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Bebel

Quarta feira 14/02

Meu carnaval já não começou de um jeito bom, os cu azul subiram no morro e mataram gente pra caralho, tanto bandido, tanto moradores inocentes, um deles foi um menozin que era mó conhecido aqui no morro. O caio tinha apenas dez anos de idade e todo mundo conhecia ele, infelizmente foi vítima de bala perdida.

A operação começou no dia trinta e um de janeiro e acabou no dia dez, foram dez dias sem paz, dez dias sem dormir direito, trocando tiro pra caralho e um nesses dias eu caí da laje e fudi minhas costas inteira. Graças a Deus, agora tá tudo suave, o morro tá normal, na verdade nem tanto, tá todo mundo de luto pelas vítimas.

Foram quatro moradores mortos, três deles era homens negros que estavam voltando do trabalho e infelizmente foram mortos por fardados. Eles alegaram no jornal que se confundiram e quando se deram conta já era tarde, mas isso não vai fazer nenhum deles voltarem.

Fui pegar no meu celular ontem a noite, depois que eu busquei o Filipe que estava em uma casa em Búzios, depois buscamos a Luana e o Apollo na casa da pista do Daniel. Mó bonitinho o reencontro deles, mas eu tava cansado e só queria dormir, sério mesmo.

Vi que a Ana mandou várias mensagens, mas não respondi nenhuma ainda, eu só quero dormir e não consigo direito por conta das minhas costas. Tô ligado que amanhã é o aniversário da bebelzinha e já comprei um presente pra ela, bagulho é simples, mas é de coração.

Ontem a noite eu vim dormir na casa da Sthefany, tenho um pequeno receio de dormir em casa sozinho depois disso tudo que aconteceu, ela aproveitou e passou uns bagulho nas minhas costas, diz ela que o machucado tá feio pra caralho. Acordei hoje era uma hora da tarde, só acordei porque ouvi o meu celular tocar, fiquei mó cota olhando pro nada, pensando na vida, nos dez dias de operação que eu fiquei trocando tiro.

Sofia: Deixa eu vê seu dodói? - nego com a cabeça encarando ela que me dá língua e sai correndo do quarto. Passo a mão no rosto e levando sentindo minha pressão cair.

- Pressão filha da puta - levanto devagar e vou até a cozinha me apoiando nas coisas, sento na cadeira sem encostar as costas no estofado e olho pra Sthefany que fazia comida - Tô morto.

Sthefany: Hoje você não falou dormindo, ficou a madrugada inteira dormindo tranquilo - confirmo com a cabeça olhando para ela que coloca um copo de suco na minha frente - Uma tal de Ana te ligou, manda mensagem pra ela.

- Depois eu mando, tô sem cabeça pra isso agora, tenho que ir pra boca daqui a pouco - passo a mão no rosto e dou um gole no suco que era de maracujá - Tu quem fez? Tá gostosão.

Sthefany: Sim, fiz pra ver se acalma essa garota e não deu certo - faz biquinho apoiando o rosto na mão e eu sorrio de lado mordendo o pão francês - Ela já quis te acordar umas dez vezes, eu que não deixei.

- Obrigado por isso, se não eu ia mandar ela rala na base do grito - a Sthe faz careta me imitando e eu nego com a cabeça comendo - Os cachorros tão aqui?

Sthefany: Sim, lá no quintal, a Sofia já fez o Marrone de cavalinho - encaro ela com tédio vendo a mesma ri e confirma com a cabeça- Ele quase mordeu a mão dela.

- Bem feito, é pra ela parar de fazer merda. Uma mordida daquele cachorro, ela morre rapidinho - nego com a cabeça vendo ela da ombros secando as mãos.

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