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Ana Clara

Quarta feira 10/01


Depois daquele dia com a Bebel, nós continuamos conversando pelo celular e também fomos à cachoeira juntos. Foi bem divertido, a gente se beijou lá e ficamos envolvidos, mas não rolou mais do que isso. A todo momento, ele me perguntava se podia fazer tal coisa e não ultrapassou os limites. Às vezes, eu queria que ele passasse, mas não aconteceu.

Ainda nós falamos sempre, ele manda mensagem, eu mando mensagem, e estamos nos conhecendo melhor. Eu acho ele uma pessoa ótima, beija bem, tem uma pegada legal, sabe conversar, sabe ouvir e tem opiniões parecidas com as minhas. Além disso, conhece ótimos lugares para passar o tempo.

Às vezes, eu até esqueço a vida que ele leva, porque quando ele está comigo, vejo outra pessoa, não o "bandido" que ele é dentro da favela. Claro que não vou romantizar, imagino as coisas horríveis que ele faz lá dentro, mas só estou contando as coisas que ele faz COMIGO.

Hoje está sendo um dia tranquilo, fui para a academia cedo, depois fui ao dentista, vi algumas coisas para começar a fazer a autoescola, cuidei de algumas coisas da loja aqui de casa e agora estou tomando café da tarde com meu pai.

Ele disse que queria conversar um pouco sobre esse rapaz com quem estou saindo, e estou confortável em contar. Não vejo problema algum em compartilhar essas coisinhas com ele.

Augusto: Ele é de onde? Da sua escola? - ergue uma sobrancelha, e eu nego, mastigando meu croissant de queijo e algumas coisinhas.

- Ele mora lá no PPG, no Canta Galo para ser mais exata. Conheci ele através da Luana, aquela minha amiga, lembra? - ele confirma com a cabeça, parecendo pensar - Ele é padrinho do filho dela e amigo de infância também.

Augusto: Entendi, um rapaz trabalhador, mora na comunidade - parece contar, e eu apenas confirmo com a cabeça olhando para ele - Vocês transaram?

- Pai! - repreendi ele e olhei para os lados, vendo algumas pessoas nos olharem. Nego com a cabeça e passo a mão no rosto ouvindo a risada dele - Que feio.

Augusto: Transaram ou não? - ergue a sobrancelha e nego com a cabeça, vendo ele me olhar desconfiado. Sorrio mostrando os dentes - Eu me preocupo, Aninha.

- Não, não fizemos exatamente nada, só uns beijos - digo a verdade e ele me olha semicerrando os olhos confirmando com a cabeça - Não passamos disso.

Augusto: Ele tentou alguma coisa? - nego fazendo biquinho e meu pai nega com a cabeça fazendo careta - Você sabe que pode me falar a verdade, não vou te julgar em nada, Aninha.

- Sério mesmo, ele foi todo respeitoso, não ultrapassou os limites nenhuma vez, sempre me perguntava se poderia me beijar e coisas do tipo.

Augusto: Espero conhecer esse rapaz que está mexendo com o coração da minha filha - encaro ele com certo deboche, vendo o mesmo me ignorar - Sua mãe vai ficar louca quando souber, mas eu não estou nem aí, você tem totalmente o direito de ser feliz.

- Eu nunca entendi muito esse jeito protetor dela, sabe? Hoje em dia eu ignoro totalmente, mas sei lá, isso começou quando eu era apenas uma criança - faço biquinho olhando o croissant no meu prato.

Augusto: Eu sei que é difícil, meu amor - suspiro bebendo meu café gelado, que estava horrível. Eu nem gosto de café, não sei porquê pedi essa coisa - Fala mais sobre o rapaz, como ele é e coisas do tipo.

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