Capítulo 22

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Regulus se sentia culpado.

Assim que James deu as costas para ele, Regulus sentiu uma onda de culpa enorme o tomando. Culpa, por saber que mesmo retribuindo os sentimentos de James escolheu o mandar embora. Culpa, por negar a si mesmo e a James a felicidade que eles mereciam. E agora lhe vinha o arrependimento por não ter feito diferente, por não ter escolhido dizer a James que também sentia isso por ele. Com tudo que estava acontecendo, Regulus só conseguia pensar que ele seria perseguido por esses sentimentos para o resto de sua vida.

Culpa. Arrependimento.

Ele era um completo tolo, um tolo estúpido que não sabia o mínimo sobre sentimentos e escolhia se machucar e machucar os outros de forma idiota. Ele havia feito a proeza de machucar James e se machucar de uma vez. Tudo isso porque estava com medo demais para seguir em frente, para tentar novamente, para dar uma nova chance ao amor de James. Tudo isso porque ele era um completo covarde que nunca enfrentava seus medos.

Aurora tinha sentido que ele estava estranho, que estava aflito com alguma coisa, e havia tentado questioná-lo sobre isso e tentado, de sua forma infantil, ajudar seu pai. Mas Regulus não poderia jogar um fardo tão pesado em cima de sua filha. Não poderia pôr um fardo tão pesado em cima de uma criança que não tinha culpa nenhuma de seus sentimentos confusos e de sua dor. Então, tudo que Regulus fez foi sorrir e dizer que estava tudo bem. O que, claro, era uma mentira. Uma tão grande e familiar mentira.

E ele tentou lidar com aquilo que sentia sozinho, como o adulto que deveria ser. Ele tentou mesmo. Mas, quando viu, ele estava deixando Aurora na escola e partindo para a casa de sua maior confidente ao invés de ir trabalhar. Sua melhor amiga, sua irmã. Pandora Lovegood.

— O que aconteceu? — Pandora perguntou assim que abriu a porta e deu de cara com seu melhor amigo aflito. — O que houve, Reggie? Está tudo bem?

— Posso entrar? — Regulus pediu, em um tom mais baixo do que normalmente usava. Pandora diria tímido, se não conhecesse bem seu amigo. Mas ela sabia reconhecer perfeitamente a aflição e a tristeza de Regulus Black quando via. — Eu preciso... Preciso de ajuda, Pandora. Preciso dos seus conselhos. Eu não sei o que fazer.

Pandora assentiu rapidamente sem questionar, dando um espaço para que Regulus entrasse em sua casa. Mais ao fundo, Regulus podia ouvir o som do que parecia uma furadeira funcionando, um pouco abafado pela distância e pelas paredes grossas que a mansão Lovegood possuía. Muito provavelmente, Xenophilius estava trabalhando em uma de suas invenções loucas, ou então apenas reformando algum cômodo. O que era bom, porque por mais que tivesse virado amigo de Xenophilius, Regulus não confiava nele a ponto de deixá-lo ouvir sobre seus problemas e sentimentos.

Pandora o guiou até o sofá, onde o deixou sozinho por um tempo apenas para pedir ao elfo doméstico para preparar e trazer um chá de hortelã para seu amigo. Depois, sentou-se de lado no sofá, de frente para o Black. Como uma velha mania, segurou as mãos um pouco trêmulas de Regulus entre as suas, tentando tranquilizar o amigo com um olhar doce e mãos calorosas.

— O que houve, meu irmão? — Pandora perguntou afetuosamente. — Algo aconteceu? É James novamente?

— Aconteceu, e sim, é James novamente. — Regulus gemeu, puxando suas mãos das de Pandora e cobrindo o rosto em vergonha. — É tão óbvio assim?

— Não, não é. Mas eu conheço você, Regulus. — Pandora disse, voltando a puxar as mãos deste para baixo. — Sei que o que mais te aflige no momento é ele. Mas o que houve? Sinto que estou perdendo um ponto importante dessa história.

— Bem, tem algumas coisas que eu deveria ter te contado antes, mas não te contei. — Regulus mordeu o lábio inferior, nervoso. Ele não gostava, particularmente, de esconder coisas de Pandora. — V-Você sabe que eu gosto de James...

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