━━━━━• POV CHOSO •━━━━━
Algumas semanas haviam se passado desde que entramos em novembro. Também fazia algumas semanas desde que a carta foi recebida por e-mail. Começava com as saudações "Caro Choso", eles diziam. Em seguida, vinha uma sequência de elogios destinados às minhas obras, falavam estarem fascinados e curiosos por trás das cores, formas e tantos outros aspectos. Por fim, o convite, convite para a realização do intercâmbio por meio da professora da minha universidade, a mesma que pediu a exposição da obra no museu da cidade. Também faziam algumas semanas que estava escondendo algo de [nome] Fushiguro.
É como se tudo estivesse se encaminhando de um modo positivo. Eu não vou me preocupar com a bolsa da universidade por um tempo, até o fim do intercâmbio. Eu vou conhecer gente nova. Eu vou poder ter mais acesso e reconhecimento no mundo da arte... Poderia arrumar um bom trabalho de meio turno e ajudar meu irmão no necessário. Contudo, a última coisa que conseguia sentir era orgulho de si mesmo. Eu não mereço absolutamente nada disso, pensava repetidas vezes.
Entretanto, eu iria ficar longe deles por um ano inteiro. Não iria poder ajudar meu irmão em situações da universidade, ou quando estivesse perdido e precisando de algo imediato. Não iria poder ficar ao lado de [nome], segurar sua mão, ou ter seu acolhimento em meio ao caos. Teria que ficar longe de tudo. Teria que me adaptar a tudo novo. Alunos, matérias, culturas, línguas e tantas outras questões que me pareciam um furacão. Universidade de Princeton, Nova Jersey, EUA. Aproximadamente 17 horas de voo. Mais de 10900 km longe deles.
Ela estaria orgulhosa? Eu penso na minha mãe, mas ela não está aqui para me acalmar. Não estou orgulhoso, volto a repetir. Nunca busquei reconhecimento, entretanto, as coisas estão se direcionando para mim. Durante a semana, conversei com a professora culpada por tudo isso, descobri ser uma ex-aluna de Princeton, e como esperado, não deixou de incentivar a ideia. Vai ter todas as despesas pagas, só precisa se preocupar com sua comida, ela tentava animar. Posso jurar que algo formigou, tomado por sua animação durante um dia inteiro, mas logo senti culpa em pensar na ideia de deixá-los.
Estava frio aquele dia, deixando a respiração visível no ar. Caminhava bem agasalhado, gostando do clima mais do que tudo. Quando perto da entrada do cemitério, avisto Toji de longe, fazendo meus passos travarem por alguns segundos. Não posso voltar para casa, então continuo até ele sem dizer absolutamente nada. Apoio as costas no carro de [nome], com os olhos voltados para o mesmo ponto de visão de Toji Fushiguro.
- Por que você está aqui? - A voz dele era baixa, como se não estivesse realmente no mesmo mundo que eu
- Porque eu nunca vou deixá-la - Eu não estava brincando, mas fiz Toji rir sem som, me atingindo como uma facada
- Besteira - Meus dentes se forçam, sentindo uma raiva terrível, por si próprio. Seus braços estavam cruzados em frente ao peito, enquanto assistia os filhos à distância arrumando o túmulo da mãe - Vai se formar também?
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𝐝𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤, ᴄʜᴏsᴏ
Fanfiction━━━ • 𝐷𝐴𝑁𝐶𝐸 𝐼𝑁• ━━━━━━━━━━ "𝐍𝐮𝐦 𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐨𝐧𝐝𝐞 𝐚𝐬 𝐦𝐚́𝐬𝐜𝐚𝐫𝐚𝐬 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐧𝐝𝐞𝐦 𝐜𝐢𝐜𝐚𝐭𝐫𝐢𝐳𝐞𝐬 𝐢𝐧𝐯𝐢𝐬𝐢́𝐯𝐞𝐢𝐬, 𝐮𝐦𝐚 𝐚𝐥𝐦𝐚 𝐚𝐭𝐨𝐫𝐦𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐚, 𝐜𝐫𝐮𝐳𝐚 𝐨 𝐜𝐚𝐦𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝐂𝐡𝐨𝐬𝐨, 𝐜𝐮𝐣𝐨 𝐜𝐨𝐫𝐚...