Capítulo 4

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Havia se passado duas semanas desde a visita de Severus.

Evan, Barty e Pandora foram obrigados a voltar a Hogwarts, e apesar de ele ter se divertido muito nesses feriados com seus amigos, agora que eles tinham ido embora ele se sentia incrivelmente sozinho. Pelo menos, ele pensava, logo eles vão terminar Hogwarts.

Ele implorava que passasse rápido, porque a criança logo nasceria e ele não fazia a menor ideia de como cuidar de uma. Monstro era o único guia que tinha, e mesmo assim ele não estava muito confiante que será útil. Ele andava devagar pela casa, sentindo sua barriga pesada lhe dar dor nas costas. Senhor, que nascesse logo, por favor. Ele não aguentava mais.

Descer as escadas se tornou um problema, e ele amaldiçoava que não houvessem quartos no andar de baixo. Facilitaria muito a sua vida. Ele bufou, se apoiando no corrimão o máximo que podia e descendo passo por passo, sentindo leves chutes em sua barriga que vinham sendo cada vez mais frequentes. Fosse menino ou menina, adorava chutar, e isso era certo.

— Regulus, eu penso seriamente que você está tentando se matar. — Regulus nunca se sentiu tão aliviado ao ouvir a voz áspera e ao mesmo tempo bonita de Severus.

— Não tem quartos no andar de baixo. — Regulus respondeu, infeliz, descendo mais um degrau sozinho até que Severus o alcançasse e o apoiasse para descer. — E o Monstro escolheu um péssimo momento para fazer birra. Que sofrimento dos infernos!

Severus sorriu levemente para aquilo, tão imperceptível que quase não dava para se ver. Ele ajudou o Black a descer as escadas, o levando em direção ao sofá e o ajudando a se sentar.

— Obrigado pela ajuda. — Regulus suspirou, aliviado ao se sentar. — Não querendo ser grosso, nem mal agradecido, mas o que você faz aqui?

— Eu diria, sinceramente, que estou aqui por pura falta do que fazer. — Severus respondeu, simples. Ele não diria ao Black que a ideia de deixar alguém grávido sozinho o fazia se sentir horrível, seria irônico comparado a tudo que ele já fez por mandato de Voldemort.

— Aham, tá. — Regulus revirou os olhos.  Mesmo que a atitude de Severus fosse deveras suspeita, ele não queria ficar sozinho naquela casa. — Aproveitando toda sua falta do que fazer, me ajuda a fazer alguma coisa para comer?

Severus pensou em dizer que ele estava abusando da sorte, mas então pensou que não faria sentido ele ir ali para não ficar com peso na consciência e não fazer nada para ajudar o Black.

— Ah, você fica aí. — Severus mandou, bufando. — Eu vou fazer alguma coisa para você comer, e você fique aí sentado e repousando até eu terminar.

— E eu vou ficar aqui fazendo o quê? — Regulus perguntou, indignado. Ele não queria ficar ali sentado, ele queria fazer alguma coisa!

— Aprenda crochê então. — Severus mandou, revirando os olhos enquanto ia em direção a cozinha.

Regulus franziu o cenho, confuso, mas entendeu o que ele quis dizer quando se virou para frente e viu, do lado da lareira, uma caixa com agulhas, linhas e revistas de crochê que deveriam ter pertencido a avó de Pandora. Regulus bufou, cruzando os braços. Seus livros estavam lá em cima... Inferno.

Foi uma luta para se abaixar, e outra luta para levar aquela maldita caixa para perto do sofá, mas ele eventualmente conseguiu. Ele se sentou de novo com cuidado, pegando a linha e a agulha sem nem saber por onde começar. Como se fazia crochê? Não podia ser tão difícil.

Ele se enrolou duas vezes antes de perceber que dentro da caixa tinha uma revista que explicava os pontos básicos. Fingindo demência, ele começou a ler e tentar fazer igual mostrava nas figuras, completamente alheio a Severus rindo dele na porta da cozinha.

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