2˖⋆ ✧ ˚ Anrie· .

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O relógio na parede à minha frente, marca três horas e treze minutos.
Passaram-se por volta de quarenta a quarenta e cinco minutos,desde que cheguei em casa,e tive um encontro desagradável com meu pai,para dizer o mínimo.

Noritoshi está sentado à minha frente,desde que ele passou pela nossa porta em direção a rua.

É difícil para mim lidar com o temperamento do nosso pai.
Mas,o mais difícil é ter que lidar com a culpa transparente na postura do meu irmão,pela sua impotência diante da situação.

Sempre que nos encontramos ele deixa um rastro em nós dois.

Desde que ficamos a sós, Noritoshi me examina minuciosamente.
Seus movimentos apressados e quase imprecisos, me permitem notar seus nervos a flor da pele,apesar,do semblante impassível.

- Você não precisa fazer isso.
Estou bem!

Me oponho,afastando suas mãos do meu rosto.

- Para de ser chata!

Responde,ignorando meu protesto.
Eu o observo caminhar até a bancada da cozinha,que tem as luzes apagadas.
Sendo iluminada apenas pela fraca claridade amarelada da sala onde estávamos.

Ele pega o que me parece,pela distância que estamos,ser algodão, e coloca embaixo da torneira,logo,fazendo o percurso de volta até a mim, retornando ao lugar onde estava antes.

- Pressione isso no lábio.

Me entrega o algodão ensopado.

- O que é isso?

- Só água. Gelada.

- Ainda bem que você é feiticeiro.

Zombo, tentando deixar o ar menos entristecido entre nós, porém,tudo que consigo é um olhar sério de repreensão.

Levanto as mãos para o alto,sem acrescentar nada,apenas retirando silenciosamente meu comentário.

- Se você sentir alguma coisa,por menor que seja,me avise.
Ieiri pode ajudar.

Diz enquanto se afasta, desabotoando os primeiros botões da camisa azul marinho que veste.

- Ela não é muito velha para você?

Comento, com o único intuito de irritar meu irmão,que insisti na ideia de não ter sentimentos por Shoko.
Apesar disso,ele não dá atenção ao meu comentário, meramente segue em direção ao seu próprio quarto.

- Vá para cama.

Ordena, fechando sua porta.

Subo para me deitar, aproveitando as poucas horas de sono que me restaram.

Demoro a de fato levantar da cama quando o dia amanhece e quando faço, encontro-me no silêncio da vasta casa.

Descendo as escadas encontro meu irmão sentado à mesa para o café.

- Como veio para casa ontem?

Questiona, parecendo pouco interessado,assim que me junto a mesa.
Não costumo mentir para ele, porque confio, mas, ainda é manhã e não quero responder suas perguntas, sobre como encontrei Nanami e porque veio me deixar.

- Táxi.

Minto,tomando um gole da minha xícara de café.
Não por falta de confiança,mas,por não querer voltar a noite passada.

Noritoshi repete meus movimentos, enquanto desliza o retângulo com o nome e número de Nanami sobre a mesa.

- Você não me deve satisfação.
Mas, não achei que mentia para mim.

⋆ ✧ ˚ Kento Nanami ·  .Onde histórias criam vida. Descubra agora