Capítulo dezesseis

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Eu estava envolta pelo nervosismo, me encontro sem palavras diante da expectativa do meu pai.

Bem, Olívia, estou esperando uma explicação. O que aconteceu? — Ele disse enquanto aguardava uma resposta.

Pai, eu fui até a biblioteca para estudar mais. Estou me esforçando nos estudos, e perdi a noção do tempo. — Inventei.

Na rua até tarde, Olívia? Isso não é típico de você. Há algo mais que eu deveria saber? — Ele estava desconfiado.

Pai, eu sei que parece estranho, mas estou tentando melhorar nos estudos. Muita coisa aconteceu, queria me distrair. — Eu estava nervosa.

Essa é a explicação que você tem para me dar? E por que você não me avisou antes? Passei horas preocupado. — Eu não esperava por tantas perguntas.

Eu não queria te preocupar, pai. Eu pensei que seria rápido, mas as coisas se complicaram. — Digo tentando manter a fachada.

Complicaram? Quero detalhes, Olívia. Não posso ficar no escuro, especialmente quando você some sem dar notícias. — Ele disse cruzando os braços.

Foi um imprevisto, pai. Eu estava na biblioteca, concentrada nos estudos, e acabei me envolvendo em ajudar alguém que precisava de auxílio. — Precisava escolher as palavras com cuidado.

Quem seria essa pessoa? Por que você não me ligou para avisar? — Por Deus, cale a boca.

Ela é uma ex colega de classe que estava passando por problemas. Eu não quis te incomodar, achei que conseguiria resolver rápido. — A desconfiança nos olhos do meu pai persiste, mas me agarro a minha narrativa fictícia na tentativa de manter a situação sob controle.

Olívia, você precisa entender que não posso protegê-la se não souber o que está acontecendo. Essa falta de comunicação só cria mais preocupações. — Ele suspirava.

Eu sei, pai. Eu só... não queria que você se envolvesse em algo que eu poderia resolver. Parecia algo pessoal. — Eu estava visivelmente desconfortável.

Olívia, você sabe que pode confiar em mim para lidar com qualquer problema, não é? — Ele sorria pra mim, e eu só sentia medo.

Sim, pai. Eu apenas... preciso lidar com algumas coisas por conta própria, mas obrigada por entender. Acho que vou descansar um pouco. — Saio sem dar chances de resposta para meu pai. Enquanto fecho a porta do quarto, o alívio temporário se mistura à ansiedade, pois percebo que manter a fachada tornou-se uma tarefa ainda mais desafiadora.

Tom's Pov

Passo o tempo imerso no tédio, olhando para o teto como se buscasse alguma forma de escape. Uma sensação de claustrofobia e frustração se intensifica, sugerindo que o ambiente restritivo está começando a afetar minha mente.

Tom, você parece distante. O que está pensando? — Kit perguntou, me tirando do transe.

Nada demais, Kit. Só... lembranças, suponho. — Respondo.

Lembranças? Conte-me, talvez ajude. — Ele parecia interessado.

São coisas complicadas, Kit. Problemas que eu gostaria de esquecer. — E eu realmente gostaria.

Tom, você já amou alguém profundamente? — Ele perguntou.

Sim.— Ele iria esquecer que eu disse isso de qualquer forma.

Como foi? Conte-me mais sobre essa história. — Ele respondeu de forma animada.

Foi o que foi. Não há muito o que dizer. — Desconverso.

Tom, percebo que há dor em suas palavras. Negar o passado não elimina as feridas. Você tem medo de enfrentar o que aconteceu? — Que porra é essa?

Ótimo, agora você é meu psicólogo, Kit? Talvez eu devesse deitar no divã e desabafar sobre todos os meus problemas. — Deixo soar sarcástico.

Não sou um psicólogo, Tom. Só um cara que se importa. Se quiser conversar, estou aqui. — Maldita simpatia que me quebrava.

Cara que se importa? Poupe-me. Todos têm seus próprios problemas aqui. Não preciso de simpatia. Me deixe em paz com meu silêncio. — Respondo irritado.

Entendido, Tom. Se mudar de ideia, estou por perto. — Ele sorri enquanto volta a desenhar na parede.

Kit, só... o que você acha sobre perdão? Digo, quando alguém faz algo terrível, acha que merece perdão? — Pergunto sem jeito alguns minutos depois.

Bom, Tom, depende da situação. Algumas coisas são difíceis de perdoar, outras nem tanto. Por quê? — Ele voltava sua atenção para mim.

Coisas irrelevantes. Nem sei por que perguntei. — Viro pro outro lado. Perdão? Não existe perdão para o que ela fez. Nunca vou perdoar Olívia por me colocar nesse inferno.

De repente, homens invadem o quarto com brutalidade, cada movimento intensificando a sensação de medo e desamparo. As mãos ásperas me agarram, arrastando-me para uma sala onde a violência física e psicológica atingiriam um novo patamar.

O que estão fazendo com ele?! Ele não fez nada, estava quieto. — Kit gritava desesperado.

Não se preocupe, Kit. Eu volto já. — Digo tentando resistir mas sendo dominado.

As pancadas então ecoam, misturando-se aos gritos abafados e ao som de meu próprio sofrimento. A visão turva e a dor aguda se tornam um borrão, enquanto eu luto para manter qualquer vestígio de controle sobre sua própria existência. A minha mente é invadida por um torpor de dor e resistência.

Por que estão fazendo isso? Porra, eu estou na minha. — Pergunto.

O patrão quer que você pague, garoto. Você mexeu com quem não deveria. — Seus punhos se movem como martelos, cada impacto ressoa na sala.

O preço dos segredos é alto, meu amigo. E você está prestes a pagar. — Um deles sussurrou em meu ouvido, entre os golpes.

Estava exausto e tonto, começo a perder a consciência sob a sucessão de golpes implacáveis. Minha visão turva e a sensação de desorientação me envolvem, enquanto os homens me arrastam de volta ao quarto original de forma brutal. Meu corpo é manuseado de maneira áspera, como se fosse uma mera carga, sem qualquer consideração pela fragilidade física que me resta.

Kit's Pov

Ao ver Tom sendo trazido de volta algumas horas depois, fico visivelmente perturbado e preocupado. Meus olhos refletem a angústia diante da brutalidade infligida a Tom, um companheiro de sofrimento aqui dentro. A impotência se manifesta em meu semblante enquanto observo a cena, incapaz de intervir contra a violência que assola meu amigo.

Tom estava com um olhar vazio e resignado, não emite uma palavra sequer. Seu silêncio é carregado de uma dor profunda, uma resposta silenciosa para a brutalidade que acabou de enfrentar. Os olhos de Tom, opacos e distantes, refletem a tormenta interna que o envolve, enquanto ele se fecha em seu próprio mundo de sofrimento.

Coloco Tom cuidadosamente na cama. Com gentileza, eu utilizo a minha própria camisa para limpar o rosto machucado do rapaz, tentando aliviar, ao menos minimamente, as marcas da brutalidade sofrida.

Quando me preparo para deitar em minha própria cama, Tom, ainda debilitado, estende a mão e agarra o meu braço. Com dificuldade para falar, Tom expressa um agradecimento sincero — Obrigado, Kit... por estar aqui.

Você não precisa agradecer, Tom. — Sorri.

The Hell On Earth - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora