Sem Arrependimentos: Parte 4

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Nosso beijo se cessou quando comecei a escutar vozes vindo da clareira, a voz de Isabel era a que mais chamava atenção, a ruiva falava tão alto que antes mesmo da porta ser aberta, já conseguia ouvir a voz dela dizendo "Vocês viram o mano Levi?". Deus, naquele momento eu odiava tanto Isabel Magnolia. Levi desceu as escadas na minha frente e quando firmou os pés no chão, ele estendeu uma mão para me ajudar a descer, da qual eu quase instintivamente aceitei. Eu tentei conter um sorriso, mas meu coração bateu tão rápido naquele momento que mal consegui me equilibrar no chão.

- Mano Levi! - Isabel gritou correndo em nossa direção e na mesma hora minha mão soltou a de Levi - Vocês estavam lá em cima, por que não me chamaram? Quero ver a vista lá de cima!

- Eu só fui tirar o Levi lá de cima - disse antes que qualquer suposição fosse feita pela cabeça de Isabel, passei por ela parando ao lado de Nao e colocando um braço em seu ombro - O Nao ta louco pra levar você lá em cima, não é maninho?

- O que? - as bochechas de Nao ficaram com 50 tons diferentes de vermelho enquanto Arata gargalhava atrás de nós.

- Suki, você me ajuda a pegar as palhas secas no celeiro? - Arata puxou de leve minha camisa, segurando uma risada.

Olhei para Arata com uma sobrancelha erguida, ele deveria ter pego as palhas antes, elas devem ficar em baixo dos tocos maiores. Mas no fim, dei de ombros e o segui até o curral. Assim que entramos no local, Arata ascendeu um cigarro, andou até o final do curral escuro e se apoiou em um caixote. Andei até onde ele estava erguendo as duas mãos como se perguntasse o que ele estava fazendo, mas Arata apenas me respondeu com uma risada. Lentamente, ele colocou o cigarro na boca e apoiou as duas mãos nos meus ombros, fazendo meu corpo girar e eu ficar de frente para a porta do celeiro. Revirei os olhos sem entender o que Arata queria com aquilo.

- O que... - ele levantou meu queixo antes que eu pudesse terminar a frase, e eu vi.

Através da pequena janela que fica no alto do celeiro, daquele exato lugar, era possível enxergar o topo da torre com perfeição. Levei uma mão á testa quando entendi o que Arata tentava me dizer.

- Se você contar sobre isso para alguém... - disse com minhas bochechas ardendo vermelho.

- Minha boca é um túmulo, maninha - Arata me deu um tapinha em um dos ombros.

Reviro os olhos mais uma vez. Não havia nenhum grande problema em meus irmãos saberem sobre aquilo, mas eu os conheço muito bem, e conheço cada uma das piadinha que fariam sobre isso. Tratava-se mais de evitar a fadiga do que qualquer coisa, afinal, foi só um beijo, nada demais.

- Suki? - Arata virou para mim antes de sair do curral - Só não deixa o Mike saber disso. Ou o Flagon. Ou qualquer cara que vai querer fazer a vida deles um inferno por causa disso.

- Você fala como se aquele meu lugar fosse de ouro, não exagera Arata - comecei a caminhar para fora do curral junto de Arata.

- Olha, pelos barulhos que o Mike fazia, é de ouro sim.

Minhas bochechas queimaram de vergonha, se eu pudesse, me esconderia numa toca naquele momento e não sairia mais.

- Onde estão as palhas? - Furlan surgiu ao meu lado, me fazendo dar um pulo pelo susto.

- Credo, carrega um sino com você - ignorei totalmente a pergunta dele e caminhei em direção a fogueira.

Sentia uma onda de constrangimento me envolver. Como de costume, todos nós nos reunimos ao redor da fogueira. Meus pais ocupavam um banco duplo, projetado com apoio para as costas e os braços. Ao lado de minha mãe, no chão, Isabel se acomodava ao meu lado. Nas ocasiões em que nos reuníamos ao redor da fogueira, eu sempre optava por sentar no chão, principalmente porque, quando começávamos a beber, eu não corria o risco de ser a primeira a cair. Seguindo a curva do círculo da fogueira, ao meu lado, Furlan e Nao se acomodavam em um pedaço de madeira. Como mencionei anteriormente, os dois se deram muito bem, compartilhando semelhanças notáveis em suas personalidades. Ambos tinham um apreço mútuo por música e esportes, e era gratificante ver meu irmão estabelecendo uma amizade tão sólida. Nao, apesar de ser sociável e simpático, geralmente se mantinha reservado em relação a pessoas de fora do nosso círculo. Ele não fazia amizades com facilidade, o que tornava a conexão com Furlan ainda mais especial.

Attack on Titan: AkiraOnde histórias criam vida. Descubra agora