- Capítulo 15 - Deus. -

11 1 4
                                    

Um espaço em branco, a imensidão do vazio, algo sem vida e sem cor, totalmente desprovido de presenças. Tal lugar que qualquer ser que se diga consciente enlouqueceria naquele recinto, e é lá que nossa protagonista se encontra. Kyara flutuava por lá, acordando de repente e olhando em volta.

— AAAAA MATTEO FILHO DA PUTA!
Onde é isso? Onde eu tô? EU MORRI?!

Ela gritava e se esperneava com ódio, parando por um tempo e olhando pro lado, onde o seu braço estava faltando.

— O MEU BRAÇO! VANDER DESGRAÇADO!

Mais uma vez a delegada se remexia e gritava mais vezes.

— Espera... Não tá doendo mesmo que eu esteja sem...

Uma tosse de fundo assustou Kyara e fez ela se virar na direção que o ruído havia vindo. — Bem vinda ao pós-vida, humana.

Kyara se virou e fechou sua face voltando ao habitual, com ela tentando acertar um soco na direção da voz, mas ela errou.

— Oooouuuu vai com calminha aí! Não é assim que funciona por aqui!

— Pós vida? Isso não existe, não acredito nessas coisas, os Succhiares são a única coisa paranormal que eu deixo passar.

Ela observava o ser a sua frente, alguém bastante andrógeno, ele tinha cabelos rosa algodão-doce, já seus olhos eram pretos com pupilas laranjas, chifres como de um demônio e uma cauda com um coração na ponta, ambos roxos, alguns piercings dourados, seu tom de pele era claro mas tinha partes avermelhadas pelo corpo e usava uma blusa decotada branca com uma saia preta, mas estranhamente ele estava descalço, o mesmo detinha um sorriso e fazia umas caretas mostrando sua língua que era repartida no final.

— Meu nome é Ikkarus, e eu sou o Aspecto da loucura... ou era....

— É o quê?! O que diabos é isso? O que diabos é você? Um demônio?

— Demônios não existem bobinha, mas assim, eu era de outro universo e lá eu representava a loucura, agora que eu estou aqui pra vocês eu sou tipo... Deus.

Kyara não tinha chão ouvindo aquilo, literalmente já que ela estava flutuando. A mulher estava perplexa e ficou esfregando seus olhos por um tempo antes de recobrar seus sentidos.

— Você representa tipo, todos os deuses e religiões?

— Eehhh dá pra dizer que sim, mas não me atenho a esse termo acho ele ruim.

Ele melhorava sua postura e se deitava no ar olhando a delegada.

— Então, por que eu estou aqui?

— Eu não faço ideia! — Ikkarus sorriu dando uma gargalhada.

— Você é o primeiro mortal que vem aqui sem que eu o traga, isso é... como é a palavra... ESTONTEANTE!

Kyara deu um tapa no próprio rosto, de Deus ele não tinha coisa nenhuma, parecia mais uma criança.

— Então você pode me mandar de volta pra terra? Ou seja lá onde eu tava, eu não sei de mais nada...

— PEEEH — A cabeça dele se tornou uma buzina por uns instante e voltou ao normal em seguida.

— Não é bem assim que rola garota, essa realidade é minha e eu criei o mundo de vocês num espirro é verdade, mas não posso sair fazendo tudo que eu quero pois temos regras a seguir.

— Pera aí, você é Deus e tem que seguir regras?

O ateísmo de Kyara era forte, mas havia ficado mais após aquele afirmação.

— Nada de Deus, Ikk ou Ikkarus apenas, e é... eu acho isso uma chatice mas ou é isso ou eu fico sem um lugar para brincar.

Ikk se esticou como se fosse feito de borracha e envolveu a mulher no próprio corpo, ela gritou como se fosse se sufocar mas do nada ela tinha surgido numa mesa escolar virada de cabeça pra baixo.

Ikkarus surgiu em sua frente vestido de professor, mas eu estava de ponta cabeça também junto com um quadro onde ele começou a desenhar.

— Então Vitale, você estava à beira da morte e veio pra cá, se fôssemos falar tecnicamente, você morreu.

Kyara se espantou e gritou.

— Maaaaaas, contudo, todavia, mia fia sobreviveu porque veio pra cá, então você tá viva.

Ela parou de gritar e deitou a cabeça confusa mas suspirou aliviada.

— Então... o que isso significa Ikk?

— Significa, se fudeu, se fudeu, o problema é seu kkkkkkkkk.

Mais uma vez ele gargalhou girando no ar, o mesmo ficou nessa por um tempo até recobrar seu ar.

— Quero dizer, se eu mexer meus pauzinhos, você pode dar respawn.

— Preciso que faça isso, eu tenho contas a acertar ainda, preciso falar com o Matteo--

— Ouououu eu tô ligada, relaxa menó, eu conheço tooooooda sua história e por isso vou te mandar de volta.

Ikkarus se virou para trás como se olhasse para alguém e você leitor se sente observado por esse louco.

— Precisamos dela lá né? A história não acabou ainda! Se prepare, o que vem a seguir é BOOM-BÁS-TICO

Kyara fez uma careta olhando o ser ali e levantou as mãos as balançando como se o chamasse. — Com quem você tá falando....?

— NINGUÉM! — O encapetado virou o pescoço em 360° e depois o resto do corpo e se aproximou da delegada.

— Bem, vou continuar te vendo daqui, mas não espere mais ajudas ou coisas do tipo, isso foi um caso à parte.

— Você pode devolver meu braço já que é tão forte?

— NÃO TÔ OUVINDO PORQUE É MUITO PODER E BLABLABLA ULULULU, VOLTA!

Ele tampou os ouvidos deixando sua cabeça sair flutuando enquanto o corpo virava matéria pura e se transformava num buraco negro que sugou a Vitale.

Ikkarus voltou ao normal assim que o buraco negro se fechou, logo se virou e estalou seus dedos fazendo aparecer uma poltrona e uma televisão em sua frente.

— Então, o que você acha que vem a seguir? Algum chute?

Ele se jogou na poltrona rindo enquanto olhava para você leitor, cada gargalhada ecoava dentro de você, que se dava conta do quão louco esse ser era.

— Já que não quer falar o seu chute eu falo o meu, eu acho que ....... vai morrer e ....... pra daí rolar um ......... e aí POW pra ............

Cada pontinho era um som alto diferente, e na frente da boca do Aspecto surgia um retângulo preto escrito "Censurado".

Sangue Escaldante Onde histórias criam vida. Descubra agora