Prólogo

4.4K 394 261
                                    

Uma vez que saiu do seu esconderijo, o rapaz caiu de joelhos sentindo as lágrimas grossas escorrerem por toda a sua face de tez macia. 

— Não... — sussurrou em incredulidade. O rapaz, logo, agarrou a mão dela sentindo a frieza incomum do corpo. — NÃO, NÃO!!! 

Gritando em plenos pulmões, o rapaz permitiu-se gritar melancólicamente sentindo a secreção nasal escorrer junto às lágrimas abundantes no seu semblante injucundo. 

Era tudo o que podia gritar. 

Somente aquela palavra. 

A mente traumatizada não conseguia interpretar o que estava a acontecer no momento. 

Ele olhou para o que estava na sua frente. 

Os seus pais, com expressões medrosas e impotentes mortos no chão... Afogados no próprio sangue. 

Ele não conseguia acreditar. 

Teria que ser um sonho. 

Não... 

Um pesadelo. 

Como é que as circunstâncias tornaram-se horripilantes? Cruéis? Há uma hora atrás, estava feliz. A endorfina é o principal hormônio da felicidade e bem-estar. Ela é produzida pela hipófise, uma glândula localizada na parte inferior do cérebro, que liberta a endorfina produzida para todo o corpo por meio do sangue. Ele sentia-se, de certa forma, amado, sem sequer imaginar o que aconteceria na hora seguinte. Jamais cogitou experenciar e presenciar uma cena terrível, cheia de amargura...

Aquela não era a vida real, pensou. 

Queria morrer. 

Queria morrer em vez das pessoas que amava. Ou pelo menos, morrer com eles. 

Como iria continuar com a sua vida?

Tudo virou um borrão quando ele ouviu as sirenes da polícia.

Ele sentiu a vibração da porta abrindo-se e os passos dos agentes da polícia a entrar pela casa modesta.

Ele sentiu braços musculosos puxando-o para longe dos seus pais.

Ele viu uma figura ajoelhar-se perante si, bloqueando a sua visão.

Sentiu braços agarrarem os seus ombros e sacudi-lo lentamente.

Ouviu vozes a gritarem para ele, mas a sua mente não conseguia traduzir em palavras.

Ele não conseguia se mover.

A sua mente estava em branco e ele não conseguia pensar corretamente.

Não conseguia falar, mesmo que tentasse.

O seu foco estava apenas nos seus pais, agora, falecidos.

Mas, por alguma razão, ele ouviu claramente o que os paramédicos disseram à polícia enquanto tal imagem ressoava na sua mente.

— Ambos estão mortos.

O próximo procedimento que ele conhecia. Os paramédicos iriam fechar o saco preto que continha os corpos falecidos dos seus pais, e foi quando ele finalmente aceitou o facto de que este não era um sonho traumatizante.

Foi a cruel realidade do mundo e da vida que ele está a viver.

Por que ele?

O que fez para merecer tal coisa?

Por que alguém iria querer fazer isto com ele e a sua família?

Por que simplesmente não o mataram também?

Por que eles lhe deixariam viver sabendo que os seus pais foram assassinados diante dos seus olhos?

Isso foi a obra de um demônio; de um assassino sem escrúpulos. 

Todos esses pensamentos rondaram a sua mente enquanto ele era levado para a delegacia.

Foi quando decidiu que viveria neste mundo por um único motivo.

Para se vingar da pessoa que matou os seus pais sem pudor. 



◤━━━━━ ☆. ∆ .☆ ━━━━━◥

Injucundo: que expressa tristeza

Cicatrizes - Minsung [Tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora