⋆ ✧ ˚ Kento Nanami · .

1˖⋆ ✧ ˚ Anrie · .

O ar gelado da noite me envolve em seus braços,enquanto permaneço encolhida,buscando refúgio do frio no pouco calor das minhas roupas.

- O que faz aqui?

A voz firme rompe a barreira dos meus pensamentos e meus olhos correm à procura de quem se dirige a mim.
Levo alguns segundos para assimilar a voz,a imagem do homem parado em pé ao meu lado.

- Consegue me ouvir?

Kento Nanami questiona, parecendo genuinamente curioso sobre a resposta de sua pergunta.

- Consigo.

Respondo,me sentindo estúpida pela nítida debilidade em meu tom.
Certamente,causada pelo álcool que ingeri e que tem sua embalagem sendo balançada despretensiosamente em uma de minhas mãos.

Os olhos dele varrem meu rosto, descendo até pararem na garrafa em minha mão.
Em um movimento fluído e ágil ele agarra a garrafa,leva até seu nariz e inspeciona.

- Você tem idade para beber isso?

As palavras me afetam de forma pessoal e posso sentir minha testa enrugar em uma expressão rabugenta.

- É claro que sim!

Ele me olha desconfiado, parecendo pouco convencido.

- Qual sua idade?

- Vinte.

Respondo de maneira presunçosa, apenas para encerrar a discussão.
Tendo em mente que me declarei um ano mais velha do que realmente sou.

- Venha comigo.

A dureza em sua voz não me dá espaço para questionar.
Ele segue caminhando sem olhar para trás,esperando que eu o tenha acompanhado.
Logo que para a frente do seu carro,ele vira esperando que eu faça o que ordenou.
Êxito antes de tomar a decisão,mas,mesmo assim, vou ao seu encontro,parando a sua frente.

- Vou apenas deixar você em casa.

A última vez que conferi o horário foi antes de sair de casa.
E por mais que eu não queira voltar para lá,imaginar que Noritoshi possa estar preocupado com meu sumiço em um horário já avançado,parte meu coração e é o que me convence a entrar no carro de Nanami.

Abaixo e me acento ao lado do banco do motorista.
Nanami fecha a porta e dá a volta,tomando seu lugar na direção,fechando sua própria porta.
Com uma das mãos repousadas no volante ele confere a hora em seu
TAG Heuer e entrega o celular na minha mão.

- Preciso do seu endereço.

Pesquiso pelo aplicativo de GPS e digito o endereço.
Assim que devolvo o aparelho ele confere a localização.

- Achei que morasse com sua família.

- Eu moro.

Nanami me olha sutilmente em confusão.
Posso deduzir que sua reação se deve ao fato do endereço que destinei a ele,não corresponder ao do clã Kamo.

A verdade é que minha relação com minha família sempre foi conturbada.
Primeiramente, por ter nascido mulher e depois por ser a irmã mais nova da linhagem.

Meu irmão, Noritoshi,por outro lado,é tudo o que um clã como o nosso poderia querer.
Homem,forte e o primeiro na linhagem de sucessão.
E esse favoritismo sempre foi evidente em toda nossa jornada até aqui.

Noritoshi teve todo o apoio para estudar e aprimorar sua técnica, enquanto, em hipótese alguma poderia me dedicar apenas ao estudo do jujutsu.
Sendo assim, estive sempre um passo atrás dele.
O que não me incomodaria,porque eu o amo,e ele é a única pessoa que posso contar no mundo.