Capítulo 33

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⚠️ ALERTA DE GATILHO!! ⚠️

━━━ ☆. ∆ .☆ ━━━

Minho gostava da sua vida. Vivia com os seus pais que gostavam muito dele. Era filho único, claro, mas tinha muitos amigos na sua turma da primeira classe. Era um dia normal e ele desfrutava do seu tempo na escola quando foi chamado ao escritório. O rapaz entrou no escritório e viu o seu pai ali de pé, angustiado e com ar de quem estivera a chorar. Em todos os seus sete anos, Minho nunca tinha visto o pai chorar, por isso, obviamente, a criança reconhecia que algo estava errado. Correu para o pai e abraçou-o.

— O que é que se passa? — perguntou.

— Minho, temos de ir — disse o pai baixinho.

— Para onde?

— Explico-te no carro. Anda amigo, vamos embora — o pai tentou fazer-se de feliz para bem do filho.

O rapazinho seguiu o pai até ao carro e sentou-se no banco de trás. O pai ligou o carro e conduziu. O Minho pensou que iam voltar para casa, mas enganou-se.

— Minho, ouve-me — começou o pai a dizer. — Vamos para o hospital.

— Por quê? Quem é que está ferido? — perguntou Minho, sem saber o que estava prestes a acontecer-lhe.

— A mãe não está muito bem neste momento e precisamos de a visitar.

— Como assim, a mãe não está bem? — O Minho, com apenas sete anos, não sabia qual era a gravidade da situação nem o conceito de hospital. Só sabia que as pessoas iam ao hospital quando se magoavam, por isso pensava que a mãe estava lá porque tinha um pequeno arranhão na perna ou assim.

O pai não respondeu e chegaram ao hospital. Minho e o pai entraram no hospital e foram para o quarto onde a mãe estava internada. Quando entraram, ele esperava ver o sorriso da mãe e ouvi-la dizer-lhe olá, mas em vez disso foi recebido pela mãe deitada na cama do hospital com fios ligados a ela. Ele não a conseguia reconhecer, a cabeça dela estava embrulhada num pano branco e tinha nódoas negras e cortes por toda a cara e corpo. As suas pernas e braços estavam cobertos de gesso. Minho viu os seus avós a chorar nas cadeiras do hospital.

O rapazinho desfez-se e começou a chorar, estava assustado. Não sabia quem era aquela pessoa deitada naquela cama de hospital, não conseguia reconhecer a cara dela devido às nódoas negras, não podia ser a mãe dele.

— O que é que lhe aconteceu? — Chorou em voz alta.

— Minho, ouve-me — o pai agarrou-lhe nos ombros. — A mãe teve um acidente de viação e os médicos não sabem se ela vai... — O pai não conseguiu acabar a frase porque as lágrimas também lhe caíram nos olhos.

Minho começou a chorar ainda mais. Ele não era uma criança burra, sabia o que aquilo significava para o bem da mãe. Deve ter chorado até adormecer, porque a próxima coisa de que se lembra é de ter acordado com uma comoção. O pai chamava os médicos e os avós estavam ao lado da mãe, chorando histericamente, gritando por ajuda. Olhou para o monitor de onde vinha o sinal sonoro e viu uma linha verde direita no ecrã. Ele não sabia o que isso significava ou o que acontecia. Os médicos correram e tentaram auxiliar a mãe, mas não podiam fazer nada, era demasiado tarde. Chamaram a hora da morte e isso era algo que Minho nunca esqueceria. 12:33.

O Minho só se apercebeu que a mãe partira no funeral. Até ver a mãe deitada sem vida no caixão. Até colocarem o caixão no buraco que tinha muitos metros de profundidade. Não chorou no funeral, mas quando o pai o levou para casa depois, chorou toda a noite e acabou por adormecer de cansaço.

Cicatrizes - Minsung [Tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora