12˖⋆ ✧ ˚ Noritoshi · .

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O céu foi banhado pela noite a algum tempo. E agora passam das oito.
Estou cansado. Meus pensamentos ultimamente têm me deixado em turbulência. E o fato de passar tanto tempo solitário não ajuda muito.
Estou começando a sentir falta de Mai.
Apesar de ter que aguentar sua personalidade difícil,ela consegue me distrair por um tempo.

O único momento que vejo Anrie é quando vamos para a escola. Geralmente quando voltámos,ela sobe para o quarto e não a vejo até o dia seguinte. Hoje no entanto, decidiu sair com Utahime ou algo assim.

Vou até a cozinha para preparar algo para comer. Mas,sou interrompido pela batida na porta. Não estou esperando ninguém.
Caminho até a entrada,girando a chave na fechadura.

- Olá, Noritoshi.

Meu pai entra sem pedir permissão.
Que merda! Da última vez que esteve aqui,sua visita resultou em sua mão envolta no pescoço da minha irmã.
Seu humor é volátil.
Espero que ela não chegue enquanto ele estiver.

- Sua irmã está?

Engulo em seco.
Ao menos dessa vez tenho uma resposta para dar a ele, não quero que espere ela chegar.

- Ela saiu com Utahime.

Ele não parece se importar com a declaração.
Seus olhos vagando pela casa como se procurasse algo.

- Tem certeza disso?

Não. É claro que não. Ela poderia facilmente ir para qualquer lugar.
Mas,essa não é a resposta que ele quer ouvir.

- Tenho.

Meu pai cruza as pernas,tomando espaço no sofá, suspirando alto.

- Melhor. Essa conversa é entre nós dois.

Meu corpo inteiro é coberto por calafrios. Não sou um homem de temores, porém,meu pai tem esse poder.
Tento não parecer intimidado, indo até ele e sentando no sofá a sua frente.

- O senhor está bem?

Ele sorri alto, com a cabeça sendo jogada para trás.

- Peço desculpas,novamente.
Pelo meu equívoco.

O semblante dele se fecha,me encarando por algum tempo.

- Você é cheio de erros.

Introduz sem pressa.

- Mas,não me mataria nem se quisesse.

Tenciono o lábio tentando conter a raiva que toma conta de mim.
Eu tentaria se tivesse a chance novamente.
Daquela vez foi um erro, porém, garantiria não errar de novo.

- Ieiri curou você?

- Alguém melhor.

- Tsc.

Zombo. Tenho conhecimento que outros feiticeiros fazem bom uso de energia reversa. Melhor do que Ieiri? Duvido muito. Ele só quer diminuir o talento dela.

A discórdia no meu tom não foi uma boa escolha e é exatamente o que sua expressão me conta.
Meu pai parece calmo hoje,mesmo depois do ocorrido de dias atrás e isso só aumenta minha preocupação.
Sei que ele está esperando o momento oportuno de tirar esse atrevimento de mim.

- Você e sua irmão vão voltar para casa.

Eu sabia. Meus punhos abrem e fecham em uma tentativa de aliviar o estresse. Ele quer foder comigo.

- O quê? Questiono. A voz saindo mais alta e desesperada do que gostaria.

- Arrume suas coisas e leve sua irmã.
Não quero saber de suas oposições.

O velho diz isso como se estivesse me passando uma lista de compras.
Não tenho tempo sequer de assimilar.
Ele se levanta e vai até a porta calmante. O tilintar das chaves é o que me avisa que a porta foi fechada e ele se foi.
Quanto a mim permaneço extasiado onde estou sentado.

Anrie. Anrie não vai.
Ela não aceitaria voltar para lá.

Pego imediatamente meu celular e ligo para ela. O telefone toca algumas vezes até atender.

- Oi,Nori. Estou quase indo.

Sua voz é calma e relaxada. Parece descontraída.

Aperto os olhos e passo as mãos sobre o rosto.
Que merda eu vou fazer pra resolver isso? A vida dela era um inferno quando morávamos lá. Não posso pedir que volte.

- Está bem. Não demore, tá bom?

Tento manter minha voz controlada.
Mas, Anrie me conhece bem.

- Aconteceu alguma coisa?

Não posso mentir. Não mentimos um para outro. Guardo segredos é claro. Mas,isso não é mentir,certo? Não para mim.

- Na verdade sim. Preciso que venha.

Ela se despede de alguém. O burburinho de vozes passando através do aparelho.

- Estou indo.

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Anrie não demora a chegar.
Como imaginei,ela se recusou a voltar.
São duas da manhã. Ainda não dormi e acredito que ela também não.
Tenho uma ideia. Um único resquício de esperança.

Quando saímos de casa tive que argumentar ardentemente com meu pai. Usei tudo que pude para manipular sua decisão. Anrie estava decidida. No entanto,ao sair sozinha, sairia como uma rebelde. Ele a mataria. Deixar uma rebelde,mesmo que sua filha, sair ilesa, significava fraqueza. Ao menos era assim que nosso clã iria enxergar.
Agora, a única saída que vejo torna minha irmã uma rebelde declarada, destinada a morte.
Mas, existe um jeito. Uma única saída em vista.

Não posso acompanhá-la nessa decisão.
Não sou forte o bastante para ir contra um clã inteiro e seus aliados. Porém,se alguém forte o suficiente assumisse a responsabilidade pela vida dela,Anrie finalmente poderia ser livre.
Só existe uma pessoa forte o suficiente para isso. Que com apenas uma declaração manteria todos longe.
Para isso, preciso contar com a boa vontade de Satoru Gojo.

⋆ ✧ ˚ Kento Nanami ·  .Onde histórias criam vida. Descubra agora