Bebel
Sexta feira 08/03
Hoje eu vou pegar aquele baile na postura né, malora legal com a aninha. Tô organizando o baile pra sair tudo certinho, espero que não tenha confusão, quero curtir na paz de Deus com a aninha do lado. Tava pensando aqui que faz uns quatro meses que a gente se conhece e já temos uma confiança enorme um no outro.
Eu gosto muito dela, ta ligado? Vejo que é recíproco, mas as vezes eu acho que tô acelerando muito as coisas, por isso sempre deixo ela tomar as iniciativas. Hoje eu acordei era nove horas e a Ana clara não tava em casa, até estranhei, mas depois pensei que ela poderia está na casa do pai né.
Fiz meus bagulho normal e fui pra rua, tava precisando pegar o dinheiro do aluguel das casas. Desço da moto ajeitando meu short e ajeito o fuzil na bandoleira colocando ele nas minhas costas, atravesso a rua vendo umas crianças brincando bem ali.
Carvão:qual foi, Bebel - encaro a criança que deve ter uns até anos e é metido a bandido, encaro ele que sorri mostrando a janelinha nos dentes- me dá dois reais aí?
- Ta duro?- ele confirma com a cabeça fazendo cara de sofrido e eu ergo a sobrancelha mesmo sabendo que ele não ta conseguindo ver - parou de catar latinha?
A mãe dele é meio porra louca, já apanhou muito na favela por deixar o menino jogado, por querer vender ele pra comprar drogas e o caralho a quatro. Mas ele é um meno bom, ele é branquinho e loiro, só tem o apelido de carvão porque sempre ta sujo
Carvão: Meu tio terror não deixa mais, ele falou que não quer lá pelos lados do pavão - revira os olhos me fazendo rir, encaro a criança que nega com a cabeça-
- tu andou isso tudo?- ele confirma com a cabeça todo convencido - porra, muita luta. Gosto de ir até lá nem de moto, imagina canelando
Carvão: Oque uma pessoa não faz pra sobreviver né - confirmo com a cabeça parando de rir e ele da ombros coçando a cabeça - ta fazendo oque aqui?
- vim cobrar o aluguel, quer ir comigo? Depois eu pago um lanche pra tu - ele confirma com a cabeça e eu abaixo a mão vendo ele fazer o toque comigo- calça teu chinelo primeiro
Carvão: ih eu tô sem chinelo faz duas semanas - coça a cabeça enquanto me olhava querendo chorar- mas não tem problema não, eu fico aqui e tu compra meu lanche
- Bora ali no mercado comprar teu chinelo, aí tu aproveita e compra uns biscoitos- ele faz joinha com a mão e vem andando do meu lado-
Eu acho muito triste a situação que ele vive, papo reto,mas não tem como eu adotar uma criança, dois motivos: eu sou bandido, sou fichado, não tem como entrar com o processo de adoção e o outro é que eu não tenho tempo e também na quero me prender nessa responsabilidade agora.
Ele só não vive em condições piores por conta da avó dele, porque se a velha não existisse, ele nem estaria vivo pra contar história. A velha cria ele e mais duas meninas, elas são gêmeas e tem cinco anos, são irmãs do carvão. Elas já não gostam de ficar na rua e também nunca cataram latinha.
Desci com ele pro mercado mais próximo e compro os bagulho dele, fora o chinelo, eu comprei uns bagulho de higiene também, depois vou dá uma meta pra avó dele fazer uma compra foda. Deixamos os bagulho dele em casa e eu fui cobrar o aluguel, levei o dinheiro pra boca e contei ele todinho, depois mandei pro fogueteiro e subi pra pracinha.

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Intensidade
Fanfiction"𝘌𝘮 𝘶𝘮 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘰 𝘪𝘯𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢𝘥𝘰, 𝘶𝘮 𝘤𝘢𝘴𝘢𝘭 𝘲𝘶𝘦 𝘮𝘦𝘳𝘨𝘶𝘭𝘩𝘢𝘮 𝘦𝘮 𝘶𝘮 𝘢𝘮𝘰𝘳 𝘢𝘳𝘥𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘦 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘯𝘴𝘰, 𝘦𝘯𝘧𝘳𝘦𝘯𝘵𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘫𝘶𝘯𝘵𝘰𝘴 𝘢𝘴 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘦𝘴𝘵𝘢𝘥𝘦𝘴 𝘥𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢. 𝘌𝘯𝘵𝘳𝘦 𝘳𝘪𝘴𝘰𝘴, 𝘭...