Regulus olhava em volta atentamente.
A casa que seu pai comprou parecia bonita por fora, e era três vezes mais por dentro. Segundo Orion, Grimmauld Place 12 parecia que iria engoli-lo a qualquer momento, e os gritos de Walburga ficavam cada vez mais insuportáveis. Regulus teve que os escutar quando foi ajudar seu pai com a mudança, e céus, como ele ainda aguentou por tanto tempo aquela voz estridente gritando? Regulus já teria botado fogo naquele retrato. Aliás, seu pai teve que impedi-lo de fazer isso. Regulus falaria sobre isso com Sirius, tinha certeza que ele o ajudaria e ainda arranjaria uma forma de parecer acidente.
A nova casa que seu pai comprou ficava em Islington também, tal qual Grimmauld Place 12, mas bem mais perto da sua, e Regulus suspeitava que tinha sido de propósito. Ficava em uma rua mais atrás, e era uma grande mansão no estilo renascentista que encantou Regulus. Era linda, cheia de quadros e vidraças, estátuas e esculturas, a própria casa da arte.
— Gostou? — Orion perguntou, parando ao lado do filho mais novo, que olhava em volta encantado.
— É lindo... — Regulus só conseguiu responder isto, uma vez que ele se encontrava preso em uma estátua do que deveria ser a representação do deus do sol, Apolo.
— Eu sempre quis ter uma casa assim. — Orion admitiu, um pouco sem graça. — A casa onde eu cresci, na França, era bem ao lado de um museu. A cultura renascentista e a arte simplesmente me encantaram, as estátuas são simplesmente magníficas.
— Consigo ver porque se encantou. — Regulus disse, suas mãos tocando suavemente a estátua de uma mulher com um véu tapando seu rosto. Um véu feito de mármore. — É maravilhoso.
— Olhe quem achou incrível também. — Orion falou, risonho, enquanto encarava uma Aurora que ia de pintura em pintura admirada.
— Acho que temos uma pequena admiradora de arte aqui. — Regulus riu, divertido. Aurora conseguia, de muitas formas, ser a imagem da graça e da perfeição.
— É bom que ela goste também. — Orion murmurou, apertando sua bengala no que deu um passo a frente. Uma vez que ele não conseguia mais andar por conta própria, ele teve que largar o cetro e andar com o apoio de uma bengala. Era frustrante, sem sombra de dúvidas, mas era melhor do que tentar andar se apoiando em um cetro. — Você sabe que eu não vou durar muito, então é muito provável que essa casa fique para vocês dois.
Regulus olhou para o pai, em claro conflito. Orion parecia calmo, como se já tivesse aceitado sua morte, o que era conflitante com Regulus, que estava longe de a aceitar. Seu pai não disse que doença ele tinha, apenas que era algo sem cura, e ainda não tinha entrado em sua cabeça que ele iria morrer. Mesmo com todos os anos que passou ignorando a existência de seu pai, ele ainda era seu pai e Regulus ainda o amava como tal.
— Olha, papai! — Aurora chamou, pulando animadamente no mesmo lugar. — Tem pinturas de Michelangelo aqui! Olha!
O olhar de Regulus se desviou de seu pai para encarar a menina, que mostrava animadamente pinturas que ele já havia visto em museus, mas que nunca tinha tido o prazer de ver tão de perto e com a garantia de que poderia ver quando quisesse. Era simplesmente fantástico ver tudo aquilo tão de perto, e por estar tão distraído vendo aquelas pinturas junto da menina, ele não viu o sorriso triste que seu pai lhes enviou.
Orion havia cometido muitos erros em sua vida, isso era verdade, e ele estava longe de compensar todos eles, mas ele queria ao menos tentar compensar o que podia antes de morrer. Ele não podia ir até Sirius, sabia que não seria bem recebido por Potter, por seu genro e por seu filho. Então, que ele compensasse o mal que causou ao caçula de seus filhos, ao menos. Ele o tirou de sua casa, mas poderia lhe dar outra bem melhor. Ele tirou sua fortuna, mas poderia devolvê-la. Ele negou sua neta, mas poderia aceitá-la agora. Havia erros que ele podia corrigir, e ele estava o fazendo. As paredes daquela casa ainda abrigariam muitas memórias para a família Black, e ele sentia que poderia ir em paz se estivesse tudo resolvido entre ele e Regulus. Ele não queria morrer, essa ideia o dava um pouco de pavor ainda, mas saber que veria Alphard de novo tornava tudo menos horrível. Quase como se ele apenas fosse se juntar ao irmão e não morrer.
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Someone to Stay - Starchaser
FanfictionRegulus sempre foi apaixonado por James Potter, mesmo que negasse até a morte. Então, quando James, completamente bêbado, decidiu flertar com ele, ele pensou que poderia sobreviver se tivesse aquilo pelo menos uma vez. Apenas uma noite, na qual Jame...