Epílogo

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Há momentos na vida, que você só quer se afogar na dor. Ignorar o que sente, engolir calado todo o sofrimento, até se afogar.

Regulus tinha perdido as contas de quantas vezes fez isso. Faziam tantos anos, mas ele ainda se lembrava perfeitamente de cada mínima dor que passou. Porque ele sofreu muito, e era impossível esquecer. Era impossível esquecer todas as vezes que sua mãe lhe lançou maldições. Era impossível esquecer o quanto doeu quando Sirius negou ser seu irmão e disse preferir James na frente de toda a grifinória. Era impossível esquecer a dor que sentiu quando engravidou e teve que se virar praticamente sozinho.

Mas, às vezes, temos que abrir outras portas na vida. Se concentrar só no que dói só faz com que você se sinta sem valor e desista de você mesmo. Foi o que Regulus aprendeu sozinho, conforme os anos se passavam e ele cuidava sozinho da sua garotinha.

E então eles voltaram para sua vida. Três das pessoas que mais o machucaram e que ele mais amava, apesar de tudo.

Estavam batendo na sua porta Órion, Sirius e James. Seu pai, seu irmão, e a única pessoa que Regulus realmente conseguiu amar. E foi um momento aterrorizante para ele, porque ele não estava preparado para lidar com tudo aquilo.

Tempos depois, ele percebeu que não era sobre estar preparado e sim sobre se permitir sentir. Porque se ele fosse esperar, não se sentiria preparado nunca. Ele nunca estaria preparado para encarar James falando da filha deles, para enfrentar Sirius comentando sobre erros do passado ou ver seu pai se desculpar.

Mas ele os recebeu em sua vida novamente. E foi a melhor coisa que ele fez, confessava. Porque durante todos aqueles anos em que esteve apenas Regulus e Aurora – e as vezes seus amigos –, ele sentia que faltava alguma coisa. Um vazio que não importava o que fazia nunca era preenchido.

Então foi um choque para si perceber que aquele vazio não estava mais lá. E foi no aniversário de seis anos de sua filha que ele percebeu o que faltava na sua vida. Era sua família. Sirius, Órion e James. Pessoas muito importantes que ele havia deixado para trás antes.

E então, seu pai morreu. Dia 21 de abril de 1985, seu pai se foi. E doeu tanto. Era a primeira vez que ele sentia a dor do luto desde seu tio Alphard, e ele pensava que nada poderia doer mais do que ver seu pai fechar os olhos e deixar de respirar. E o pior: sorrindo. Como se estivesse satisfeito com seu fim. Porque, bem, ele era o único que estava satisfeito com o próprio fim. O resto estava desabando.

E Regulus teria desabado, se não fosse por Pandora e James. Esses dois foram pilares fortes que o mantiveram de pé, que o fizeram ver que ainda havia muito pelo que viver quando a dor da perda dizia que era o fim. E ele estava mais que grato a eles por isso, e principalmente por lidarem melhor com Harry e Aurora, que também estavam sofrendo muito com a perda. Regulus poucas vezes conseguia consolá-los sem chorar, então ter James lá foi a melhor coisa que ele poderia pedir.

E os anos foram se passando. James também perdeu seus pais para a idade, e Regulus igualmente esteve lá para ele nesse momento difícil. O consolou e não o deixou sozinho em momento algum, porque sabia que James precisava de si. E, céus, Regulus amava tanto aquele idiota.

Eles dois tardaram a se casar. Isto porque eles já viviam tanto como um casal que se esqueceram que nunca haviam subido em um altar e feito seus votos. Perceberem que não tinha se casado foi uma percepção engraçada que os faria rir para o resto da vida. Havia sido hilário quando alguém se referiu a Regulus como Potter-Black e eles notaram que não estavam realmente casados.

Eles organizaram o casamento com alegria, tendo Harry e Aurora como principais críticos. Harry já tendo dez anos e Aurora onze, estando prestes a ir para Hogwarts. O casamento foi feito as pressas para que a menina pudesse estar presente, e foi em 25 de junho de 1990 que eles se casaram entre risos divertidos e piadas de seus amigos.

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