Capítulo 32

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Ninguém está preparado para quedas bruscas.

Mesmo que já saibam eventualmente que um dia vão morrer, nenhum humano está realmente preparado para quando esse dia chegar. Porque vai ser repentino, sem aviso. Uma queda brusca para a vítima, e uma pancada forte para os próximos dela.

Regulus não estava preparado para a morte de seu pai. Mesmo quando eles correram apressadamente para o hospital St. Mungus quando ele passou mal, Regulus ainda não tinha aceitado o fato de que Órion estava nas suas últimas semanas de vida. Nem aceitou quando disseram que ele não podia voltar para casa. E também não aceitou quando disseram que os próximos dois meses de vida dele teriam que ser passados internado numa sala fria e desconfortável de um hospital.

Mas do que adiantava ele não aceitar? Aquilo não ia mudar. Não importava o quanto ele implorasse aos céus, apenas uma milagre poderia manter Órion vivo. Era intoxicação, foi o que os médicos lhe disseram. Órion foi drogado por alguém por anos, e suas células e imunidade caíam a cada ano por causa disso.

E Regulus sabia exatamente a quem culpar.

Por que sua mãe sempre arranjava um jeito de estragar tudo, mesmo quando não estava mais viva? Era cruel a forma como ela se dispunha a arruinar tudo de bom que havia na vida de Regulus e Sirius.

E estavam sendo dias tão difíceis. Não só para ele como para Sirius, Aurora, Harry, James, Narcisa e todos que vinham se apegando a Órion nos últimos meses. Todos que foram cercados pelas histórias de quando Sirius e Regulus eram crianças, que foram cercados por comentários sarcásticos hilários ou reprimendas de postura que as vezes nem faziam sentido.

Agora, Regulus estava sentado em uma poltrona. Se sentia muito desconfortável, suas costas doíam e seus olhos ardiam pela pouca quantidade de vezes que Regulus piscava. Acontece que ele estava com medo de fechar os olhos e, de repente, Órion não estar mais lá. Regulus amava tanto seu pai. E perdê-lo para a morte estava doendo como o inferno.

Tentou se distrair lendo livros e falando com as pessoas por telefone, mas... Ele não conseguia. Não conseguia desviar os olhos da realidade triste que batia em sua porta. Porque doía tanto, por um milhão de razões diferentes. Órion parecia que tinha pegado o melhor de seu coração, e assim que partisse deixaria o resto em pedaços.

— Amor, você tem que comer. — a voz de James repentinamente ao seu lado o fez dar um leve pulo. — Vem, vamos ao restaurante aqui perto. Nós...

— Eu não quero, James. — Regulus respondeu imediatamente, para a maior preocupação de James. — Eu quero ficar aqui com o papa. Chaque fois peut être le dernier que je te verrai. Et je ne supporterai pas si je ne suis pas là pour lui.¹

— Ele não vai ficar aqui sozinho.

Regulus olhou para a porta surpreso, encarando os olhos tão parecidos com os seus de seu irmão surpreso. Sirius, de todas as pessoas do mundo, estava se oferecendo para ficar com seu pai.

— Tem certeza? — o Black menor perguntou, mordendo o lábio inferior em nervosismo.

— Absoluta. — Sirius sorriu fracamente para o irmão, tentando encorajá-lo a ir comer. — Prometo que cuido dele direitinho até você voltar.

Regulus o encarou por um tempo, visivelmente indeciso. Mas, eventualmente, assentiu.

— Certo. — Regulus concordou com o irmão. — Mas só se você prometer que vai me chamar se acontecer alguma coisa.

— Eu prometo. — Sirius disse, olhando levemente para trás quando a mão de seu marido pousou em seu ombro. — Bom, nós prometemos.

Remus assentiu.

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