𝐝𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤, ᴄʜᴏsᴏ

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟗

━━━━━• POV [nome] •━━━━━

- Como você tem se sentido ultimamente, [nome]? - A doutora questiona como sempre ao iniciar seus cuidados. Ajusto minha postura na poltrona, elevando a perna acima da base enquanto envolvo o joelho com os braços. As paredes exibem um tom suave de bege, uma escolha consciente para criar um ambiente sereno, conforme aprendi na faculdade, evitando cores vibrantes que poderiam distrair o paciente. A sala é notavelmente arejada, possivelmente a mais arejada de toda a universidade. Volto minha atenção para a doutora, ciente de que não convém demorar muito para responder

- Ótima - Ergo os ombros e sorrio, enquanto sinto a ansiedade fervilhar dentro de mim cada vez que ela registra algo em seu característico caderno. Apesar de tudo, estou bem, exceto pelo episódio algumas semanas atrás em que acidentalmente quebrei frascos de perfume da Chanel e Dior, além de quase acertar o nariz do meu irmão se perto. Sem dúvida, estou em uma situação melhor agora

- Como anda sua família? - Ela sorri na minha direção, uma constância assustadora. Imagino que Choso deve detestá-la, enquanto outros a rotulam como excessivamente simpática

- Megumi vai receber os resultados da universidade em breve, está realmente animado. Toji passou mais tempo em casa dessa vez, um recorde de quatro dias - Dou risada, mas ela não vê graça. Talvez Choso tenha razão, preciso parar de sorrir com situações complicadas como essa. Ela volta a escrever - Olha, não pode apenas anotar mentalmente e depois passar para o caderno?

- Isso te incomoda? Se for necessário, possa explicá-la novamente o objetivo de...

- Não, esquece. Só que isso nunca vai deixar de ser estressante para mim. É a mesma sensação de quando alguém está falando mal sobre você para a amiga ao lado, achando que ninguém vai perceber - Aquilo cria uma risadinha, me fazendo estremecer pela falta de paciência. Estou indo mal aqui, deveria tentar consertar e mostrar o quanto evolui desde a última consulta - Ah, e eu tive um encontro

- Encontro? - Levanta as sobrancelhas surpresa - Isso é incrível

- Bem, não foi exatamente um encontro, mas não consigo nomear isso de outra maneira - Não posso contar a ela o motivo de estar fazendo tudo isso, meu combinado idiota com Choso. O motivo? Não quero entregar toda a história a ela facilmente - Nós fomos até aquela paróquia antiga, perto da velha lanchonete, onde servem comida americana

- Nunca disse que era religiosa

- Teria dito se fosse, mas não sou. Ele gosta de ir até lá, simplesmente por gostar, entende? Achei estranho no início, mas foi uma experiência indescritível. É tudo muito... sereno? Não sei realmente como descrever a sensação - Esfrego a nuca tentando ignorar a sensação borbulhante no estômago. Você sabe como isso funciona, [nome], apenas o aumento da atividade do nervo vago, que influencia o sistema digestivo - Eu acho que, se fosse outra pessoa ao meu lado, não surtiria o mesmo efeito, sabe? Com ele, as coisas parecem mais... verdadeiras? Não sei, isso me deixa realmente confusa