⋆ ✧ ˚ Kento Nanami · .

14 ˖⋆ ✧ ˚ Anrie · .

Visto a calça azul escura, terminando de fechar alguns botões, quando ouço as batidas na porta. Caminhando até lá, giro a maçaneta e me deparo com Satoru Gojo. O homem é alto o suficiente para eu ter que erguer o olhar para vê-lo, mesmo não tendo baixa estatura.

- Atrapalho?

Talvez ele esteja levando a sério isso de proteção. Desfaço minha expressão ,que deve parecer confusa e ofereço um sorriso para ele,que nunca desfaz o seu, enquanto desata sua venda para repôr.

- Hum... Não.

Ele aponta o indicador para dentro do meu dormitório e meu olhar o acompanha.

- Posso?

Questiona, com as sobrancelhas levantadas, fazendo a pergunta por si só. Demoro a entender a que se refere.

- Ah,claro. Pode entrar!

Abro caminho, dando espaço suficiente para Satoru passar por mim e entrar, observando o ambiente. Sinto-me um pouco envergonhada, já que não tive tempo de organizar minhas coisas e está tudo uma bagunça.

- Vim ver como você está.

Vira olhando para mim. Ele não usa a venda de antes; esta é mais escura. As mãos estão contidas nos bolsos.

Não o conheço muito bem. Tudo que sei a respeito de Satoru é o que todos sabem: ele é forte, o Feiticeiro mais forte da atualidade. E, como se isso não fosse o suficiente para impressionar qualquer um, Satoru ainda é dono de uma beleza celestial. Olhar para ele é como contemplar a supremacia da criação divina. Os cabelos brancos contrastam com o azul vivíssimo de seus olhos e o rosa de seus lábios. Sua aparência é completamente harmoniosa.

- Estou bem. Ainda não tive tempo de me acostumar, é claro. Acabei de chegar.

Respondo tentando parecer casual, mas a realidade é que me sinto intimidada por sua imponência.

- Não precisa ficar assim comigo, sabia?

Ele diz como se lesse meus pensamentos. Provavelmente minha linguagem corporal me entregando. Não nasci para o poder, me sinto vulnerável diante dele, isso é com Noritoshi.

Satoru caminha pelo quarto, mexendo nas minhas coisas sem permissão. Ele é sempre tão intrometido?

- O que acha de sairmos esta noite?

Minha respiração fica errática, como se o ar tivesse sido puxado de uma vez dos meus pulmões, enquanto meus pensamentos parecem confusos e indistintos.

- Por que exatamente?

A curiosidade latente ultrapassa o bom senso. Pelo que ele aceitou fazer por mim, deveria ser grata a ponto de me lançar de um penhasco se pedisse.

Acompanho seus movimentos enquanto ele tira uma de suas mãos do bolso, que traz consigo o aparelho celular, que entrega para mim.

- É bom que saibam o quanto antes que estamos juntos.

Sugere. Sua frase dando margem a todo tipo de interpretação. Posso estar sendo traída por meus olhos, mas tenho a impressão de que Satoru está flertando.

- Anote seu número. Aviso quando puder buscar você.

Meus músculos demoram a reagir e a fazer o que me pede. Assim que digito o número no celular dele, devolvo.
E ele pega e guarda.

- Vejo você mais tarde, Anrie.

A pronúncia do meu nome soa sedutora em seus lábios. Ele sorri e se dirige à saída, sumindo imediatamente.

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Mais tarde, depois de algumas horas em que o sol já havia dado lugar à luz noturna, encontro-me sentada do lado de fora da escola. Todos estão em seus dormitórios ou saíram com os amigos. Somente eu estou parada há uma hora, esperando a boa vontade de Satoru aparecer. O ar frio me faz questionar se não seria melhor pegar um casaco. Logo que levanto para buscar, um carro estaciona do outro lado da rua. O Maserati preto, em toda a sua glória. A porta se abre e Satoru caminha até mim, um sorriso estúpido em seus lábios. Nitidamente, sua intenção é impressionar.