indica que estamos nos afastando do palácio presidencial e se dirigindo para um destino desconhecido. Me encontro à mercê desses sequestradores, incapaz de compreender o porquê desse ato cruel.

O Tom virá trás de você, eu sei disso. E meu pai não vai deixar barato, você vai pagar por isso. — Digo em meio a lágrimas, a verdade é que eu estava com muito medo de morrer. Meu pai tinha muitos inimigos.

Tenho certeza que sim, querida. — Debocha.

Assim que chego no local, sou liberta da venda que obscurecia minha visão. A sala onde sou colocada é vazia e desolada, criando uma atmosfera claustrofóbica. Me vejo obrigada a me sentar, cercada pelo silêncio tenso e pela incerteza do que está por vir. A angústia domina todo meu ser.

Meu sequestrador entra na sala, e sou surpreendida, noto uma incrível semelhança com Tom. Antes que eu possa processar completamente essa descoberta, Tom entra na sala, revelando-se como parte do sequestro.

Olá, minha afrodite. — A revelação chocante me faz mergulhar em um abismo de confusão e traição.

Tom? Isso é algum tipo de...? — Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, somos interrompidos por quem agora desconfio ser seu irmão. 

Porra, quando mandar eu sequestrar uma pessoa que esteja usando o vestido da mesma cor que sua gravata, que seja pelo menos no mesmo tom. — Disse quem eu supostamente prevejo que seja Bill. 

Sente aí, Bill. E cale a boca, preciso esclarecer algumas coisas com ela. — Minhas dúvidas acabaram de se confirmar. A confiança que eu depositava nele, a figura constante em minha vida, desmoronou diante dos meus olhos. Um turbilhão de emoções, decepção, confusão e uma sensação de vulnerabilidade extrema me envolveu, me deixando em um estado de desamparo.

Meu pai virá atrás de você, está fodido! — O vejo sorrir, de forma sarcástica.

Essa é a intenção, minha afrodite. — Ele diz rígido.

Por que fez isso comigo? por que me usou dessa forma? — Me desmancho em lágrimas mais uma vez.

Procuro por vingança, Olívia. O maldito do seu pai matou minha mãe. Eu aguardo por esse momento a muitos anos. Uma pena que não se lembre de mim. — Ele disse, me deixando confusa.

Tom, ela ainda não está pronta para saber. — Bill corta seu irmão que rapidamente o encara com raiva, o fazendo se sentar novamente.

Saber o que? Me diz! — Exclamo.

Eu te disse que alguns mistérios eram melhores não sendo revelados, mas já que insiste. Klaus é envolvido com tráfico internacional de mulheres, Olívia. Minha mãe foi uma vítima, e a sua também. Eu te vi nascer. — Meu mundo desaba.

Você está mentindo! — Isso não poderia ser real, não fazia sentido. Me viu nascer? Como assim?

Olívia, caralho! Ele nem seu pai de verdade é! Nossa mãe foi assassinada na nossa frente, ele ficou obcecado pela sua, e a levou embora junto com você quando você tinha três anos. Fomos abandonados e obrigados a saber viver por conta própria com apenas seis anos de idade. Olívia, todas as coisas que eu fizer com esse filho da puta, ainda será pouco. — A decepção e a tristeza me envolveram, me deixando em um estado de descrença diante da trágica realidade que agora era revelada.

Não, não pode ser... — Eu me vi em um labirinto de mentiras e enganos, onde a figura paterna, que deveria ser um porto seguro, transformou-se em uma fonte de dor e traição. O peso da revelação tornou-se um fardo difícil de suportar, mudando para sempre a minha perspectiva sobre o que eu achava que conhecia.

Fique tranquila, assim que ele vier atrás de você e eu conseguir o que quero, você estará livre. — Ele sai junto de seu irmão, agora sozinha na sala, me vejo envolta pelos escombros emocionais resultantes dessas revelações. A solidão da sala vazia reflete a solidão que agora permeia meu coração. Lidar com a traição de Tom e a revelação sobre meu pai torna-se uma batalha interna, enquanto eu confronto a dor, a raiva e a desilusão.

Sou forçada a enfrentar esses sentimentos complexos, sem ter certeza de para onde ir a partir dali. O meu mundo mudou irreversivelmente, e o peso da verdade me deixa em um estado vulnerável, me obrigando a confrontar uma nova e sombria realidade.

The Hell On Earth - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora