- Capítulo 5 - Suspeito -

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Depois daquela experiência na cozinha eu não conseguia pensar em como seria o tal Olivier, mordomos sempre são os culpados em todos os livros, mas isso é clichê demais não é? Você sabe do que estou falando. Subi até o terceiro andar e vi uma sala com uma placa com a nomenclatura "Escritório", a porta estava entreaberta e de lá ouvi algo, me aproximei devagar na ponta dos pés, e passei rápido para a parede que me dava visão do cômodo. Peguei aquela cobertura e levei um pouco do rosto para a fresta observando o que me chamava atenção lá dentro, até que vi o Olivier e aconteceu essa cena.

Início da conversa: 12:00

— FINALMENTE HAHAHA! EU CONSEGUI! EU FIZ! ELA NÃO ESTÁ MAIS NO MEU CAMINHO! MEU PLANO FUNCIONOU!

Ele parecia animado demais com alguma coisa, e algumas de suas palavras me alertaram, "Ela", "Plano", "Consegui", "Não está no meu caminho" era muito suspeito eu diria. O Olivier era alguém mais alto que os outros serviçais e eu, ele devia ter uns 1,80, e vestia aqueles clássicos ternos de mordomo na coloração preta, ele detinha um colete cinza de coloração bastante escura, já o penteado dele se baseava em jogar muito gel em todo seu longo cabelo e jogar ele todo para trás, olhos castanhos quase vermelhos.

— DEU TUDO CERTO, DEPOIS DE TANTO TEMPO PLANEJANDO ISSO, PARECE UM SONHO QUE VIROU REALIDADE!!! — o mordomo andava de um lado para o outro repetindo isto.

Achei que aquela era a hora de agir, mas não iria entrar chutando a porta e gritando que eu era da polícia, penso que isso poderia ser pior, não queria ser o centro das atenções, então fiz o que achei justificável. Caminhei para o lado da porta que ainda estava fechado, arrumei a postura e dei duas batidas nela, pude ouvir o Olivier ficar quieto e vários barulhos dele arrumando a mesa, uma pequena tosse e ele soltou um. — Vamos, pode entrar.

Eu entrei o olhando e observando o escritório, parecia bem organizado realmente, mas focando de volta no Olivier eu puxei meu distintivo e o apresentei.

— Lennon, detetive responsável pela garota que morreu aqui, quero fazer algumas perguntas.

— Oh é claro, sente-se por favor Mr.Lennon, fique à vontade para me fazer as perguntas, é realmente uma pena o que aconteceu com ela...

Eu assenti com a cabeça e me dirigi até a cadeira que ficava de frente para a mesa dali, sentei e o encarei enquanto puxava meu caderno.

— Então Olivier, você conhecia a vítima?

— Não senhor, não conheço ninguém com tal fisionomia, e ela não tem rosto também.

— Sei bem disso, obrigado por me lembrar, você trabalha como mordomo aqui a quanto tempo?

— Estou aqui na casa dos Rooseboom já tem um ano, mas já fui mordomo de várias famílias antes.

— Gostaria de saber algo, de acordo com as gêmeas você é o primeiro a chegar na mansão, mas não foi você quem achou o corpo, pode me dar o motivo disso?

— Ah bem, isso se dá ao fato do corpo estar no salão do lado Oeste, eu só fico por aqui, no lado Leste, só vou para lá quando sou solicitado, então, as gêmeas que arrumam todo o castelo acharam o corpo.

— Ah sim entendo, faz bastante sentido pra mim.

— Que ótimo. Tem mais perguntas?

Respirei fundo e estava pronto para usar minha cartada final. — Mais uma, em quantas casas que você trabalhou alguém da família morreu?

— O-OQUE?! Q-QUE P-PORRA DE PERGUNTA É ESSA?! — ele gaguejava e parecia suar frio, a minha tática de usar o elemento surpresa funcionava em 80% das vezes, 10% eles fugiam, e os outros 10% eles puxavam uma arma contra minha cabeça.

— Senhor Olivier? Não entendi porque tamanha exaltação. — sorri o olhando, enquanto o via engolindo em seco ajeitando sua gravata.

— Só fiquei surpreso com a pergunta... até porque ninguém das famílias com quem trabalhei morreram. E também você disse isso como se a vítima fizesse parte da família dos Rooseboom o que não faz sentido né — ele riu com a própria fala esperando que eu o acompanhasse, eu apenas sorri de canto.

— Como tem tanta certeza? Que ela não fazia parte da família?

— O que? Porque eu trabalho aqui ora, eu sei que a família Rooseboom é formada por um casal e dois filhos, eles não têm uma filha.

— Hmmm entendo, você realmente tem mais propriedade que eu para falar disso.

— C-claro que tenho, sou o mordomo deles, preciso conhecer eles bem.

— Se os conhece bem me ajude aqui, me diga Olivier, onde os Rooseboom estão ficando enquanto o castelo está sob investigação?

— Ahm? Bem... estão numa casa de campo que eles têm, é um pouco afastada da cidade, mas contanto que siga pelo noroeste da prefeitura e vire a direita na primeira avenida você vai chegar lá.

— Bom, era isso que eu precisava, obrigado pelo seu tempo Olivier, vou solucionar o caso o quanto antes para que vocês possam voltar a viver nos conformes. — guardei meu caderno no bolso do sobretudo o olhando.

— Ah claro que sim, espero mesmo, fico agradecido que esteja trabalhando duro para solucionar isso logo. — ele mostrou um sorriso genuíno após sua fala.

— Vou fazer isso ser o mais rápido possível, não se preocupe. — falei me levantando e indo até a porta.

— Mais uma coisa, quanto estiver jogando não deixe sua porta aberta assim, as pessoas podem ouvir você gritar assim e suspeitarem de você. — parei na porta conseguindo ver o branquelo do Olivier ficar vermelho com o que eu disse, ele achou mesmo que tinha conseguido esconder aquilo? Ah por favor, eu sou um detetive nato.

— C-como você??? — o homem de olhos vermelhos me olhou incrédulo com o queixo no chão.

— Você não desligou seu 3DS e ele está brilhando no bolso do paletó, reconheci pelo som do jogo que você estava jogando, pra ter ficado tão animado e gritando que "Ela não está no meu caminho" claramente você derrotou algum boss ou algo do gênero. — Não foi lá muito difícil.

— .... Você realmente é um ótimo detetive. — admitiu com bastante vergonha passando a mão na nuca com um sorriso bobo.

— É, eu sei que sou, me ligue caso precise. — respondi saindo dali.

Fim da conversa: 12:20

Do lado de fora acendi um cigarro no caminho até meu carro e entrei nele. Rumei o destino para o lugar que fui indicado pelo Olivier, e comecei a dirigir para lá ao som de Rock Like a Hurricane - Scorpions no rádio.

Uma viagem longa, mas eu ainda tinha um maço inteiro no porta-luvas e muita música boa no rádio, então isso não seria um problema.

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