Capítulo 2

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Regulus estava ferrado.

Fazia um mês e meio desde que ele voltou de Hogwarts, e ele nunca teve um mês tão infernal em toda sua vida. Ele vomitou a maior parte do tempo, ou estava enjoado demais para comer alguma coisa. Coisas que ele adorava comer estavam parecendo tão nojentas e, oh, céus! Que enchaqueca chata! Ele se sentia tão malditamente fraco que era irritante.

Ele pensou que estava doente, então procurou por poções que pudessem aliviar aqueles sintomas insuportáveis, mas estas tiveram um efeito diferente do que ele pensava e eles as vomitou antes que pudessem fazer algum efeito. Ele sentia seu corpo estranho, e sabia que algo estava fora do lugar.

Mas o quê?

Não foi até que seu pai decidiu levá-lo em um medibruxo quando descobriu que ele estava doente que ele soube o que estava acontecendo. E ele estava tão ferrado.

— Desculpe, eu acho que não entendi direito... — Orion perguntou, calmamente, embora estivesse visivelmente tenso. — Ele está o quê?

— Senhor, eu peço calma. — A medibruxa que estava o atendendo, Melanie, pediu. — Sei que deve ser difícil de absorver, ele é um garoto, afinal. Mas deixe-me explicar...

— Explique, então. — Orion pediu com uma cordialidade forçada.

— Suponho que vocês saibam perfeitamente o que é um veela, então vamos para a explicação mais complicada. — Melanie suspirou, como se juntasse forças. — Seu filho, Regulus, é parte veela. Suponho que em algum momento, um avô ou avó tenham descendência veela, e isso ficou guardado no DNA. Um Veela macho é muito raro, e vocês devem ter um cuidado redobrado com a gravidez. Assim como uma mulher veela fica muito sensível na gravidez, um homem também fica. Eu aconselho que você fique perto do outro pai da criança, isso vai acalmar você e o bebê que está por vir. Eu posso acompanhar a gravidez, se me permitir, já tenho algumas experiências com isso. E eu sei que é jovem, mas tenho certeza que se sairá muito bem. Parabéns, papai.

Regulus queria cortar a língua dela, embora soubesse que ela não tinha culpa de nada e não sabia de sua situação familiar.

— Muito bem. — Orion respirou fundo, tentando manter a calma. — Vamos para casa, Regulus.

Regulus sorriu para a médica, trêmulo, e ela o olhou preocupada. A mulher olhou de pai para filho, visivelmente preocupada e já entendendo a situação. Falou então, em um sussurro mudo “eu sinto muito”, seus olhos mostrando o sentimento de todo o coração. Regulus apenas assentiu em resposta antes de virar as costas e seguir Orion para fora do consultório da doutora.

Desde o momento que saíram até aparatarem para casa, foi um completo silêncio fúnebre. Regulus esperava que sua morte fosse rápida, ao menos. Ele já estava se sentindo mal demais fisicamente para ainda agonizar no chão até morrer, e mesmo com tudo que sentia, aquilo não estava entrando em sua cabeça.

Ele era um veela. Ele estava grávido. Potter era o pai.

Assim que a porta da Mansão se fechou, Orion se virou lentamente para ele. Havia raiva no seu semblante, mas não como a que ele esperava receber.

— Quem é o outro pai? — Orion perguntou, direto, e Regulus soube o que ele estava pensando. Ele planejava casá-lo com o pai do bebê imediatamente para não sujar o nome da família.

— Eu... — Regulus travou. O que ele iria dizer? Seu pai o mataria quando ouvisse o nome sair de sua boca.

— Regulus, eu quero que seja sincero. — Orion disse, firme, tentando visivelmente conter sua raiva. — Quem é o pai dessa criança?

Regulus estava com medo. Sua mão foi para sua barriga, a percepção de que ele estava grávido o alcançando com tudo. Ele estava... Céus, ele estava mesmo...

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